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DF: mulheres ganham menos do que homens em 8 de cada 10 funções

Levantamento da plataforma Quero Bolsa apontou que a diferença salarial entre elas e eles passou de R$ 878, em 2018, para R$ 967, em 2019

atualizado

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Diferença-salarial-entre-homens-e-mulheres-Farmacêutica-Cleide-Regina-da-Silva
1 de 1 Diferença-salarial-entre-homens-e-mulheres-Farmacêutica-Cleide-Regina-da-Silva - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Neste domingo (08/03), é comemorado o Dia Internacional da Mulher. No entanto, no que se refere a salário, há ainda um abismo a ser vencido. Levantamento feito no Distrito Federal pela plataforma de vagas e bolsas de estudo no ensino superior Quero Bolsa aponta que elas ganham menos do que os homens em oito das 10 ocupações selecionadas na análise.

Mesmo com a desigualdade tendo oscilado para baixo entre 2011 e 2018, a diferença salarial nas contratações ainda é grande: passou de R$ 878,29, em 2018, para R$ 967,65, em 2019, representando uma alta de 11,5% na capital do país

Gráfico que mostra diferença salarial nas contratações entre homens e mulheres em 2018 e 2019
Gráfico que mostra diferença salarial nas contratações entre homens e mulheres em 2018 e 2019

O levantamento foi realizado com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O provento médio das profissionais com ensino superior foi de R$ 2.203,27. Isso corresponde a apenas 69,6% do salário dos homens na mesma situação, que foi de R$ 3.166,38. É a menor proporção desde 2017.

Entretanto, mesmo com vencimentos menores, mulheres com diploma de nível superior são contratadas em maior número. Foram 28.070 vagas preenchidas por profissionais do sexo feminino contra 19.705 por profissionais masculinos.

Confira a proporção do salário delas em relação ao deles:

Arte com porcentagem de quanto ganha uma mulher em relação aos homens em diferentes profissões
Arte com porcentagem de quanto ganha uma mulher em relação aos homens em diferentes profissões

A maior desigualdade identificada foi para o cargo de analista de redes e de comunicação de dados, com o salário das mulheres correspondendo a 77,5% do dos homens.

Confira os salários das contratações de mulheres e homens nas 10 carreiras analisadas:

Diferença-salarial-entre-homens-e-mulheres-no-nível-superior
Levantamento do Quero Bolsa sobre diferença salarial entre homens e mulheres aponta alta de 11,5% no DF

Farmacêutica, professora e proprietária da Pioneira Farmácia e Manipulação, Cleide Regina da Silva (foto em destaque), 66 anos, atua no mercado há 16 anos. Segundo ela, na última década houve evolução.

Cleide exemplifica que em sua empresa, homens e mulheres recebem a mesma remuneração. “A igualdade de gênero significa direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres. Isso é o mais importante. Dependendo das responsabilidades atribuídas ao cargo dentro da farmácia, pode até ser que um ganhe mais do que o outro, mas se o trabalho for o mesmo, não há explicação.”

Ainda de acordo com Cleide, algumas empresas dão preferência aos homens por causa da licença-maternidade.

“Isso é muito ruim para nós, mulheres. Enxergo que os direitos deveriam ser os mesmos, mas, infelizmente, não são. Atualmente, vimos uma mudança e evolução tremenda. E isso vem mudando a visão do mundo com a figura feminina líder e em áreas que até pouco tempo eram dominadas pelos homens.”

De braços cruzados e jaleco, a farmacêutica diz que ainda há diferença salarial entre homens e mulheres
Farmacêutica, professora e proprietária da Pioneira Farmácia e Manipulação, Cleide Regina da Silva atua no mercado há 16 anos.

A preparadora física Larissa Oliveira, 30, moradora de Taguatinga, exemplifica os números da pesquisa. Ela trabalhava em uma academia da capital e saiu após retornar da licença-maternidade. Hoje, recebe menos do que ganhava antes da gravidez.

Para ela, enquanto a carreira dos homens é sempre ascendente, a das mulheres é como um “U”. “Ou seja, a mulher consegue ganhar espaço até o momento que começa a ter filhos e, depois disso, acaba tendo perdas e só volta a poder se dedicar à carreira quando eles crescem”, opinou.

Mulheres são mais escolarizadas

Apesar de receberem um salário proporcionalmente menor, no Distrito Federal as mulheres são maioria no ensino superior, com 123.480 matriculadas (55,7%) contra 98.055 homens.

Elas também estão em maior número na pesquisa científica, com 58,1% do total dos estudantes com iniciação científica. As informações sobre graduação foram levantadas pelo Quero Bolsa, utilizando os dados do Censo da Educação Superior de 2018 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep).

Boas práticas

Julia de Baére Cavalcanti d’Albuquerque e Ana Carolina Andrada Arrais Caputo Bastos compõem o coletivo feminista de advogadas “Elas pedem vista”. Ainda neste mês, as profissionais pretendem lançar uma cartilha sobre boas práticas de parentalidade na advocacia sobre a importância da divisão na criação dos filhos e divisão das tarefas domésticas.

“Nós entendemos que o assunto está completamente relacionado. Estamos lançando essa cartilha, pois acreditamos que esse espaço diminuto de poder é decorrente dessa ausência de divisão de tarefas domésticas e no cuidado com os filhos”, disse a advogada Julia de Baére.

Julia acrescentou que a organização de trabalho brasileiro tende à manutenção da divisão sexual de trabalho.

“O homem é o provedor e a mulher tem de se dedicar ao universo familiar. Isso pesa muito culturalmente. As normas não são comprometidas com a divisão igualitária de tarefas domésticas. Esse fator dificulta o acesso da mulher a cargos de poder e a chegar no pé da igualdade.”

O objetivo da cartilha, segundo a advogada Ana Carolina Caputo, é fazer uma reflexão de boas e mínimas práticas para que a estrutura do local de trabalho, em especial os escritórios de advocacia.

Advogada Júlia de Baére segura a cartilha "Boas Práticas Sobre Parentalidade na Advogacia"
A advogada Julia de Baére do “Elas pedem vista” com a cartilha de boas práticas sobre parentalidade na advocacia

Para mulheres que quiserem se aprofundar mais nos assuntos do universo feminino, o grupo promoverá nesta segunda-feira (09/03) um debate sobre avanços e desafios femininos na nova década. O evento ocorre no B Hotel, no Setor Hoteleiro Norte (SHN), às 18h30. As vagas são limitadas.

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