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Após falhas no vale-transporte, Ibaneis diz que vai acabar com DFTrans

Nesta segunda-feira (8/4), usuários reclamaram que não estavam conseguindo passar o cartão nos validadores: “saldo insuficiente”

atualizado

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Confusao no DFTRAns
1 de 1 Confusao no DFTRAns - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Passageiros de ônibus e metrô enfrentaram transtornos nesta segunda-feira (8/4). Eles se queixaram de não conseguir utilizar os créditos do vale-transporte. Na hora em que passavam o cartão no validador se deparavam com a mensagem “saldo insuficiente”. Revoltadas e em busca de respostas, dezenas de pessoas protestaram no posto do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) na Rodoviária do Plano Piloto na manhã desta segunda-feira (8/4).

A confusão causou reação imediata do governador Ibaneis Rocha (MDB). Em agenda pela manhã, ele pediu desculpas e compreensão aos passageiros e disse que o sistema de bilhetagem vai passar para o Banco de Brasília (BRB). “Eu vou acabar com o DFTrans. Porque aquilo é um órgão que só tem dado trabalho à população, desrespeito. E é uma central de corrupção”, disparou.

“Agora, eu peço paciência à sociedade. Peço desculpas. Mas eu recebi um sistema nessa situação. E preciso de algum tempo para solucionar”, emendou. Na avaliação do emedebista, “o DFTrans foi feito para dar errado”. O governador assegurou que o projeto de mudança da bilhetagem para o BRB está avançado. “O sistema é tão confuso que até para fazer a transferência é difícil”, desabafou.

De acordo com Ibaneis, no lugar do DFTrans deve ser criada uma subsecretaria de fiscalização, dentro da pasta da Secretaria de Mobilidade.

A associação que representa os servidores do órgão — a Assetransp — disse concordar que é preciso reformular a estrutura a estrutura da instituição, “mas sem penalizar os cerca de 159 servidores de carreira do DFTrans que trabalham, incansavelmente, para prestar um serviço melhor a população. Mas que sofrem com um processo de esvaziamento e desvalorização históricos”.

Grávida de três meses, a recepcionista Célia Mendes de Jesus, 33 anos, disse ter se sentido “constrangida” ao ter que pedir dinheiro para outros passageiros. Caso contrário, afirma, o cobrador não teria permitido que continuasse a viagem na integração Santa Maria.

A operadora de caixa Suzana de Andrade Ribeiro, 26, passou por situação semelhante. “Tive que descer do ônibus, voltar pra casa e pegar dinheiro emprestado. Moro na Ceilândia e trabalho no Sudoeste. É muito revoltante. Não tenho dinheiro pra ficar pagando passagem.”

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Célia afirmou ter se sentido “constrangida”
Lúcia Tânia: “Eu me sinto humilhada”
Cartão de Juvenal foi bloqueado
Mensagem no validador: “saldo insuficiente”
Rosalene Miranda, 39 anos, agente de manutenção, mostra comprovante com saldo. “Não consegui embarcar mesmo assim”, disse
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Suzana enfrentou problemas na manhã desta segunda-feira (8/4)

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Célia afirmou ter se sentido “constrangida”

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Lúcia Tânia: “Eu me sinto humilhada”

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Cartão de Juvenal foi bloqueado

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Mensagem no validador: “saldo insuficiente”

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Rosalene Miranda, 39 anos, agente de manutenção, mostra comprovante com saldo. “Não consegui embarcar mesmo assim”, disse

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Para tentar resolver o problema, a auxiliar de limpeza Marizete Ferreira ficou desde as 7h na fila do DFTrans da Rodoviária do Plano. “Chegamos aqui e eles pediram para enviar um e-mail, como se a gente que tivesse que dar satisfação. Não vamos aceitar isso”, ressaltou.

Lúcia Tânia, 53, disse ter se sentido humilhada. “Somos trabalhadores, mas tratam a gente como cachorro e chamam até a polícia”, assinalou. Na hora de pegar um ônibus para Taguatinga, ela afirma que foi obrigada pelo cobrador a descer do coletivo devido à mensagem de saldo insuficiente.

O DFTrans informou, por meio de nota, que 27 mil cartões foram bloqueados preventivamente por suspeita de uso irregular. Segundo o órgão, os usuários foram avisados em fevereiro, por e-mail, que a necessidade de usar o vale mais de seis vezes por dia deveria ser esclarecida.

“Pouco mais de 250 usuários responderam a notificação, mesmo assim muitos com explicações insatisfatórias, informando que usam os cartões para a família, inclusive passeios em finais de semana”, completou a nota. “De acordo com a lei do vale transporte, o trabalhador pode acessar os ônibus para se deslocar de casa para o trabalho e do trabalho para casa”.

O DFTrans calculou um prejuízo de R$ 8,5 milhões apenas em janeiro deste ano. Foi dado um prazo de mais 10 dias para que os passageiros forneçam explicações, e, de acordo com o órgão, os cartões serão desbloqueados ao longo desta segunda-feira. Algumas pessoas afirmaram, porém, usar o vale menos de seis vezes ao dia.

A Polícia Militar foi chamada durante o tumulto na Rodoviária, mas não precisou intervir até as 11h. De acordo com a corporação, pelo menos 200 pessoas reclamam no terminal do bloqueio pela falha no vale-transporte.

Entre os passageiros que protestam, está o pesquisador Juvenal Lourenço, 50. Ele disse que conseguiu pegar o primeiro ônibus do Gama para o Plano Piloto na manhã desta segunda. Inicialmente, apareceu a mensagem de cartão bloqueado, mas Juvenal apresentou o comprovante de saldo que permitiu seu embarque. Na Rodoviária, entretanto, disse que o motorista não permitiu que entrasse, mesmo com o papel em mãos.

A fiscal Luciene Souza, 30, disse que na sexta-feira (5) tinha R$ 343 no vale-transporte. Às 6h desta segunda (8), porém, foi surpreendida com a mensagem de “saldo insuficiente”. Ela conta que chegou a pensar que alguém tinha usado seu cartão. “Não consegui ir ao trabalho. E quero saber como voltar para casa. Quem não tem dinheiro tem que se virar”, disse.

Depois de muita confusão, os usuários foram orientados a enviar um e-mail para o DFTrans solicitando desbloqueio do cartão. No posto de atendimento da rodoviária, muitos pegaram uma declaração de comparecimento para apresentar no trabalho.

 

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