DF: médico que teve Covid-19 relata efeito positivo da cloroquina
O cardiologista José Roberto Barreto, chefe da Cardiologia do Hospital HOME, usou o remédio no início da infecção e está imune ao vírus
atualizado
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Responsável pelo setor de cardiologia do Hospital HOME, em Brasília, o médico José Roberto Barreto defendeu o uso da cloroquina no tratamento do novo coronavírus. Formado pela Universidade de Brasília (UnB), o cardiologista foi testado positivo e usou o remédio para se curar da Covid-19. Entretanto, ponderou que a substância deve ser receitada por profissionais e criticou a automedicação.
Ao Metrópoles, o cardiologista confirmou a veracidade de um relato que viralizou nas redes sociais sobre o protocolo de tratamento à infecção. No texto, ele relatou detalhes dos sintomas que sentiu, de como foi feito o diagnóstico e do protocolo adotado pela unidade de saúde.
Amplamente defendida pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), a cloroquina é uma substância tradicionalmente usada para o tratamento de artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária. Ainda não há confirmação científica, contudo, da eficácia no combate à Covid-19.
Segundo Barreto, em 7 de abril, ele sentiu coriza e leve dor de cabeça. Dois dias depois, fez exame de rotina e aproveitou para pedir um teste de coronavírus. No dia 10 de abril, enquanto os resultados não saíam, o médico contou que não apresentava sintomas do vírus e chegou a correr 6km, durante a manhã, sem se sentir indisposto.
À tarde, por volta das 14h, recebeu o resultado positivo. “Comuniquei a infectologista do hospital e fizemos o protocolo de tratamento para pacientes com sintomas de coronavírus e para aqueles já diagnosticados. Exame de sangue, tomografia do tórax, cada hospital tem seu protocolo”, completou.
Apesar de estar assintomático, o vírus já aparecia em um dos pulmões e o hemograma apresentou alterações, situação típica em casos de Covid-19. “Nas imagens, dava para ver uma lesão discreta na base do pulmão direito. Meu hemograma deu alterado, houve aumento de ferritina, aumento no dedímero, que é um marcador para fenômenos tromboembólicos”, contou.
Medicação
Foi então que uma colega receitou a Barreto o difosfato de cloroquina. No mesmo dia, ele já tomou dois comprimidos do remédio por 12 horas. A partir do segundo dia e por mais cinco, o tratamento passou a ser com apenas um comprimido a cada 24 horas.
Ao final do quinto dia, ele repetiu os exames, que não estavam mais alterados. Durante o tratamento, ele relatou ter apenas gases, apesar de reconhecer que o medicamento apresenta alguns efeitos colaterais mais severos. Entretanto, explicou que dependem de cada organismo e do nível em que a doença se encontra.
“Eu descobri o diagnóstico no início. Isso foi fundamental, claro. Dois dias depois de ter tomado o remédio, meus exames estavam praticamente normalizados”, relatou. Para o cardiologista, os hospitais “estão preparados para receber pacientes com coronavírus e tratá-los”.
Contra automedicação
Barreto ressaltou a importância de um médico receitar a cloroquina e citou a possibilidade do uso da telemedicina durante a pandemia. “É muito importante, porque o médico pode fazer o diagnóstico dos pacientes. No meu caso, o que pesou para o uso do remédio foi a lesão no pulmão”, ponderou.
O especialista afirmou que os hospitais têm que avisar o paciente de que farão o tratamento com a substância e precisam pedir autorização, por não ser cientificamente comprovado o uso da cloriquina no combate ao novo vírus. Segundo o cardiologista, agora ele está “imune” ao micro-organismo, por ter criado anticorpos suficientes para combatê-lo em uma possível nova infecção.
Prevenção
O chefe de cardiologia do HOME defendeu o uso da cloroquina, mas também falou da importância das medidas de prevenção à infecção, como o distanciamento social, as máscaras e a higiene das mãos. De acordo com o médico, se mais exames fossem feitos, o isolamento vertical seria uma opção.
“Se fossem feitos mais exames de sangue rápidos, principalmente em profissionais da saúde e da segurança, daria para, gradativamente, reduzir o isolamento social. Haveria uma ideia mais real de quantos pacientes estariam imunes à doença.”