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Drone e “reconhecimento facial” serão usados no Carnaval do DF

Medidas foram anunciadas em reunião com órgãos de segurança e blocos. Governo prometeu também linhas de revistas ao redor da folia

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1 de 1 quem-chupou-vai-chupar-mais - Foto: Myke Sena/Esp. para o Metrópoles

Para evitar novos episódios de violência nas festas carnavalescas do Distrito Federal, a Secretaria de Segurança usará câmeras com “reconhecimento facial” e drones para vigiar os foliões. Outra medida será antecipar a conclusão das vistorias para liberação de alvarás.

As medidas foram anunciadas nesta quinta-feira (13/02/2020), após reunião entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e blocos de Carnaval de rua, na Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança Pública e Defesa Civil (Ciosp).

Na quarta-feira (12/02/2020), foi anunciada a inauguração de um centro avançado para o Carnaval: a Cidade da Segurança Pública. Segundo o secretário da pasta, Anderson Torres, todos os órgãos envolvidos na proteção da população estarão mobilizados, formando um “comitê de crise”.

O objetivo é assegurar respostas rápidas para qualquer situação. Além do reforço de 700 policiais militares, serão convocados policiais civis.

A promessa de “reconhecimento facial” será feita com as câmeras de segurança. “Vamos tentar a identificação facial com algumas câmeras. Para buscar as pessoas que não deveriam estar soltas, que não deveriam estar no Carnaval”, antecipou Torres. Nesse contexto, a pasta também planeja colocar drones monitorarando a multidão.

Homicídio em bloco de Carnaval

No último sábado (08/02/2020), o bloco de Carnaval Quem Chupou Vai Chupar Mais, no centro de Brasília, foi marcado pelo assassinato do estudante Matheus Barbosa Magalhães Costa, 18 anos. A Polícia Civil (PCDF) também registrou uma tentativa de homicídio e 12 pessoas feridas.

Veja vídeos das confusões durante e depois do bloco:

O GDF prometeu colocar em marcha uma força-tarefa para expedir rapidamente alvarás antes da concentração do público. “Nós vamos fazer a fiscalização e não vamos aceitar eventos sem a documentação necessária”, pontuou Torres. A ideia é montar um mutirão em parceria com os administradores regionais para dar vazão aos documentos com celeridade e antecedência.

“A gente quer que, na véspera da realização do bloco, esteja tudo fiscalizado”, comentou o secretário. Sobre o episódio violento no sábado, Torres rebateu: “Estão procurando o culpado no lugar errado. O culpado foi quem matou o menino. Ele está identificado, independentemente de o evento ter alvará ou não”.

Laudos e revistas

O Instituto de Medicina Legal (IML) também estará no Carnaval para a expedição de laudos imediatamente após eventual necessidade. Serão montadas linhas de revista nas proximidades dos blocos para evitar a entrada de armas e drogas na festa. “Vamos tentar fechar algumas áreas com grades”, ressaltou. “Estamos fazendo de tudo para que seja um Carnaval seguro”, concluiu.

Depois do caso de sábado, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), por meio da Procuradoria Distrital dos Direitos do Cidadão (PDDC), cobrou explicações e ações das secretarias de Segurança Pública e de Cultura, além da Administração Regional do Plano Piloto, para coibir a violência no Carnaval. Por isso, o GDF decidiu rever os procedimentos de segurança e convocou a reunião desta quinta-feira.

Por outro lado, representantes dos blocos solicitaram mais apoio financeiro do GDF para reforçar os cercamentos das festas. A proposta seria remanejar parte dos recursos recentemente cancelados e que iriam para shows de artistas nacionais.

A princípio, os valores seriam destinados ao aniversário de 60 anos de Brasília. A Secretaria de Cultura analisa a proposta, mas não emitiu qualquer sinalização até o final da reunião.

Produtores culturais também cobraram a criação de uma nova legislação para grandes eventos no DF, a fim de fechar lacunas de segurança e diminuir a burocracia para a liberação de festas e manifestações culturais.

#carnavaldepazembrasilia

Para Dayse Hansa, 37 anos, participante do Coletivo dos Blocos Fora do Armário, o Carnaval de Brasília ganhou proporções de grande evento. Por isso, segundo ela, é preciso ser planejado desde a Quarta-Feira de Cinzas do ano anterior. Os produtores vão lançar uma campanha de paz para a folia de 2020.

“A fala de todos os coletivos e de todos os brincantes do Carnaval que realizam é: paz. A gente quer um Carnaval de paz. Nós vamos nos reunir nos próximos dias para estabelecer a hashtag: #carnavaldepazembrasilia. Porque a gente não quer voltar ao tempo da Micarecandanga, em que havia tristes episódios”, comentou Hansa.

Segundo Baby Brasil, 32 anos, responsável pela organização do bloco LGBTS Folia, que vai desfilar na Cidade Ocidental (GO) e no Gama, a discussão sobre a organização no Carnaval foi tardia. “E não adianta pensar apenas em Brasília. É na periferia que ocorrem as maiores violações dos direitos humanos”, destacou.

Para Baby, a construção de um Carnaval de paz depende do coletivo, da sociedade. “Não adianta os blocos apoiarem o governo e a polícia e os demais órgãos não apoiarem os blocos. Precisamos de agilidade para as vistorias e os alvarás”, comentou.

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