Dono de farmácia que matou suspeita de roubo não tem porte de arma
Segundo delegado, investigações apontam para legítima defesa e, a princípio, o empresário não será indiciado por homicídio
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal diz que todos os elementos da investigação indicam que o dono da farmácia em Ceilândia Sul matou uma acusada de roubo ao estabelecimento no sábado (9/6) em legítima defesa. Essa é a principal alegação de Rafael de Oliveira Silva, 29 anos, que se apresentou na tarde desta segunda (11) e, a princípio, não será indiciado pelo homicídio.
É o que afirmou o delegado Victor Dan, titular da 23ª DP (Ceilândia Sul). Segundo ele, Giselle Ferreira Souza, 23, a suspeita baleada no peito pelo empresário, tinha passagem por furto. Já o seu comparsa, Gilberto Moreno da Silva, 30, cometeu o crime no fim de semana em que estava no saidão do regime semiaberto por roubo.Gilberto foi atingido, só que no braço, e recebeu voz de prisão no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), para onde foi levado. Nesta segunda, a equipe da unidade de saúde o transferiu para o Instituto Hospital de Base.
O acusado responde por pelo menos cinco assaltos. Depois de deixar a cena do crime, ele trocou de roupa e encontrou a companheira em uma distribuidora de bebidas. Os dois discutiram, ele a atingiu com uma coronhada na cabeça, voltou para a casa da mãe e se sentiu mal. Depois disso, uma irmã levou ele ao hospital, onde acabou preso.
Tanto a arma do empresário quanto a que Gilberto usava já foram apreendidas para perícia. “A princípio, todos os elementos apontam para legítima defesa”, disse o delegado, em coletiva à imprensa, pouco antes de o empresário se apresentar na DP.
Mas Victor Dan garante que a investigação prossegue, uma vez que o dono da farmácia tinha registro e autorização para transporte da arma, uma pistola calibre .380, mas não porte. Os investigadores ainda também aguardam os laudos periciais.
O advogado de Rafael, Karlos Eduardo Mares, afirmou que seu cliente é atirador desportista. Na delegacia, ele explicou porquê o seu cliente não ficou no local do crime. “Por falta de orientação e nervosismo. Porém, foi orientado pela defesa a se apresentar e está fazendo isso hoje (segunda). A farmácia já foi assaltada mais de cinco vezes”, destacou.
O proprietário da farmácia teria atirado, segundo o advogado, somente após o ladrão ter virado para trás disparando a arma. “Quando ele deu o primeiro tiro, meu cliente abriu fogo em legítima defesa. Como a mulher estava na linha de tiro, ela também foi atingida, assim como o comparsa”, ressaltou Karlos Mares.
O crime
Imagens de câmeras de segurança que registraram o assalto foram recolhidas pelos policiais. No vídeo, o casal aparece entrando na farmácia. Armado, o homem, que vestia jaqueta preta e blusa rosa, rende o comerciante e a esposa dele. Enquanto isso, a suspeita recolhe diversos produtos cosméticos e os coloca em uma caixa de papelão com a ajuda do comparsa.
Em seguida, a dupla de assaltantes deixa o local. Minutos depois, a poucos metros da farmácia, Giselle é morta a tiros e Gilberto é baleado na perna.
As imagens obtidas pelo Metrópoles mostram o empresário indo atrás dos ladrões. Em depoimento, a mulher dele contou que estava na porta do estabelecimento quando foi abordada pelo casal. De acordo com ela, a farmácia já foi assaltada três vezes apena nos últimos dois anos.
Conforme depoimento da esposa do dono do estabelecimento, foram levados dois aparelhos celulares e o dinheiro que estava no caixa. Ela, porém, não soube precisar a quantia, bem como informar se o marido guardava uma arma na farmácia.
Mesmo baleado, o assaltante conseguiu fugir do local e chegar em casa, também em Ceilândia. Ele trocou de roupa e foi para o hospital devido ao ferimento à bala. A unidade da rede pública avisou a polícia sobre a entrada do suspeito, preso em flagrante.
Na casa do acusado, os investigadores encontraram a jaqueta de couro, a calça ensanguentada e a blusa rosa, roupas usadas por ele no assalto.