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DF sem socorro: metade das ambulâncias do Samu está parada na capital

Segundo documentos da Secretaria de Saúde, cerca de 50% das ambulâncias estão paradas sem transportar pacientes e socorrer pessoas nas ruas

atualizado

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1 de 1 Samu - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Metade das ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estão paradas no Distrito Federal. O Metrópoles teve acesso a documentos da Secretaria de Saúde, que revelam a situação da frota de resgate na capital da República. Na sexta-feira (12/4), de um total de 40 veículos, 21 não estavam nas ruas, para socorro da população ou transporte de pacientes.

Segundo a documentação oficial, o Samu-DF tem 10 ambulâncias de Unidades de Suporte Avançado (USA), mas nove estão fora de operação. Pelos documentos, o serviço tem 30 veículos de Unidades de Suporte Básico (USB), 12 paradas. Segundo servidores da pasta, a maior parte está parada por falta de manutenção.

Na manhã de sexta-feira, segundo a documentação, 182 pacientes aguardavam as ambulâncias do Samu. Desse total, 166 estavam na fila para resgate nas ruas. Os outros 16 precisavam de transferência de unidades de terapia intensiva (UTIs) entre hospitais da rede pública.

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Entre as 182 pessoas à espera de resgate e transferências, 13 eram bebês recém-nascidos, com até 28 dias de vida. Outros 56 eram crianças e 113, adultos. Sem veículos suficientes, as equipes do Samu redobram os esforços para conseguir atender aos pacientes e evitar mortes e sequelas. O serviço também conta com motolâncias, prontas para situações de primeiro-socorros, sem opção de transferência do paciente para unidades hospitalares.

Jorge Vianna
Deputado distrital Jorge Vianna (PSD)

Pacientes sem socorro

Ao longo dos últimos anos, tem sido recorrente o registro de crises nas ambulâncias do Samu. A deputada Dayse Amarilio (PSB), representante da enfermagem na Câmara Legislativa (CLDF), também recebeu relatos de veículos parados.

“Além da dificuldade que temos para conseguir as vagas em razão do giro de leitos, ainda temos o Samu que não está fazendo o que precisa fazer, que é atenção pré-hospitalar. Os pacientes além de precisarem de UTI , quando tem UTI não tem como chegar no leito por falta de veículos do Samu”, alertou.

“A maioria dos veículos está parada em razão de contratos de manutenção”, comentou a parlamentar. Segundo a deputada, a Secretaria de Saúde precisa sanar os problemas dos contratos e garantir as ambulâncias nas ruas com urgência.

Coincidentemente, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) enviou, em 3 de abril, uma recomendação à Secretária de Saúde e à diretoria do Samu para que apresentem, em até 90 dias, um plano de ação para regularizar o transporte de pacientes entre hospitais.

Segundo a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), o Samu teve cerca 43 mil ocorrências não atendidas em 2022, um aumento de 230% em relação a 2019. Além disso, 61,73% do suporte avançado oferecido é para transporte entre hospitais e unidades da rede pública.

Fotografia colorida de mulher loira de cabelo curto sorrindo
Deputada distrital Dayse Amarilio (PSB)

“Falta de atenção especial”

Servidor da SES-DF, no cargo de técnico de enfermagem, o deputado distrital Jorge Vianna (PSD) disse avaliar que falta uma atenção especial do governo para a situação das ambulâncias do Samu na capital do país, principalmente em relação à manutenção dos veículos e à contratação de mais servidores.

“Sou oriundo do Samu e venho todos os anos tentando ajudar a melhorar a instituição. Já encaminhei recursos para fazer três bases do Samu, duas em Taguatinga e uma em Samambaia. Também fiz repasse para compra de EPIs [equipamento de proteção individual], motos e macacões. Algumas emendas já foram executadas. Só neste ano, já enviei mais de R$ 1 milhão para comprar novos macacões”, afirma Vianna.

De acordo com o parlamentar, a falta de manutenção das viaturas mostra reflete a realidade que o órgão enfrenta há anos. “Está precisando de uma atenção especial para os serviços do Samu. Nas ruas, a gente está exposto não só aos perigos naturais, mas também de integridade física. O serviço tem uma atividade diferenciada, mas parece que não está tendo a atenção devida”, comenta.

O problema afeta todos os tipos de atendimentos pré-hospitalares realizados pelo Samu, o que prejudica diretamente aqueles que mais precisam: os pacientes. “A gente estima que, uma ambulância avançada tem capacidade de realizar cinco remoções em 24h. Uma só viatura parada tem prejuízo de, pelo menos, cinco remoções de pacientes graves por dia”, salienta o deputado.

Outro lado

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde, que apresentou um quantitativo de veículos diferente. A pasta argumentou que tem 38 ambulâncias. Deste total, 18 estavam paradas. Ou seja, 47,3% da frota estaria fora das ruas, segundo a pasta.

A Saúde argumentou, ainda, que o serviço de manutenção é realizado por contrato corporativo da Secretaria de Economia. “A SES já atuou na aquisição de novas motos, ambulâncias, ampliando a reserva técnica de viaturas do Samu para preservar a cobertura assistencial de ambulâncias que operam 24 horas por dia, sete dias por semana”, afirmou.

Leia a nota completa:

A Secretaria de Saúde informa que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) atua hoje em todo o território do Distrito Federal com uma frota atual de 30 Unidades Básicas (USBs) e, 8 Unidades Avançadas (USAs), além de 1 Unidade Aeromédica, em parceria com CBMDF, e 10 duplas de motos.

A cobertura do atendimento pré-hospitalar, varia em tempo real em decorrência da grande quantidade de entrada e saída ininterrupta de veículos em status de manutenção preventiva ou corretiva. A média de idade da frota é de 3 anos, no entanto, o ciclo de manutenção é constante dada a natureza exigente do serviço e o desgaste natural de peças. A média chega a 65 quilômetros por dia. Para se ter uma ideia, há veículos que chegam a percorrer mais de 500 km em um único dia, devido às distâncias percorridas.

Nesse momento, o controle de frota do SAMU contabiliza 5 unidades avançadas e 13 unidades básicas desativadas.

O serviço de manutenção é realizado por contrato corporativo da Secretaria de Economia – que atende a 70 órgãos do GDF, incluindo SES e Samu.

Mediante essa necessidade contínua, a SES já atuou na aquisição de novas motos, ambulâncias, ampliando a reserva técnica de viaturas do Samu para preservar a cobertura assistencial de ambulâncias que operam 24 horas por dia, sete dias por semana.

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