“Don Juan” do DF e Entorno morava na casa das vítimas e as ameaçava
Raimundo Nonato aplicava golpes de alto valor e fraudava cheques. Em apenas um dos crimes, deu prejuízo de R$ 100 mil a uma mulher
atualizado
Compartilhar notícia
Os crimes de Raimundo Nonato Silvério (foto em destaque), o “Don Juan” do Distrito Federal e do Entorno, vão além dos golpes aplicados em mulheres. O homem de 45 anos, investigado por lesar suas vítimas em até R$ 100 mil em um único caso, tinha um modus operandi peculiar: ele se mudava para a casa dessas pessoas e fazia ameaças de agressão durante o relacionamento.
Raimundo atraía vítimas em sites de relacionamento: ele se passava por advogado de uma empresa multinacional e dizia ser descendente de italianos. Ele convencia as mulheres a lhe dar dinheiro, dizendo que logo as pagaria de volta. Algumas vezes, entregou cheques fraudados e sem fundo, alegando que eram dos clientes de sua empresa.
Segundo a delegada Ísis Leal, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Valparaíso de Goiás, o “Don Juan” agia há pelo menos um ano. Uma das “namoradas” do golpista perdeu R$ 22 mil depois da concessão de empréstimos feitos pelo pai e irmão da vítima, que são moradores do município goiano.
Os pedidos de cheques e dinheiro começaram apenas 15 dias após os dois engatarem um namoro. O casal morou junto quatro meses. Durante esse tempo, a mulher chegou a sofrer ameaças de agressão. “O perfil das vítimas geralmente era o de mulheres que buscavam um relacionamento sério, e ele supria esta carência. Elas emprestavam dinheiro acreditando que isso ajudaria a formar uma família”, explica a delegada, acrescentando que Raimundo será intimado para prestar depoimento.
Ainda não é possível saber se o homem levava uma vida de luxo com o dinheiro que conseguia, já que morava com a “vítima da vez”. Segundo a delegada Ísis, o “Don Juan” não tinha emprego.
Raimundo também usava vários itens falsificados com o brasão oficial da polícia, como boné e adesivos de carro, que já foram apreendidos. Agora, vai responder por estelionato, com pena de até 5 anos para cada caso; além de ameaça; com punição de 6 meses; e uso ilegítimo de uniforme ou distintivo. Nesse caso, há previsão de multa, fixada pelo juiz.
Falso sotaque
Quem caiu na lábia do falsário conta que ele era muito persuasivo e chegava, inclusive, a inventar um falso sotaque estrangeiro. Mas o homem é potiguar, natural da cidade de Portalegre, município com menos de 8 mil habitantes, no interior do Rio Grande do Norte.
No Distrito Federal, há registro de processos contra o estelionatário movidos por vítimas de Sobradinho e Gama, conforme consta na consulta processual do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Em Goiás, existem três registros de vítimas nas cidades de Valparaíso, Terezópolis e Águas Lindas
O Metrópoles tentou contato com o acusado, por meio do número de celular informado em processo ao TJDFT, mas as ligações caem diretamente na caixa de mensagem.
Loba do Tinder
O caso de Raimundo veio a público poucos dias após uma ocorrência semelhante chamar a atenção das autoridades. Dessa vez, a golpista era uma mulher. No último dia 6, policiais da 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) prenderam Patrícia Coutinho Pereira, 29 anos. Ela é acusada de aplicar golpes em homens. As vítimas, segundo os investigadores, eram escolhidas por meio de aplicativos de relacionamento, como o Tinder. Entre elas, estão empresários, DJs e policiais.
Patrícia, ou a “Loba do Tinder”, era investigada pela 1ª DP (Asa Sul) desde maio de 2017 por estelionato, difamação e extorsão. Durante a apuração, os policiais descobriram que ela aplicava golpes. Após conquistar a confiança de suas vítimas, a mulher afirmava que um parente havia falecido e pedia empréstimos em dinheiro com o pretexto de ir ao velório.
Ainda de acordo com os investigadores, a mulher também se envolvia sexualmente com algumas de suas vítimas. Apresentava-se como advogada ou empresária do ramo de cosméticos. E, depois de seduzir e se envolver com os homens, conseguia convencê-los a fazer pequenos empréstimos.
Um dos homens teria emprestado um total de R$ 50 mil à golpista, no período de seis meses. Os investigadores calculam que ela tenha enganado mais de 100 homens, a maioria casado. Com receio de expor a situação, eles não denunciavam a mulher.