Dois youtubers que extorquiram deputado federal se tornam réus
Achaque foi monitorado por policiais civis por meio de microcâmeras e microfones instalados nas roupas de Luis Miranda (DEM)
atualizado
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Dois dos quatros integrantes de um grupo suspeito de extorquir o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) se tornaram réus em ação penal após o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) receber denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Na noite de 5 de setembro deste ano, Daniel Luís Mogendorff foi preso em flagrante após exigir dinheiro para que postagens contra o parlamentar não fossem divulgadas em redes sociais e programas de televisão.
Além dele, outro comparsa, Mauro Cavanha, que vive nos Estados Unidos, também responderá criminalmente pela extorsão. A negociação era monitorada por policiais, por meio de microcâmeras e microfones instalados nas roupas do político.
Segundo o inquérito instaurado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), trata-se de uma “milícia virtual”. A investigação é conduzida pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC), a qual ainda apura outro inquérito que trata sobre a organização criminosa.
A prisão foi divulgada em primeira mão pelo Metrópoles. Quatro membros do grupo foram indiciados por extorsão, difamação, incitação ao crime e organização criminosa. De acordo com a polícia, eles foram localizados nos Estados Unidos e, no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Outros 18 suspeitos ainda não foram identificados e permanecem alvos de investigações da PCDF.
Nas conversas gravadas, os suspeitos exigiam o pagamento de R$ 760 mil em troca da promessa de cessar publicações produzidas por um grupo de youtubers. As investigações apontam que o grupo, batizado como Youtubers pelo Mundo, organizou-se para achacar Luis Miranda. Entre os principais integrantes da “milícia virtual”, a polícia identificou quatro pessoas que movimentariam as cobranças de forma mais contundente.
Blindagem
Luis Miranda relatou, em depoimento na DRCC, que Daniel Mogendorff o procurou para oferecer uma espécie de “serviço de blindagem” com duração de um ano para que nenhum youtuber do grupo publicasse vídeos que denegrissem a imagem do parlamentar. Para isso, o político deveria desembolsar US$ 120 mil.
Em novembro de 2018, em outro contato, Daniel teria exigido o pagamento de R$ 150 mil para apagar vídeos publicados na rede mundial de computadores. O deputado relatou, na delegacia, jamais ter feito qualquer desembolso dos valores exigidos.
Daniel desembarcou em Brasília, em 4 de setembro, para receber o dinheiro cobrado do deputado. O que ele não esperava é que Miranda comunicasse à PCDF sobre o encontro. Diante da possibilidade de um flagrante, os investigadores prepararam o parlamentar.
Nas roupas de Miranda, instalaram microfones e câmeras invisíveis. Um dos botões da camisa, por exemplo, serviu para esconder uma filmadora que registrou a extorsão. Durante a reunião, que ocorreu no restaurante Coco Bambu do Lago Sul, o suspeito, sem saber que era gravado, teria confessado uma série de crimes, inclusive o de lavagem de dinheiro para políticos influentes por meio da venda de diamantes.
Instruído pela polícia para caracterizar o flagrante, o deputado disse ao criminoso que daria somente R$ 4 mil de sinal e depois repassaria o restante. Nesse instante, mais de 20 agentes à paisana monitoravam o encontro.
Veja uma parte do encontro. Miranda aparece de preto nas imagens:
Após guardar o dinheiro, o homem entrou em um carro e se dirigiu ao Carton, no Setor Hoteleiro Sul, onde foi detido pela equipe da DRCC. A operação foi comandada pelo delegado Giancarlo Zuliani. Daniel Mogendorff possui passaporte alemão, apesar de ser chileno e morar em Tel Avivi, em Israel. Ele permanece preso preventivamente.