DF: sequestro de motorista de app durou 20 horas
Polícia procura casal acusado de roubar e sequestrar Samuel Veras dos Santos, 41 anos, na Estrutural
atualizado
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O motorista de aplicativo Samuel Veras dos Santos (foto em destaque), 41 anos, passou momentos de terror entre a manhã de quarta-feira (29/01/2020) e de quinta-feira (30/01/2020). Ele ficou 20 horas nas mãos de bandidos, após atender a uma corrida na Estrutural, onde mora. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) procura um casal acusado de render e sequestrar a vítima. Eles a deixaram amarrada dentro do próprio carro.
De acordo com o delegado-chefe da 8ª DP (SIA), Rodrigo Bonach, o homem atendeu ao chamado na Estrutural por volta das 10h da manhã de quarta. “Um casal o rendeu com uma faca e uma arma, o agrediu com socos e mandou ele rodar”, conta.
Depois de algumas horas circulando pelo DF, o casal teria mandado Samuel descer do carro e o colocado no porta-malas. “Durante esse período, eles cometeram crimes até mandar ele voltar novamente à direção”, explica Bonach. Os suspeitos teriam roubado celulares e buscado drogas em um local ainda desconhecido pela PCDF.
Quando o motorista retomou o volante, entrou em uma estrada de terra e viu a oportunidade de acabar com o sequestro. “A vítima enfiou o carro em um atoleiro e o veículo ficou preso, sem conseguir mais rodar”, diz o delegado.
O casal, então, desferiu facadas na cabeça e nos braços de Samuel e roubou pertences dele. “Foram levados R$ 1,1 mil e um frasco de perfume, mas o celular ficou com ele”, afirmou Bonach.
Na fuga, os bandidos ainda amarraram a cabeça de Samuel no encosto do banco de motorista e ataram braços e pernas.
Agora, a 8ª DP aguarda o resultado dos laudos periciais do carro e tenta encontrar vestígios dos dois sequestradores. “Está sendo feita uma análise detalhada do veículo para encontrarmos esse casal”, finalizou o delegado.
O veículo da vítima passará pela câmara de fumigação de cianoacrilato, máquina que revela digitais em veículos usados em crimes.
Hospital
De acordo com a mulher do condutor, o último contato foi feito por volta das 9h de quarta-feira (29/01/2020), e Samuel foi encontrado por volta das 7h40 desta quinta (30/01/2020), perto da linha férrea próximo à Estrutural. Ele foi levado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF).
Dagilton de Souza Mendes, 59 anos, é amigo e pastor da igreja que Samuel, pai de quatro filhos, frequenta. “Conheço o Samuel há 10 anos. Graças a Deus foi encontrado com vida”, comemorou.
“De acordo com a polícia, Samuel rodou até as 18h, provavelmente sob o poder dos criminosos. Fizemos vários grupos de busca até que ele foi achado”, continuou Dagilton.
O automóvel que Samuel usava era alugado, segundo o pastor. “Ele é muito tranquilo e gente boa. Estava procurando emprego e até tinha alguns currículos no carro. Um dia antes de acontecer isso, Samuel me falou que queria abandonar esse trabalho porque tinha muito medo”, confidenciou.
Dois mortos
Na manhã do dia 23 de janeiro, o corpo de um motorista de aplicativo foi encontrado no Condomínio Núcleo Rural Boa Esperança ll, na região da Granja do Torto. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) esteve no local, por volta das 7h, e achou também um carro Renault Logan de cor branca.
O cadáver estava de bruços dentro de uma poça de água. O veículo estava em outra vala. O lugar fica próximo ao Condomínio Boa Esperança. Havia também duas facas onde o homem foi achado.
Maurício Cuquejo Sodré, 29, morava em Santa Maria. Ele era formado em gastronomia e sonhava em montar seu próprio restaurante. Horas depois, a Polícia Civil prendeu três adultos e um adolescente suspeitos de envolvimento no assassinato do motorista de aplicativo. O rapaz levou diversas facadas.
Neste começo de ano, outro motorista de app foi assassinado. A vítima era Aldenys da Silva, 29. Nessa quarta-feira (29/01/2020), a Polícia Militar prendeu Natanael Pereira Barros, 19, no centro de Taguatinga, acusado pelo crime.
Segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), em dois anos, a capital teve 145 ocorrências de roubo com restrição de liberdade em que as vítimas trabalhavam como condutores de apps. O balanço expõe o crescimento da prática criminosa: o montante saltou de 38 registros em 2018 para 107 episódios no último ano.