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DF teve proporcionalmente menos mortes que Wuhan e Roma em 1 mês

Levantamento feito pelo Metrópoles compara a situação do Distrito Federal com as cidades que já estiveram no epicentro da pandemia

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Comando Conjunto Planalto realiza a desinfecção da Estação Central do metrô em Brasília, dando continuidade às ações de prevenção e enfrentamento ao coronavírus em locais de grande circulação de passageiros.
1 de 1 Comando Conjunto Planalto realiza a desinfecção da Estação Central do metrô em Brasília, dando continuidade às ações de prevenção e enfrentamento ao coronavírus em locais de grande circulação de passageiros. - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Trinta dias após ter o primeiro caso de coronavírus confirmado, o Distrito Federal apresenta taxa de mortalidade menor que a de Wuhan, onde a Covid-19 surgiu, e de Roma. A China foi o primeiro país a ser epicentro da pandemia. Depois, foi a vez da Itália, que perdeu o posto para os Estados Unidos.

Levantamento feito pelo Metrópoles levando em conta o primeiro mês de contaminação nas três localidades mostra que 3,34% dos moradores contaminados de Wuhan morreram nos primeiros 30 dias da doença. Em Roma, embora os números tenham subido em curva alarmante após o primeiro mês, no início, 2% dos infectados morriam. No DF, o percentual dos casos que chegou a óbito até a noite de sexta era de 1,43%.

Em contrapartida, mesmo com todas as medidas de isolamento tomadas pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) para conter a disseminação do coronavírus na capital federal, o número de infectados em Brasília cresce em ritmo mais rápido do que em Wuhan, se considerada a densidade populacional.

Comparando o período médio de 30 dias do comportamento do vírus em Wuhan, província de Hubei, onde a Covid-19 se manifestou a primeira vez, e em Roma, a primeira cidade da Itália a identificar doentes, os dados são preocupantes, tendo em vista a rápida proliferação do vírus, mesmo em menor densidade demográfica e com medidas austeras do governo local.

Para fazer os cálculos, o Metrópoles considerou o período médio dos primeiros 30 dias de infecção das cidades, segundo informações da Secretaria de Saúde local até as 21h de sexta-feira (03/04) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados usados para calcular a densidade do DF são de 3 milhões de habitantes, para 422 casos confirmados e seis mortos. O DF tem uma área territorial de 5.760 km².

Para Wuhan, os dados usados são os de uma população de 11,08 milhões de pessoas, em um território de 8.494 km². No primeiro mês de infecção, considerando o primeiro caso em 31 de dezembro de 2019 e a soma final em 31 de janeiro de 2020, foram contabilizados 1.347 infectados.

Em Roma, com o primeiro caso identificado em 30 de janeiro, até 1º de março, a capital italiana tinha 1.694 ocorrências da Covid-19. Roma tem 2,8 milhões de habitantes e tinha, à época, 34 mortes.

Velocidade do vírus

Ao levarmos em em conta os casos a cada 100 mil habitantes, se comparados os resultados do primeiro mês da doença em Brasília e o mesmo período em Wuhan, a capital brasileira tem 14,1% a mais de ocorrências confirmadas de Covid-19 do que a província de Hubei.

Isso considerando que Wuhan tem densidade populacional 2,5 vezes maior que a do DF. Ou seja, mesmo tendo menor aglomeração de pessoas por metro quadrado, no DF, a infecção se espalhou mais rápido no período de 30 dias, embora com menos letalidade.

“A proporção de vetores de infecção em Brasília foi muito alta. Temos a comitiva presidencial, as chegadas no aeroporto internacional, mas um número de mortes menor é um dado muito positivo, pois demonstra que o sistema não colapsou”, afirma José Davi Urbaez, médico infectologista e diretor científico da Sociedade de Infectologia do DF.

O especialista ressalta que esse é o recorte de um primeiro mês e que o cenário ainda é imprevisível, mas que os dados deste momento demonstram medidas acertadas e rápidas tomadas na capital da República.

“O que nos preocupa são as mortes. Se começa a morrer uma pessoa atrás da outra, os hospitais passam a não ter como atender, as amostras de exames para detectar o vírus ficam paradas, como está acontecendo em São Paulo. Em Brasília, a situação ainda é um pouco melhor”, analisou.

Medidas acertadas

Urbaez lembra que é preciso manter a vigilância e o isolamento para que as mortes não se tornem “rastros de pólvora”. “O DF agiu rápido, mas ainda precisa reforçar o alerta de isolamento. A situação do Distrito Federal preocupa, sim, e teremos que acompanhar as próximas semanas para ver a evolução dos casos”, afirma.

“Hoje, estamos confirmando a velha frase de que o DF é uma espécie de ilha da fantasia quando comparada ao resto do país. Temos uma estrutura na saúde que é mais robusta para a população em geral. Com todos os problemas, o governador foi atrás de leitos, respiradores e temos condições mais favoráveis”, ressaltou.

A infectologista da Quality Life, Joana D’arc Gonçalves, acredita que a intervenção do governo local, ao promover o isolamento social e a quarentena, pode ter contribuído de forma significativa para a redução de casos de mortes. Porém, ela ressalva que ainda há subnotificações no número de contaminados e mortos pela doença.

“A dificuldade de diagnóstico é um fator de confusão e pode gerar viés na interpretação de alguns dados. Nós sabemos que os testes são caros, há dificuldade na coleta de amostras, há possibilidade de falsos negativos e não são de fácil acesso. Sem falar que não há como testar toda a população. Inúmeras pessoas sintomáticas e assintomáticas não são diagnosticadas”, ressaltou.

Ela ainda pondera que o Brasil está diante de um vírus novo, com possíveis mutações. “Ainda não sabemos exatamente como será o comportamento no Brasil e se as variações genéticas contribuirão para o aumento ou a diminuição de letalidade. Espero que a causa do número menor de mortes no DF seja devido às ações do governo”, completou.

Chegada do vírus à capital

Há um mês, o Distrito Federal registrou o primeiro caso de coronavírus. Uma mulher de 52 anos, recém-chegada de viagem à Europa, era confirmada com o vírus, responsável, até então, pela morte de milhares de pessoas principalmente na China, na Itália e na Espanha.

A advogada contaminada segue internada em estado gravíssimo no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), respirando por aparelhos. O marido dela, que chegou a ser intimado pela Justiça para fazer o teste da doença, ficou de quarentena domiciliar e, recentemente realizou novo teste, que deu negativo.

Mas fora do núcleo familiar, a escalada do coronavírus no Distrito Federal segue sem dar trégua neste primeiro mês: tinha alcançado 422 casos confirmados até a noite de sexta-feira (03/04).

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Casos crescentes no DF

A doença se espalhou na capital mesmo com o fechamento de comércios e parques, suspensão das aulas em escolas, teletrabalho para servidores públicos e alertas constantes do GDF para que as pessoas fiquem em casa.

A maior incidência do coronavírus se dá nas regiões mais ricas da capital. Os destaques na contaminação estão na área central de Brasília, com 227 infectados, sendo 118 no Plano Piloto e 57 no Lago Sul, área com maior número de casos proporcionais.

Desde 5 de março, quando o primeiro caso foi confirmado na capital, só não houve registro de coronavírus entre moradores de Brazlândia, Candangolândia, Itapoã, Planaltina, Fercal, Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN), Setor de Indústria Complementar e Abastecimento (SCIA), Riacho Fundo 2 e Varjão.

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