Dona de restaurante da Asa Sul nega discriminação a garis e registra B.O.
Garis dizem que foram impedidos de se sentar no Restaurante Brasil. Vânia Costa nega e afirma que registrou ocorrência, por causa de ameaças
atualizado
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Um restaurante de Brasília está envolvido em uma polêmica. No horário de almoço dessa terça-feira (18/8), os garis Jackson Gabriel Dias ribeiro e Cláudia Gomes Batista, acompanhados da fiscal do Serviço de Limpeza Urbano (SLU) Maria Fátima Dias, foram até o Restaurante Brasil, na 312 Sul, para almoçar e teriam sido discriminados.
Segundo informações de Fátima Dias, os profissionais de limpeza compareceram ao local para comprar o almoço. Porém, ao tentarem se alimentar no estabelecimento, foram impedidos por uma funcionária.
Procurada pelo Metrópoles, a dona do restaurante, Vânia Costa, contou que tudo não passou de um “mal-entendido”. “Ontem (terça), às 10h30, chegaram três pessoas aqui no restaurante perguntando se tinha marmitex, pois foi colocado uma promoção a R$ 10. A ideia é que a pessoa leve a marmita para viagem”, contou.
O intuito da promoção, ainda de acordo com Vânia, é evitar aglomeração no estabelecimento, por conta da pandemia do novo coronavírus. No entanto, o restaurante abre somente às 11h. “Foi perguntado para a funcionária se havia como fazer três marmitas, pois os trabalhadores estavam trabalhando no fim da quadra e ficaria longe para retornarem depois”, conta.
Logo depois, a funcionária verificou com a cozinha se havia como preparar os pedidos e levou para os garis. Ainda segundo Vânia, logo depois, o trio perguntou se poderia consumir no local e a funcionária respondeu: “Não, pois a marmita pronta é apenas para viagem”.
Ela disse que Fátima teve uma “reação estranha”. E teria dito: “Você não quer que nós comemos aqui, porque somos garis, por causa da nossa roupa”.
Vânia conta que procurou a fiscal posteriormente para falar que poderia comer no estabelecimento. Entretanto, ela recusou. “Eu nenhum momento foi falado que ela não poderia sentar aqui por que os clientes se sentiriam constrangidos. Nunca que a menina [funcionária] falou isso”, destaca.
“A marmita é para viagem, ela entendeu errado. Não foi por discriminação. Em nenhum momento, discriminamos qualquer pessoa. Nunca tratamos nenhum cliente mal”, frisou a empresária.
Ameaças
Após o caso tomar grande proporção nas redes sociais, Vânia afirma que procurou a Polícia Civil do Distrito Federal e registrou um Boletim de Ocorrência. “Falaram que iriam entrar aqui e dar um tiro na cara do gerente. Eu fiquei com medo e fui na delegacia”, revela.
Segundo o relato dos profissionais de limpeza, a mulher informou que os garis não poderiam sentar-se à mesa “para não constranger os outros clientes que chegassem lá para comer.”
“Eu comprei três marmitas e um refrigerante. Perguntei: ‘Posso sentar aqui’? A mulher informou que não, pois, se outros clientes que fossem comprar vissem a gente sentado não iriam querer sentar lá, algo assim que ela quis falar”, relata Fátima Dias.
Nos fundos
A fiscal ainda conta que apareceu outra mulher e perguntou se o grupo gostaria de sentar nos fundos do estabelecimento. Os garis, no entanto, recusaram e deixaram o local sem discutir: acomodaram-se no chão, em um local próximo, e fizeram a refeição. O grupo reforça que não se queixa de maus-tratos, mas sim da discriminação sofrida.
A respeito do episódio ocorrido com os garis no restaurante, o presidente do SLU, Jair Tannus, disse. “É muito triste constatar que ainda existem pessoas que olham com preconceito e discriminam pessoas que realizam um trabalho essencial para todos, como é o caso dos garis. O ato ocorrido ontem (terça) só reforça a necessidade de um trabalho permanente de valorização dos profissionais responsáveis pela limpeza pública no DF”.