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Abandonado e deteriorado, Torre Palace Hotel agora é foco de dengue

Não há desfecho iminente para a carcaça do prédio, que virou criadouro do mosquito Aedes aegypti. Processos estão parados na Justiça

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1 de 1 WhatsApp Image 2018-01-18 at 12.13.00 - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O imbróglio envolvendo o inóspito Torre Palace Hotel, no Setor Hoteleiro Norte, entra em seu quinto ano sem solução. O edifício acumula problemas de violência e saúde, incomodando quem trabalha, mora e se hospeda nas proximidades. Tudo isso no coração da capital, a poucos metros dos principais pontos turísticos da cidade. Enquanto se deteriora por conta do abandono, os processos judiciais tramitam a passos lentos.

Um surto de dengue é o transtorno mais recente. No fim de 2017, 10 funcionários do hotel Nobile Suítes Monumental, vizinho ao Torre Palace, contraíram a doença. A suspeita é que os mosquitos tenham vindo da carcaça do edifício.

O caso levou a direção do empreendimento a procurar as autoridades responsáveis e pedir providências, uma vez que espaço – agora vedado nos andares inferiores para impedir a ocupação de sem-teto – passou a acumular água de chuva sem o tratamento necessário em sua cobertura.

Após o pedido do hotel, a Vigilância Ambiental do DF aplicou inseticida nos arredores do edifício no começo de 2018. O trabalho, porém, não foi suficiente. O interior do prédio, por exemplo, é um campo vasto para criadouros do mosquito.

Aquele prédio é classificado como ponto estratégico: imóveis que podem se tornar criadouro. Nós vamos fazer inspeção quinzenal e cuidar para que não se transforme em foco de Aedes aegypti

Denílson Magalhães, diretor da Vigilância Ambiental do DF

 

Insegurança
Mesmo após ter suas entradas fechadas com concreto, o Torre Palace ainda serve de abrigo para moradores de rua e esconderijo de assaltantes. A presença deles incomoda e amedronta hóspedes e funcionários dos hotéis da região, que evitam circular por ali em qualquer horário, seja de dia ou de noite.

Fora os assaltos, o furto de carros é recorrente. Os crimes ocorrem tanto na área pública quanto no estacionamento térreo dos hotéis. “Temos uma média de um veículo furtado por semana”, conta Danilo Stacciarini, gerente-geral do Nobile Suites Monumental.

O temor é confirmado por quem se hospeda com frequência no Setor Hoteleiro Norte. O diretor de TV Ruy Façanario redobra a atenção em certos horários. “Tomo bastante cuidado, mas já conheço a região. Evito passar muito perto dali. A situação desse prédio é ruim até pela paisagem, muito feio vê-lo assim”, reclama.

O abandono da construção e seus consequentes embaraços atingiu o bolso dos comerciantes. A gerência do Nobile Suites diz ter perdido um de seus principais clientes: a Embaixada dos Estados Unidos da América. Desde a ocupação e a desocupação do prédio vizinho, em 2016, a hospedagem na Quadra 4 do Setor Hoteleiro Norte local deixou de ser uma opção.

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Poças d’água: Torre Palace Hotel continua dando dor de cabeça a moradores, hóspedes e trabalhadores do Setor Hoteleiro Norte

 

Processos
Há pelo menos oito ações na Justiça envolvendo o Torre Palace. São elas que vão determinar o desfecho do espaço. O Governo do Distrito Federal (GDF) é um dos envolvidos, pois tenta recuperar os R$ 802,94 mil gastos para desocupar o local em 2016. À reportagem, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) informou que a restituição dos custos será definida após o trânsito em julgado do processo.

A ação do GDF não foi capaz de acelerar um dos processos-chave. Em 2016, o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (Distrito Federal e Tocantins) determinou que o prédio fosse leiloado. Mas agora, a ação travou no Tribunal Superior do Trabalho (TST), onde aguarda julgamento do agravo de instrumento.

Infelizmente, o Judiciário local acolheu uma manobra fraudulenta realizada pelos herdeiros remanescentes das empresas e suspendeu a execução na Vara de Falências, onde já havia sido determinada a penhora e o leilão do Torre Palace em favor de meus clientes. Foi exatamente essa incorreta decisão que freou o processo por anos e causou todos os problemas que a mídia conhece, inclusive a invasão

Antonio Alberto Cerqueira, advogado

A Companhia Energética de Brasília (CEB) cobra débitos pelo fornecimento de energia elétrica, enquanto a Brookfield Empreendimentos Imobiliários, que tentou viabilizar uma permuta do imóvel com os herdeiros do prédio, viu a medida ser judicializada. Até uma empresa de alimentos, a Frutella Comércio de Alimentos, solicita valores dos donos. Os responsáveis pelo Torre Palace não foram localizados para comentar a situação.

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Degradado, o teto do Torre Palace Hotel acumula água da chuva e sujeira. Local é potencial criadouro do mosquito da dengue
Desocupação do hotel, em 2016, envolveu grande aparato das forças de segurança
Policiais durante ação de desocupação do Torre Palace, em 2016
Após expulsar moradores de rua, GDF cercou o prédio com concreto
O interior do edifício está bastante deteriorado
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Hotel foi abandonado em 2013. Dois anos depois, grupo de sem-teto ocupou o espaço

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Degradado, o teto do Torre Palace Hotel acumula água da chuva e sujeira. Local é potencial criadouro do mosquito da dengue

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Desocupação do hotel, em 2016, envolveu grande aparato das forças de segurança

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Policiais durante ação de desocupação do Torre Palace, em 2016

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Após expulsar moradores de rua, GDF cercou o prédio com concreto

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O interior do edifício está bastante deteriorado

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Construção está com a estrutura comprometida

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Abandonado, o edifício mancha a paisagem no coração da capital

Rafaela Felicciano/Metrópoles

 

Policiamento
À reportagem, a Polícia Militar informou que a área é monitorada 24 horas diárias, por meio de patrulhamento com viaturas e motocicletas e do policiamento tático. Os flagrantes e os suspeitos são encaminhado à 5ª Delegacia de Polícia, a poucos metros do hotel. Ao longo de 2017, foram 86 ocorrências, a maioria delas por briga. Em 2018, já são oito os registros policiais na área.

Já a Vigilância Ambiental do DF disse ter aplicado inseticida nos arredores do edifício no início deste mês. Mas como o prédio está lacrado, não há como equipes promoverem trabalho preventivo dentro da estrutura do Torre Palace.

O Informativo Epidemiológico mais recente da Secretaria de Saúde aponta 46 casos suspeitos e prováveis de dengue em 2018, sendo 41 de residentes do DF e cinco de outros estados.

Histórico
Fundado em 1973, o Torre Palace Hotel foi o primeiro prédio do Setor Hoteleiro Norte. Hoje, é parte de uma disputa entre herdeiros do libanês Jibran El-Hadj, proprietário do edifício, morto em 2000. Abandonado desde 2013, quando teve as atividades encerradas, o hotel virou abrigo de moradores de rua e usuários de drogas até uma megaoperação desocupar as instalações, em outubro de 2015.

Palco de diversas tentativas malsucedidas de reintegração de posseo hotel já foi condenado pela Defesa Civil, que apontou falhas graves na estrutura da construção.

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