DF: suspeitos de ameaçar Bolsonaro e de ataques terroristas são soltos
Eles ficaram presos nove dias. Trio é acusado de colocar bomba próximo ao Santuário Menino Jesus, em Brazlândia, na véspera de Natal
atualizado
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Foram soltas, por falta de provas, as três pessoas presas pela Polícia Civil do DF suspeitas de ameaçar o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e de fazer ataques terroristas. A liberdade foi concedida pela 7ª Vara Criminal de Brasília, que acatou pedido do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) para arquivar o processo. Elas ficaram presas por nove dias e também são acusadas de colocar uma bomba próximo ao Santuário Menino Jesus, em Brazlândia, na véspera de Natal.
As ameaças contra Bolsonaro, reveladas pelo Metrópoles, são investigadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pela Polícia Federal desde dezembro. Já a Polícia Civil mantém aberto o inquérito que trata da bomba colocada na igreja em Brazlândia e continua as apurações.
Entre as provas que a polícia apresentou, estava um manual de como fazer bombas caseiras e tubos de vidro com substância não identificada, além de “rebites e bolas de gude” apreendidos na casa dos suspeitos. Na ocasião da prisão, a Justiça, em audiência de custódia, entendeu haver “fundada suspeita de tratar-se de substância explosiva”. Porém, os suspeitos alegaram que o manual não pertencia a eles. Disseram, ainda, que o líquido se tratava de remédio fitoterápico.
Também pesou contra a manutenção das prisões o fato de o site Maldição Ancestral, atribuído à Sociedade Secreta Silvestre, grupo que reivindicou o ataque à igreja e fez ameaças a Bolsonaro e outras pessoas, continuar sendo atualizado no período em que os supostos terroristas estavam presos.
Dois dias depois de a polícia prender os suspeitos, uma postagem foi feita zombando da força-tarefa montada para capturar os autores das mensagens de ódio. “Erraram, estúpidos. Vemos indícios de insanidade mental na Polícia Federal e Civil por acreditarem que deteriam com tal facilidade os extremistas de ITS. Até hoje, nunca tocaram um só dedo em um dos nossos: a Sociedade Secreta Silvestre permanece livre e em tocaia”, diz um dos trechos.
Veja:
Conforme apurado pelo Metrópoles, um dos presos em Alto Paraíso (GO) teria tripla nacionalidade e viajaria para o exterior com frequência. Todos foram detidos após a Justiça expedir mandados de prisão temporária.
Ataque em Brazlândia
O caso envolvendo o suposto grupo terrorista começou logo após a madrugada do dia de Natal, quando uma pessoa que passava em frente ao Santuário Menino Jesus, em Brazlândia, estranhou a presença de uma mochila deixada ao lado da igreja e acionou a Polícia Militar.
A PM verificou que se tratava de um artefato explosivo, e o Esquadrão Antibombas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi mobilizado. Depois de isolar as ruas próximas ao templo religioso, o material foi detonado por volta das 4h.
Segundo o Bope, o artefato tinha considerável poder de destruição. O dispositivo era formado por um cilindro de extintor de incêndio contendo pólvora e pregos, além de um detonador movimentado por um relógio. O suposto grupo extremista reivindicou a autoria do atentado.
“Nós reivindicamos o abandono de um explosivo de 5 kg recheado de pregos e pólvora negra no Santuário Menino Jesus”, narrou texto publicado na internet.
As investigações conduzidas pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) chegaram ao site Maldição Ancestral, no qual o suposto grupo terrorista Sociedade Secreta Silvestre fazia uma série de ameaças que se estendiam ao presidente, Jair Bolsonaro, e a outros alvos, como a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o cardeal dom Sérgio da Rocha.
Em trechos de um texto publicado na internet, a suposta organização criminosa diz o seguinte: “Se a facada não foi suficiente para matar Bolsonaro, talvez ele venha a ter mais surpresas em algum outro momento, já que não somos os únicos a querer a sua cabeça”.
Intermediário
Após revelar a existência da suposta ameaça terrorista, a reportagem foi procurada por um intermediário do grupo – ele explicou em que consiste a organização e respondeu a 10 perguntas.
O homem, que se identificou como Pedro, encaminhou o texto via e-mail por um navegador impossível de ser rastreado, geralmente utilizado para trafegar na chamada deep web – a parte sombria da internet, composta por várias redes separadas que não conversam entre si.
Para garantir a veracidade das informações e confirmar que faz parte do suposto grupo terrorista, o representante da organização mandou um arquivo de vídeo mostrando detalhes da bomba deixada no Santuário Menino Jesus.
Pedro afirmou que a Sociedade Secreta Silvestre é responsável, desde 2016, por pelo menos seis ataques em território nacional. Entre eles, a explosão de uma panela de pressão carregada com pólvora e pregos ocorrida em frente ao shopping Conjunto Nacional, em 1º de agosto de 2016, na véspera das Olimpíadas do Rio de Janeiro.
No documento enviado, o homem ainda fez pouco caso das forças policiais: “Soubemos depois que tentaram nos buscar, mas a competência foi baixa e seguimos impunes e conspirando”.
Apesar da preocupação e com um forte esquema de segurança, a cerimônia de posse de Jair Bolsonaro transcorreu sem incidentes. De acordo com a Polícia Federal, as investigações sobre o suposto grupo terrorista prosseguem em segredo de Justiça. São apurados os crimes de associação criminosa, além de outros ilícitos que possam vir a ser identificados no decorrer das diligências. (Com informações da Agência Estado)