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Dom Sérgio da Rocha se despede de Brasília: “Me senti amado”

Ele vai assumir a Arquidiocese de Salvador, depois do pedido de renúncia de dom Murilo Krieger da capital baiana

atualizado

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Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
Dom Sergio da Rocha na Esplanada dos Ministérios
1 de 1 Dom Sergio da Rocha na Esplanada dos Ministérios - Foto: Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Um ato do papa Francisco, nesta quarta-feira (11/03), influenciou diretamente a Arquidiocese de Brasília. O líder da Igreja Católica Apostólica Romana acolheu o pedido de renúncia de dom Murilo Sebastião Ramos Krieger da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, a Sé Primacial do Brasil. Como consequência, Francisco nomeou o cardeal dom Sergio da Rocha, arcebispo da capital federal, como substituto de Krieger.

Dom Sergio assumiu a função em Brasília em 6 de agosto de 2011 — havia sido nomeado em 15 de junho daquele ano. Ele veio substituir dom João Braz de Aviz, que a época havia sido chamado pelo papa Bento XVI para ser prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Ainda não foi decidido quem tomará conta da Arquidiocese de Brasília. O nome deve sair em até três meses.

Em entrevista a uma rádio católica local, dom Sergio — criado cardeal em 2016 pelo papa Francisco — afirmou que deixa a arquidiocese “com sentimento de profunda gratidão” pelos quase nove anos que viveu em Brasília. “Me senti amado e acolhido numa grande família marcada pela convivência fraterna entre pessoas de diversas origens”, afirmou.

Como foi em Brasília

O cardeal, que foi presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de 2015 a 2019, continuará como administrador apostólico até que outro religioso seja definido para assumir a Arquidiocese de Brasília. Atualmente, dom Sergio também é membro do Conselho da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, da Pontifícia Comissão para a América Latina e da Congregação para o Clero (Vaticano).

Dom Sergio sempre foi conhecido pelo perfil moderado e de não querer aparecer com destaque no noticiário. Evitava polêmicas, como na homilia do dia de Nossa Senhora Aparecida do ano passado. Enquanto o papa Francisco adotou um tom político no Vaticano, o cardeal falou do cuidado com a igreja.

Em Brasília, criou 23 paróquias e reestruturou o Conselho Arquidiocesano de Pastoral em oito setores e a Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz. Além disso, conseguiu o reconhecimento da Faculdade de Teologia, reformou o Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora de Fátima e implantou a Pastoral do Povo de Rua e da Pastoral do Menor.

Veja a mensagem completa de dom Sergio aos fiéis do Distrito Federal:

Queridos irmãos e irmãs da Arquidiocese de Brasília,

Recebi a notícia da minha nova missão como arcebispo de Salvador da Bahia, olhando para a querida Arquidiocese de Brasília com sentimento de profunda gratidão e já começando a sentir sua falta, pois aqui tive a graça de viver e servir como arcebispo por quase nove anos. Em Brasília, me senti amado e acolhido numa grande família marcada pela convivência fraterna entre pessoas de diversas origens. Muito obrigado pelas inúmeras vezes que tenho sido acolhido com tanta generosidade em nossas comunidades.

Espero poder, numa próxima ocasião, expressar melhor o meu agradecimento a todos. Até o início do meu serviço de arcebispo em Salvador, estarei continuando o meu trabalho em Brasília, como Administrador Apostólico. No seu discurso, em Aparecida, o Papa Francisco nos recomendava três atitudes sempre muito importantes, a serem vividas neste momento de transição que a Arquidiocese começa a viver: deixar-se surpreender por Deus, conservar sempre a esperança e viver na alegria.

Deus nos surpreende com seu amor infinito, que ultrapassa os limites do nosso pensar e sentir. “Por tudo, nós damos graças”, conforme rezamos tantas vezes com a oração do Ano Jubilar. Nele, o Bom Pastor que nos conduz, colocamos a nossa fé e a nossa esperança! Desejo a todos o amor de Deus que nos surpreende e a esperança nele ancorada.

Agradeço a Deus por esses anos de trabalho, em meio a tantos desafios pastorais. Tive a graça de ver o crescimento e a vitalidade da Igreja de Brasília em inúmeras ocasiões, nas celebrações e atividades pastorais. Nada foi realizado sem a graça de Deus e a colaboração dedicada de tantas pessoas que atuam nas comunidades, pastorais e movimentos eclesiais, às quais muito agradeço. Gostaria de ter feito muito mais pela Igreja, em Brasília, e ter servido melhor. Há muito ainda a fazer para realizar a missão de “evangelizar a todos, com novo ardor missionário, nos diversos espaços do Distrito Federal”. Por isso, permaneçam unidos, sendo sempre mais Igreja missionária, misericordiosa e acolhedora, como temos procurado viver, em comunhão com o Papa Francisco.

Agradeço a todos os irmãos e irmãs que têm me acompanhado com suas orações, fraterna estima e valiosa colaboração pastoral, sem os quais eu não teria vivido o meu ministério episcopal. Minha gratidão imensa aos queridos irmãos e amigos Bispos auxiliares, D. José Aparecido e D. Marcony, ao Sr. Arcebispo emérito Cardeal D. Falcão, aos padres e diáconos, aos religiosos e religiosas, aos fiéis leigos e leigas. Rezem por mim. Estejam certos que estarão sempre no meu coração e nas minhas orações. Suplico as bênçãos de Deus para todos, pela intercessão de nossa Padroeira, Nossa Senhora Aparecida.

Cardeal dom Sergio da Rocha

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