DF tem aumento de 69% nos casos de mortes causadas por policiais
Dados são do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que compara ocorrências de 2022 e 2023. Polícia Militar do DF domina os números
atualizado
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O Distrito Federal teve um aumento de 68,75% nos casos de mortes decorrentes de intervenções policiais em 2023. A capital pulou de 16 óbitos em 2022 para 27 no ano seguinte.
Os dados são do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18/7) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os números diferenciam policiais militares de civis e especificam se eles estavam em serviço ou de folga.
No caso de policiais civis, em 2022, houve um óbito causado por um agente em serviço. Em 2023, foram duas mortes, sendo uma com envolvimento de um policial de folga e outra, ocasionada por um servidor que estava trabalhando.
Já em relação aos policiais militares, foram 15 mortes causadas por agentes em serviço em 2022. No ano seguinte, esse número subiu para 22 óbitos.
Em 2022, não houve registro de mortes com envolvimento de PMs de folga. Em 2023, no entanto, foram três óbitos causados por agentes que não estavam trabalhando.
Policiais mortos
O anuário também traz dados de policiais mortos nos últimos dois anos. Enquanto a Polícia Militar do DF (PMDF) não contabilizou vítimas, a Polícia Civil (PCDF) teve uma morte em 2023. A agente em questão estava fora de serviço.
Em agosto de 2023, a policial civil Valderia da Silva Barbosa Peres, 46 anos, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 2, em Ceilândia, foi brutalmente assassinada com mais de 64 facadas, segundo laudos do Instituto de Medicina Legal (IML).
A agente foi encontrada no banheiro de casa, em Arniqueira, no dia 11 de agosto. O ex-companheiro da mulher, Leandro Peres Ferreira, 46, é o autor do crime. Ele fugiu e morreu durante uma troca de tiros com a Polícia Militar de Goiás (PMGO) três dias depois, em Porangatu (GO).
Outros casos
Em 6 de julho de 2023, um policial militar do Distrito Federal atropelou e matou uma idosa de 73 anos em São Sebastião. A vítima estava atravessando a faixa de pedestres com a neta, quando foi atingida pelo PM. Ela sofreu sofreu politraumatismo contuso e morreu no local.
De acordo com denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o autor conduzia uma moto oficial da PMDF acima da velocidade permitida na via em que o acidente ocorreu — ele estaria a 65km/h, sendo que o permitido é de 50km/h.
No mês seguinte, um PM da reserva reagiu a um roubo e matou um dos três supostos assaltantes em uma distribuidora de bebidas no Riacho Fundo 2.
À época, o autor contou que estava no comércio com outros amigos, quando três homens chegaram e anunciaram um assalto. O policial aproveitou um momento de distração dos suspeitos e atirou contra eles.
O que dizem a SSP e as polícias
Em nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que, “de acordo com dados do referido Anuário e, ainda, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), as polícias Militar e Civil do DF figuram entre as quatro menos letais do país”.
Segundo a pasta, “todas as ocorrências de mortes em decorrência de ação policial, ou qualquer outro tipo de violência relacionada, são rigorosamente apuradas pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio de inquérito policial, e pelas corregedorias das polícias civil e militar”.
A PMDF disse que “segue o Procedimento Operacional Padrão (POP) da corporação para prevenir ações mais violentas, utilizando uma ordem progressiva do uso da força, pautada na legalidade e nos direitos humanos”.
A Polícia Civil afirmou que a atuação dos agentes “é técnica e sempre precedida de planejamento, evitando, ao máximo, o confronto”. “Os cursos de formação e progressão funcional são contemplados com treinamentos específicos para a boa prática policial. Além disso, a instituição oferece de forma contínua cursos de capacitação e aprimoramento da atividade policial.”