DF perdeu 774 doses de vacinas contra a Covid. Entenda por quê
Maioria das inutilizações ocorreu por frascos que chegam com volume inferior àquele definido na bula ou por queda dos vidros
atualizado
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A Secretaria de Saúde (SES) calculou a perda de 774 doses da vacina contra a Covid-19 no Distrito Federal. Chamada de “perda física” ou “problemas técnicos”, ainda há outras 385 porções do imunizante que estão sob análise para saber se não têm mais eficácia, o que pode significar prejuízo de 1.159 aplicações na capital.
A inutilização dessas doses têm diversos motivos. Só a quebra de frascos, quando o vidro cai no chão, por exemplo, representa 61 ocorrências. A SES também foi comunicada de um líquido que teve mudança de cor e outros dois frascos que tiveram perda de pressão.
O motivo mais recorrente, no entanto, é o volume inferior ao descrito na bula. Segundo o relatório da Subsecretaria de Vigilância à Saúde, 710 frascos vieram com menos mililitros do que o recomendado. Isso faz com que a dose seja descartada por não garantir a imunização.
Há a possibilidade deste número aumentar ainda mais. A secretaria informa que 385 doses ficaram fora da temperatura recomendada na bula e, por essa razão, precisam passar por uma análise do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fiocruz, para que seja verificada se a eficácia da vacina foi ou não comprometida.
Números totais
O DF já contabiliza 241.697 vacinas aplicadas em todas as regiões administrativas desde o dia 19 de janeiro. Foram 185.299 como primeira dose e 56.398 como segunda. Deste total, 75,4% eram Coronavac e 24,6% da AztraZeneca.
Dividido por faixa etária, os idosos de 80 ou mais exibem a maior cobertura vacinal de primeiras doses: 103,7%. Dos idosos de 75 a 79 anos, os quais tiveram liberação gradativa para vacinação, 85,9% iniciaram o esquema vacinal. Ainda, dos idosos de 65 a 69 anos, que foram incluídos por último no grupo alvo do período considerado, 9,7% receberam a primeira dose.
Outro dado que chama a atenção é que 29.106 pessoas que moram fora do Distrito Federal receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em solo brasiliense. Com a segunda dose, esse número é de 10.922.
A maioria dos vacinados de fora do DF vieram do estado de Goiás: são um total de 14.444 pessoas. Minas Gerais aparece em segundo lugar, com 3.477 de seus cidadãos vacinados na capital; Rio de Janeiro, em terceiro, com 1.568; e São Paulo em quarto, com 1.545 imunizados no DF.
O que diz a Saúde
Procurada, a Secretaria de Saúde informou que frascos com volume insuficiente são considerados um problema técnico do produto, devendo ser notificado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o fabricante seja comunicado.
O mesmo procedimento deve ser adotado, segundo a pasta, no caso da falta de pressão e mudança de cor no líquido do frasco.
Com relação às 385 doses que ficaram fora da temperatura recomendada, a SES disse que o fato ocorreu no momento do transporte entre as unidades, mas não deu prazo para o resultado da análise e nem justificou o erro cometido.
Questionada se o número de 774 perdas é esperado, a secretaria disse que o Ministério da Saúde está considerando uma reserva técnica de 5% para as possíveis perdas operacionais.
Segundo a nota, “o monitoramento contínuo do uso de vacinas deve ser de responsabilidade de todos os serviços de vacinação, a fim de fornecer aos gestores da SES a orientação correta e estabelecer as ações corretivas para reduzir a perda de vacinas”.
Para alcançar este fim, a Saúde afirma que, “antes do início da campanha de vacinação contra a Covid foram realizados treinamentos com todos os responsáveis técnicos dos serviços de vacinação para ressaltar o acondicionamento correto das vacinas, a forma adequada de transporte e a elaboração de procedimentos operacionais padrão com a finalidade de obter processos de trabalho padronizados”.