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Dono de caminhão no QG do Exército doou R$ 22.222,22 a Bolsonaro

Sócio de empresa de transportes, que enviou caminhão vindo de MT, fez doações de R$ 22.222,22 e R$ 2.222,22. Familiar repetiu transferências

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Homem usando bandeira do Brasil como capa anda próximo a caminhões estacionados. Nota das Forças Armadas, que critica "restrições a direitos, por parte de agentes públicos" e defende direito à manifestação, animou militância pró-Bolsonaro - Metrópoles
1 de 1 Homem usando bandeira do Brasil como capa anda próximo a caminhões estacionados. Nota das Forças Armadas, que critica "restrições a direitos, por parte de agentes públicos" e defende direito à manifestação, animou militância pró-Bolsonaro - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Uma família de empresários que vem fomentando os protestos no QG do Exército, em Brasília, investiu valores, no mínimo, curiosos na campanha de Jair Bolsonaro (PL) pela reeleição. A Fermap Transportes LTDA, que enviou à manifestação um caminhão vindo de Mato Grosso tem como um dos sócios Ilo Pozzobon. O bolsonarista fez três doações para o candidato preferido de número 22 na urna. Em dois deles, houve a transferência de valores com apenas o numeral dois.

Foram doações de R$ 22.222,22 e R$ 2.222,22. Ele ainda transferiu R$ 97.777,78 em outra parcela. Ou seja, ao todo, Ilo desembolsou R$ 122.222,22 para o candidato do PL, que acabou derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O mesmo sobrenome aparece em outros dois registros de pagamentos para a campanha. Nelsi Pozzobon fez dois pagamentos com o valor exato doado por Ilo, de R$22.222,22 e R$ 2.222,22. Daniele Pozzobon ainda transferiu R$ 5 mil ao político em 13 de outubro.

Os pagamentos foram identificados por um levantamento do Metrópoles que cruzou dados de caminhoneiros que participam da manifestação a favor de interferência federal no resultado das urnas com informações de doações ao político do PL. A matéria mostra relações entre o presidente da República e os protestantes que estão em frente ao QG do Exército, em Brasília. Na prática, há dezenas de empresários que pedem anulação do resultado democrático após pagarem e não conseguirem reeleger Bolsonaro.

Mais casos

CNPJs e CPFs de manifestantes que levaram caminhões ao Distrito Federal são vistos na lista de doadores da campanha do presidente derrotado nas urnas. Ao todo, empresários identificados no protesto do DF doaram quase R$ 1,5 milhão ao candidato.

O levantamento analisou os proprietários de 234 caminhões no protesto bolsonarista listados pelo Governo do Distrito Federal após ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Os registros, em sua maioria, são CNPJs. Nesse caso, a reportagem procurou pelo nome dos administradores ou sócios da empresa.

Esses dados foram cruzados com a lista dos principais doadores que contribuíram financeiramente com a campanha do presidente, com doações de R$ 5 mil ou mais. Nos últimos dias, Moraes determinou o bloqueio imediato das contas bancárias de 43 pessoas físicas e jurídicas supostamente envolvidas nos atos antidemocráticos contra o resultado das eleições, “diante da possibilidade de utilização de recursos para o financiamento de atos ilícitos”.

A Fermap Transportes LTDA, dos pagamentos com número 22, é uma das empresas que teve contas bloqueadas. O ministro também determinou que, em até 10 dias, a Polícia Federal colha depoimentos de todas as empresas e pessoas listadas, além de indicar as diligências necessárias para apurar o caso. Ao todo, 149 caminhões vieram de Mato Grosso, segundo o levantamento da SSP. Empresários de Goiás, Bahia e Paraná também enviaram dezenas de veículos.

Quem são os manifestantes que doaram

Um caminhão Scania de Mato Grosso que fomenta a manifestação contra o resultado das urnas, por exemplo, foi identificado pela SSP-DF como sendo de proprietários da Transportadora Rovaris LTDA. No registro da empresa, Atílio Elias Rovaris aparece como sócio-administrador. Em 11 de outubro, pouco antes do segundo turno entre Lula (PT) e Bolsonaro, ele doou R$ 500 mil ao candidato do PL.

O sobrenome Rovaris aparece em outra doação, no nome de José Carlos Rovaris, em 30 de agosto, no valor de R$ 20 mil. A transportadora é uma das empresas que teve contas bloqueadas pelo STF. A SSP identificou ainda três caminhões Mercedes-Benz, sendo dois de Goiás e um de Mato Grosso, de propriedade da empresa Armazéns Gerais Paraíso LTDA. O dono da companhia é Victor Cezar Priori, que fez uma doação de R$ 300 mil para Bolsonaro uma semana antes do segundo turno.

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Famílias

Uma família que também chama atenção na relação entre manifestantes e doadores é a Bedin. Oito pessoas com esse sobrenome, além da empresa Sorriagro Insusmos Agrícolas controlada por este sobrenome, foram identificadas com caminhões no protesto: Ary Pedro Bedin, Evandro Bedin, Argino Bedin, Roberta Bedin, Nilson Bedin, Rafael Bedin, Sérgio Bedin e Luciano Bedin.

Esses dois últimos doaram, ao todo, R$ 160 mil para o derrotado por Lula. Há ainda mais quatro doações de brasileiros com esse sobrenome, que somam R$ 37.500,00.

Os Pedrassani também tiveram relação com o protesto e com Bolsonaro. A Drelafe Transportes de Carga LTDA enviou um Scania de Mato Grosso para Brasília. O sócio-administrador da empresa Diomar Pedrassani transferiu R$ 20 mil para o então candidato, em 17 de outubro. Leandro Pedrassani e José Carlos Pedrassani também doaram duas vezes cada, somando R$ 68 mil. Moraes também bloqueou contas da Drelafe.

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