Dupla Jorge e Mateus se pronuncia após festa com aglomeração em Brasília
A assessoria dos cantores disse que eles desconheciam a presença de lanchas no Lago Paranoá. Ministério Público investiga irregularidades
atualizado
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As imagens de aglomeração durante show da dupla Jorge e Mateus repercutiram tão mal que os cantores se sentiram na obrigação de se pronunciar sobre o episódio. Três dias depois do evento, que ocorreu no último sábado (25/7), os sertanejos divulgaram uma nota em que afirmam não concordar com os fatos ocorridos no Lago Paranoá. As cenas foram reveladas com exclusividade pelo portal Metrópoles e repercutiram nas redes sociais.
Nessa terça-feira (28/7), a apresentadora Cris Flores fez um desabafo indignado a partir das imagens. Durante a transmissão de seu programa, ela chamou as pessoas que estavam nas lanchas de egoístas.
Em nota enviada à colunista Fábia Oliveira, do jornal O Dia, a assessoria da dupla sertaneja informou que Jorge e Mateus foram contratados para apresentar o evento, que “ocorreu dentro de um complexo hoteleiro, com a plateia em seus quartos, sem acesso às áreas comuns e sem trânsito de pessoas”.
“Ressalta-se que Jorge e Mateus somente concordaram com a contratação para a realização da live após a comprovação e garantia dos organizadores de que haveria o cumprimento das normas de segurança em relação à saúde de todos e mediante apresentação de todos os documentos dos órgãos da administração pública que autorizasse a realização do evento – o que foi feito”, disse ainda.
No entanto, conforme mostrou reportagem do Metrópoles, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apura indícios de irregularidades no evento, como a falta de licenciamento para que o show ocorresse.
O Ministério Público de Contas do DF (MPC) também entrou com representação contra o evento. No documento, o procurador-geral Marcos Felipe Pinheiro Lima pede que o Tribunal de Contas do DF (TCDF) apure possíveis transgressões aos princípios da legalidade, da eficiência, da razoabilidade e do interesse público.
O MPC apurou se o evento, realizado no último sábado (25/7), tinha autorização para ocorrer e, segundo aponta, não foram encontradas autorizações da Administração Regional do Plano Piloto nem do Corpo de Bombeiros Militar.
Festa exclusiva
Os músicos declararam que a festa era exclusiva para os hóspedes do hotel, “sendo que aqueles que estavam em embarcações no Lago Paranoá não tinham qualquer tipo de acesso à apresentação da live, inclusive visual”.
“Entretanto, as imagens do lago vêm sendo veiculadas num contexto em associação à imagem da dupla Jorge e Mateus, o que leva à falsa impressão de que o show estava sendo realizado para as embarcações presentes no Lago Paranoá, o que já foi dito que não ocorreu”, emendou a assessoria.
Os representantes ainda afirmaram que “nenhum dos artistas concordam com aglomerações e também não tinham conhecimento do que estava ocorrendo neste lago”. “Por fim, lamentamos profundamente por todas as vidas perdidas para a Covid-19, inclusive as de familiares e de pessoas próximas a nós”, concluiu.
Apesar das declarações, imagens do show, que estão disponíveis no YouTube da dupla, mostram Jorge saudando o público no lago. Com 27 minutos de apresentação, ele se vira para o Lago Paranoá e cumprimenta os presentes: “Nossa, está cheio de gente aí”. Em outro momento, com cerca de meia hora de espetáculo, o artista dispara: “A gente se vê na praia, na piscina e no lago”.
Aglomeração
No último sábado (25/7), durante o show da dupla no evento Na Praia Edição Hotel, a reportagem do Metrópoles registrou aglomeração de brasilienses em lanchas, no Lago Paranoá, às margens do espetáculo, que ocorria em um hotel da cidade.
Por volta das 15h, quando teve início a programação, cerca de 40 embarcações disputavam espaço em área próxima ao palco, montado perto da piscina do hotel, que foi transformada em uma espécie de ilha.
Irregularidades
O MPDFT encontrou, durante a realização da festa Na Praia Edição Hotel, diversas irregularidades que fizeram o órgão recomendar a interdição do evento à Secretaria DF Legal. Entre os problemas, estava a falta de licenciamento para que o show ocorresse da forma que aconteceu.
A recomendação refere-se especificamente ao show de Jorge e Matheus ocorrido no sábado. No entanto, segundo a reportagem apurou, pode entrar como precedente para eventos futuros. A solicitação do MPDFT é feita ao Poder Executivo, direcionado ao órgão que cuida da área. No caso, a Secretaria DF Legal.
Conforme consta no documento assinado por procuradores de três especializações diferentes do MPDFT, foi descoberto que a Administração Regional do Plano Piloto “não recebeu solicitação de licenciamento em área pública ou privada de show ou similar denominado Na Praia Edição Hotel”. Dessa forma, não havia autorização para o show.
Outro problema que o órgão fiscalizador aponta é que o Hotel Royal Tulip, onde ocorreu o evento, não possui como atividade licenciada na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) a realização de eventos. O Registro e Licenciamento de Empresas (RLE) do local também não incluiu a execução de música ao vivo, mecanizada ou eletrônica.