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Diferença de salário entre mulheres negras e brancas no DF é abissal. Veja

Em plena capital brasileira, a desigualdade também atinge a população negra feminina no desemprego e na educação, segundo pesquisas

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Negra - Metrópoles
1 de 1 Negra - Metrópoles - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A diferença salarial entre mulheres negras e brancas inseridas no mercado de trabalho é abissal no Distrito Federal. Em média, trabalhadores negras recebem R$ 2.895 mensais de remuneração. Já as brancas, ganham cerca de R$ 4.832. Os dados constam no Boletim Anual Mulheres Negras, elaborado a partir da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), de julho de 2023, e do Boletim Anual da PED, divulgado em novembro de 2022.

Os estudos foram produzidos pelo Instituto de Pesquisa Estatística (IPEDF) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Os números escancaram um abismo de, aproximadamente R$ 2 mil, entre os dois grupos étnicos femininos.

No Entorno, a desigualdade não é menor. Nos 12 municípios vizinhos ao DF, a média salarial de mulheres pretas e pardas despenca para R$ 1.703. Percentualmente, elas sobrevivem somente 35% do que ganham as trabalhadoras brancas da capital brasileira. É uma renda quase três vezes menor.

Para garantir o sustento do lar, mais metade das trabalhadoras negras enfrenta jornadas de trabalho semanais de 39 a 40 horas. E mais uma vez a desigualdade ganha protagonismo: no DF, o rendimento médio por hora trabalhada é R$ 17,34 para mulheres negras. Nos municípios da periferia da capital, este valor cai para R$ 9,96. Praticamente a metade.

A desigualdade atinge em cheio a maior parte da população. Considerando DF e Entorno, as mulheres negras representam 35,9%. Negros somam 32,4%. Enquanto não negras e não negros representam 17,8% e 13,9%, respectivamente.

Desemprego e baixa escolaridade

Na capital, mulheres negras representam 38,4% da população economicamente inativa. Este percentual salta para 52,4% no Entorno. No DF, as afrodescendentes correspondem a 38,7% dos desempregados, somando 98 mil trabalhadoras sem ocupação. Nos municípios da periferia metropolitana, elas representam 46,9% do total de desempregados.

A exclusão começa para a educação. Segundo a pesquisa, maior parte das mulheres negras, tanto no DF quanto no Entorno, tem entre 40 e 59 anos de idade, estão em união estável e tem escolaridade limitada ao ensino médio completo.

De acordo com a pesquisa, aproximadamente, 40% da população feminina negra têm no máximo o ensino fundamental completo. No DF, somente 26,1% completou o ensino superior. No Entorno, apenas 11,1% conquistaram o diploma da faculdade.

Desfavorecidas

Segundo Rodrigo Emmanuel Santana Borges, assessor especial da Coordenação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas do IPEDF, os estudos confirmam desigualdade. “Nós temos a persistência de uma desigualdade. As mulheres são desfavorecidas”, afirmou.

Na avaliação do pesquisador, o Plano Distrital de Políticas para Mulheres deveria reforçar a rede de apoio para mulheres negras. No campo da educação, Rodrigo levanta a necessidade de políticas educativas direcionadas para garantir mais oportunidades e qualificação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou, em 3 de julho, o projeto de igualdade salarial entre homens e mulheres que exerçam o mesmo trabalho ou função. No entanto, para realmente sair do papel, a legislação ainda depende da criação de um protocolo de fiscalização salarial.

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