DNA confirma: bebês foram trocadas em maternidade do DF há 7 anos
Advogado de uma das famílias confirmou ao Metrópoles o resultado do exame. Trabalho psicológico com famílias será feito antes de encontro
atualizado
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Sete anos após ter a bebê trocada na maternidade do Hospital Regional de Planaltina, Geruza Fernandes Ferreira (foto em destaque), de 38 anos, recebeu informações do paradeiro da filha biológica na tarde desta quarta-feira (27/10). O resultado do exame de DNA, realizado pelo Instituto de Pesquisa DNA Forense, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), confirmou o erro da unidade de saúde.
A outra família, assim como a de Geruza, suspeitava da substituição equivocada das crianças, já que ambas nasceram no mesmo dia, em maio de 2014.
Ao Metrópoles, o advogado de Geruza, Adivacy Silva, destacou os próximos passos. “Foi confirmado. A filha biológica dela [Geruza] estava com outra família mesmo. A parte que cabe à polícia foi encerrada. Agora é trabalhar a questão psicológica entre todos os envolvidos”, revelou.
De acordo com o defensor, será feito um trabalho psicológico com os pais e as crianças para, posteriormente, promoverem um encontro.
Angústia
O caso é investigado pela 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina) e corre em segredo de Justiça. Fora do âmbito policial, o processo tramita na área cível. Em agosto, o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios dos (TJDFT) estabeleceu o pagamento de R$ 300 mil a título de danos morais em favor de Geruza. A Justiça entendeu que a troca de bebês ficou comprovada. No entanto, o GDF recorreu da decisão e Geruza ainda não recebeu a indenização.
Em entrevista ao Metrópoles, a dona de casa relatou os momentos de angústia que a acompanham desde novembro de 2019.
Geruza conta ter descoberto a situação após o ex-companheiro não realizar o pagamento da pensão alimentícia e levar a criança para realizar um teste de DNA. “Ele a buscou sem minha permissão, levou a um laboratório particular e fez o exame. Na primeira audiência de conciliação, ele já alegou que ela não era filha biológica dele e queria tirar o nome da certidão de nascimento”, explica.
Ao submeter-se ao teste, a dona de casa, que trabalha vendendo lanches em um terminal rodoviário no Plano Piloto, teve uma surpresa ainda maior: o resultado mostrou que ela não era a mãe biológica da garota. “Fiquei desesperada como mãe e, como mulher, tinha certeza de que ele era o pai”, declara.
“Não foi um erro meu, mas do hospital. Tenho a pulseira de identificação dela, provei que tive a bebê lá. É uma dor incomparável.”
Possível encontro
Além da indenização, o desejo maior da mãe é ter um encontro com a sua filha de sangue. “Quero que a gente possa se encontrar. Minha filha tem que conhecer como é a outra família dela”, defende.
De acordo com a mulher, ela nunca desconfiou de ter havido troca no hospital, porque a menina tem aparência semelhante à de sua família. “Meu pai é claro, minha mãe é morena, meu irmão é negro. Não tinha como eu desconfiar”, revela Geruza. Segundo a mãe, a filha já tem conhecimento da situação. “Ela já sabe, entende e viu meu desespero. Às vezes eu chorava e ela perguntava o motivo. Chegou ao ponto que não dava mais para esconder.”
Geruza salienta que o maior desafio, agora, é manter o equilíbrio dentro de casa. “A gente só via isso em novela, em filme. É algo muito doloroso”, finaliza.