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Donos de concessionária do DF que deram calote e sumiram são presos

Em comunicado emitido na internet, a Wall Multimarcas afirma ter declarado “autofalência perante o TJDFT”. Agência era alvo de investigação

atualizado

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1 de 1 Wall.Reprodução1 - Foto: Reprodução

Investigadores da 8ª Delegacia de Polícia (Setor de Indústria e Abastecimento) prenderam nessa terça-feira (29/1) os dois sócios da concessionária Wall Multimarcas, localizada na Cidade do Automóvel. Wallisson Fabiano dos Santos, 36 anos, e Ketty Karina Pimentel Vasconcelos, 39, estão na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), e serão acusados pela prática reiterada do crime de estelionato, que resultou em prejuízos de R$ 5 milhões para as vítimas.

Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (30/01), o delegado-chefe da 8ª DP, Rodrigo Bonach, informou que as investigações do esquema já resultaram em 55 inquéritos policiais –  cada um deles tem pelos menos duas vítimas.

O modus operandi dos golpistas consistiam em mapear páginas de vendas on-line e procurar pessoas interessadas em vender veículos. “Eles se ofereciam para intermediar a negociação: e, desta maneira, enganavam quem queria comprar e quem queria vender”, explicou Bonach. Quando o negócio fechado, os funcionários da concessionário recebiam o dinheiro do comprador mas não repassavam a quem estava vendendo. O comprador recebia o carro, mas não sabia os documentos.

Os sócios – Wallisson Fabiano dos Santos e Ketty Karina Pimentel Vasconcelos, serão autuados por estelionato e associação criminosa e podem ser penalizados por no mínimo 55 anos. Além da dupla de estelionatários, a Polícia Civil investiga outros sócios e funcionários da empresa envolvidos no esquema. “Ao menos três ou quatro vendedores mantinham contato com os clientes. Vamos avaliar qual o grau de participação deles no golpe”, afirmou o delegado.

Confira imagens dos presos:

 

2 imagens
Walisson Fabiano dos Santos
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Ketty Karina Vasconcelos

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Walisson Fabiano dos Santos

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Bens
A Polícia Civil não irá apreender os veículos comprados por vítimas do golpe. A decisão sobre a posse dele deverá ser arbitrada pela Justiça.  Uma das vítimas da Wall Multimarcas esteve na 8ª DP na manhã desta quarta-feira (30/01), acompanhado de um advogado. Ele fez um boletim de ocorrência no começo de janeiro e esteve no local para tirar dúvidas sobre o caso. “Venderam o meu carro e não me repassaram o dinheiro. Eles ficavam enrolando, falando que iam pagar no dia seguinte, mas nunca pagavam”, conta a vítima, que perdeu um jipe.

Prática frequente

O delegado Rodrigo Bonach conta que esse tipo de golpe ocorre com frequência. Ele ressalta que a Polícia Civil está investigando outras organizações suspeitas de estelionato na Cidade do Automóvel. “Não é a primeira vez que isso ocorre na Cidade do Automóvel. A Polícia Civil vai ser extremamente rigorosa com qualquer indício de práticas como essas que voltem a acontecer. Já estamos monitorando outras empresas”, ressalta o delegado.

Além disso, Bonach também alerta a população sobre esse tipo de crime. Ele ressalta que é importante estar atento aos sites de avaliação sobre as empresas e também sobre os contratos e documentos assinados.

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A Wall Multimarcas virou alvo de investigação policial após colecionar inúmeras denúncias e reclamações de clientes que afirmam terem sido lesados pela empresa. A agência declarou autofalência no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), encerrando as atividades.

As suspeitas também mobilizaram a Justiça do DF, que determinou o bloqueio de R$ 74 mil da empresa. A decisão judicial foi divulgada nessa segunda-feira (28). De acordo com os consumidores, a concessionária funcionava normalmente até o dia 21 de janeiro. Dois dias depois, no entanto, todos os veículos haviam sido retirados pelos funcionários. Os clientes, agora, querem saber como serão ressarcidos.

No Reclame Aqui, a loja coleciona 17 queixas. Em uma delas, uma pessoa afirma que o pai foi enganado “por essa empresa maldita”. “Deixou o carro para vender, uma caminhonete. A mesma foi vendida e deram um prazo de 30 dias para ele receber o dinheiro. O prazo passou, e até agora não pagaram”, disse em mensagem postada em 6 de janeiro deste ano.

A denúncia é de Luís Bittencourt, 31 anos. Segundo ele, o pai, 59, “foi passado para trás” por funcionários da loja. “Em 2016, ele comprou uma Toyota Hilux, e agora precisou vender o carro. Lá [na concessionária] avaliaram o veículo em R$ 78 mil e fizeram uma proposta de compra de R$ 70 mil. Meu pai precisava de dinheiro e aceitou.”

De acordo com Luís, o pai foi “coagido” a assinar o Documento Único de Transferência (Dut) “mesmo sem ver a cor do dinheiro”. “Ele chegou a questionar a vendedora, mas ela disse que a loja estava há 26 anos na praça e não daria um prejuízo de R$ 70 mil”, explicou o filho da vítima.

Após o episódio, o homem procurou a 8ª DP para registrar o boletim de ocorrência. No local, descobriu que não era o único com reclamações contra a concessionária. Segundo o delegado-chefe da unidade, Rodrigo Bonach, oito inquéritos policiais foram instaurados contra a empresa.

Bonach estima que, até o fim deste mês, pelo menos 30 inquéritos deveriam ser abertos contra os proprietários do estabelecimento. “As denúncias existem desde agosto do ano passado e estão sendo investigadas. [Os donos] Já prestaram depoimento em alguns casos e serão indiciados por estelionato. Eles já foram indiciados por associação criminosa”, explica.

De acordo com o delegado, “ficou claro que [os proprietários] captavam os veículos sem condições de pagar”. “Eles induziam as pessoas a vender o veículo consignado, vendiam para terceiros de boa-fé e não repassavam o dinheiro. Em cada caso desses, nós temos pelo menos duas vítimas”, explicou Rodrigo.

Outro lado
Em comunicado publicado na internet, a Wall Multimarcas culpou o “agravamento da crise financeira que assola o país e em especial as atividades da empresa, a qual vem passando por grandes dificuldades financeiras, o que inviabilizou a continuidade de seu funcionamento”.

Na nota, a concessionária diz ter tentado “todas as formas de continuidade” para que pudesse cumprir com as obrigações existentes. “Contudo, algumas ações impossibilitaram que as atividades pudessem se sustentar até a quitação de todos os débitos.”

A empresa finalizou o texto informando aos clientes que ajuizou o pedido de autofalência ao TJDFT e todos os credores deverão se habilitar ao crédito para recebimento do juízo.

A reportagem tentou contato pelo telefone informado na nota, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.

Confira o comunicado na íntegra:

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