DF tem, em média, 33 crianças e adolescentes desaparecidos por mês
Entre janeiro e março, Secretaria de Segurança Pública do DF contabilizou 132 ocorrências de desaparecimento de pessoas com menos de 18 anos
atualizado
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Após três dias longe da família, Giovanna Gabriela Lopes Costa, 13 anos, retornou para casa depois de ser localizada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). A jovem ficou sem dar notícias depois de sair da escola, na Asa Sul, em 14 de junho. Ela estava em Valparaíso (GO) com um namorado que conheceu nas mídias sociais.
O drama vivido pelos pais de Giovanna Gabriela se repetiu com as famílias de outras 131 crianças e adolescentes da capital federal. No primeiro trimestre deste ano, a PCDF registrou, em média, 44 casos por mês de pessoas com menos de 18 anos desaparecidas. O dado consta no mais recente levantamento da corporação e representam, também, média de uma ocorrência desse tipo por dia.
Jovem está desaparecida há 8 meses no DF: “Vou achá-la viva ou morta”
A Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) informou que, em geral, 10,2% das crianças até 11 anos ficam sumidas de oito a 30 dias; 66,1% delas reaparecem em até 24 horas.
Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, a porcentagem diminui: cerca de 42% ficam sem dar notícias por até um dia e 7,9% permanecem desaparecidos de um a seis meses. A principal motivação para os desaparecimentos, segundo a pasta, são fugas em decorrência de conflitos familiares, violência doméstica, uso de drogas, além de perda por descuido ou situações de desorientação.
Confira os dados
Parentes da estudante Anna Karolyne de Oliveira Vieira, 14, também ficaram desesperados com o desaparecimento da jovem, na última segunda-feira (5/9). A adolescente sumiu depois de sair da escola, no Novo Gama (GO).
Mãe de Anna Karolyne, Zizélia de Araújo Oliveira, 32, encontrou a filha dois dias depois, na Rodoviária do Gama. Zizélia chegou a registrar boletim de ocorrência e procurou a adolescente em todos os hospitais da região.
Ao entrar em contato com a família novamente, a jovem contou que havia passado os dias na casa do namorado.
“Nós não autorizamos o namoro. Então, ela achou que seria mais fácil fugir para ficar com o rapaz. Agora, é ter mais paciência, cuidado e zelo na hora de falar e proibir as coisas. Precisamos vigiar de perto, porque, quando acontece uma coisas dessas, de a menina fugir e nos deixar morrendo de preocupação, é bem pior”, comenta Zizélia.
Sem notícias há oito meses
Quase oito meses se passaram e Sara Carlos de Moraes da Silva, 15, continua desaparecida. A jovem deixou a casa onde mora, em Taguatinga, para ir ao JK Shopping, por volta das 9h de 16 de janeiro, com a promessa de que retornaria às 16h do mesmo dia. No entanto, a adolescente não retornou nem foi mais vista desde então.
Mesmo após inúmeras buscas sem sucesso, Ana Cleide Carlos de Moraes, 47, não desistiu de procurar pela filha. Ao Metrópoles a cabelereira contou que, todos os dias, arruma o quarto da jovem enquanto aguarda pelo retorno dela.
“Diariamente, fico ansiosa, achando que é o dia em que ela vai aparecer. É uma espera muito triste. Estou muito doente, mas não desisto. Não aceito não saber onde a Sara foi parar”, diz Ana Cleide.
Das 132 crianças e adolescentes desaparecidos de janeiro até março de 2022, 86 delas (65,2%) foram localizadas. Com a expectativa de que Sara entre para esse grupo, a família acredita na possibilidade de a adolescente estar fora do país.
“Vou achá-la, viva ou morta. Só desse jeito que vou conseguir seguir a vida e tirar essa angústia do peito. É desumano perder alguém assim. E não podemos fazer nada”, lamenta a mãe.
Após uma semana sem notícias da filha, Ana Cleide procurou a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) de Taguatinga, que cuida do caso. Os investigadores fizeram várias buscas, segundo ela, mas o celular da jovem está desligado desde o dia do desaparecimento. Para a mãe, Sara saiu com alguém que conheceu nas mídias sociais.
Banco de material genético
Quem tiver informações sobre o paradeiro de pessoas desaparecidas pode entrar em contato com a Polícia Civil pelo telefone 197. É possível prestar informações anonimamente.
Além disso, desde junho de 2021, parentes de desaparecidos passaram a ter mais um aliado para localizar pessoas que sumiram: o DNA, material genético coletado de parentes de indivíduos procurados.
As amostras são recebidas pelo Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA) da PCDF, processadas e inseridas em um banco de dados. Depois, passam a fazer parte da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Atualmente, o sistema tem cerca de 3 mil amostras de familiares e mais de 4 mil restos mortais não identificados.
A doação ocorre de maneira voluntária, feita, preferencialmente, por familiares de primeiro grau da pessoa desaparecida, com a seguinte ordem de preferência: pai e mãe, filhos e irmãos.
O DNA coletado é enviado para o Laboratório de Genética Forense da Polícia Civil, onde o perfil genético é obtido e enviado ao banco nacional do MJSP. Lá, os dados são coletados e comparados a perfis de pessoas com identidade desconhecida, bem como aos restos mortais.
O perfil genético da família só é removido do banco após a identificação das pessoas desaparecidas. Quando são encontradas, as famílias são contatadas pela Polícia Civil.