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DF: jovem morre baleado após briga com PM em boate

O crime ocorreu na madrugada desta sexta-feira (28/06/2019). Sargento diz que reagiu a roubo, mas testemunha disse que houve discussão

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Um jovem, de 20 anos, morreu baleado após se envolver em uma briga com um policial militar do Distrito Federal na madrugada desta sexta-feira (28/06/2019), na quadra 47 do Itapoã. A PCDF investiga o segundo-sargento Carlos Eduardo Lopes Vidal, acusado pelo crime, inicialmente tratado como homicídio. Ele se apresentou espontaneamente na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá). Foi ouvido e teve a arma apreendida. Argumentou, na ocasião, que reagiu a uma tentativa de roubo.

“No entanto, testemunha-chave do caso, que teria envolvimento com o PM, afirma que um mal-entendido gerou uma confusão generalizada e o policial recebeu um soco no rosto, oportunidade em que reagiu dando um tiro na vítima, que foi socorrida, mas morreu no hospital. O caso segue sendo apurado como homicídio e outras vítimas serão ouvidas ao longo do dia”, disse a delegada-chefe da 6ª DP, Jane Klébia.

Identificado como Ithallo Matias Gomes, a vítima, após ter sido baleada, deu entrada no Hospital Regional do Paranoá, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O rapaz trabalhava como mecânico e não tinha passagens pela polícia, assim como o PM. Uma jovem que compareceu à DP disse que o homem morava de favor na casa dela na quadra 01 do Condomínio Entre Lagos.

Após a liberação do sargento, uma equipe da 6ª DP esteve no local do crime. O estabelecimento fica em cima da loja Rocca. Na porta, há uma inscrição intitulada “Secret”. O proprietário disse que a confusão ocorreu na boate, inclusive o disparo de arma de fogo, e que ele teria pedido para que levassem a vítima ao hospital.

Na delegacia, o PM contou que é lotado no 20º Batalhão da PMDF, no Gama, há três meses. Afirmou ainda que chegou sozinho ao estabelecimento, por volta das 21h de quinta-feira (27/06/2019), e permaneceu no local até a 1h de sexta. Neste período, segundo contou, fez uso de bebida alcoólica, mas de forma moderada.

Relatou ainda que se preparava para ir embora, quando um homem se aproximou e teria tentado roubar sua arma, que estava na cintura. Ele reagiu e segurou a mão do rapaz. No entanto, afirmou, o suspeito conseguiu retirar a pistola da cintura do policial. Neste momento, enquanto ambos puxavam a pistola, ela teria disparado.

O segundo-sargente disse que não tem certeza de quem acionou o gatilho. Houve pânico e gritaria na boate. O policial foi em seguida para a 6ª DP para comunicar o fato. E acrescentou que, ate à chegada à delegacia, não sabia se o rapaz havia sido atingido.

4 imagens
Local onde o jovem foi baleado
Casa noturna onde a vítima foi baleada
Delegada Jane Klébia, responsável por investigar o caso
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Ithallo Matias Gomes trabalhava como mecânico e não tinha passagens pela polícia

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Local onde o jovem foi baleado

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Casa noturna onde a vítima foi baleada

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Delegada Jane Klébia, responsável por investigar o caso

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Apontada pela polícia como testemunha-chave, uma mulher contou na DP que chegou à boate com um grupo e Carlos Eduardo teria ido ao local logo depois com dois colegas. Ao se aproximar para cumprimentá-la, os rapazes, que estavam com a suposta amante, acharam que o PM “estava dando em cima” da testemunha. Iniciou-se uma confusão entre eles, com empurrões e puxões de camisetas por parte de ambos os grupos.

Um dos rapazes teria dado um soco no rosto de Carlos Eduardo, derrubando os óculos de grau dele. Em seguida, houve uma confusão generalizada no estabelecimento. De acordo com a testemunha, o segundo-sargento avançou sobre o agressor e fez um disparo. Ela não viu no momento se o tiro havia acertado alguém, mas se deparou com a vítima ferida logo depois.

Comerciantes da área onde ocorreu a confusão dizem que as festas na boate/bar ocorrem todos os dias da semana. “Regadas a drogas e sexo. A gente não tem paz. Quando chegamos para trabalhar pela manhã, as entradas dos comércios estão cheias de mijo. O cheiro é horrível”, disse um deles, que preferiu não se identificar.

Outra pessoa disse que testemunhou um funcionário da boate colocando a vítima dentro do carro para levá-la ao hospital. “Por volta de 1h. Eles fazem isso para fugir do flagrante. Não ouvimos barulho de tiro, mas foi possível presenciar a confusão logo depois da ação. Algumas pessoas desceram gritando. A música estava muito alta. Eles acabam as festas aqui só por volta das 5h. É um pardieiro. Demorou muito para um crime ocorrer”, contou a testemunha.

Um morador da quadra tratou o caso como “tragédia anunciada”. “Faz um ano que isso funciona neste endereço. Já foram registradas outras ocorrências de tráfico e até mesmo de homicídio. Eles dizem que é bar e boate, mas sabemos que vai muito além. Pedimos a interdição do prédio para a Agefis (Agência de Fiscalização do DF), mas a empresa faz vista grossa”, destacou.

Barril 66

No dia 15 de abril deste ano, aconteceu outro caso semelhante, em que o acusado foi um policial civil. Ele matou a tiros um PM na casa noturna Barril 66, às margens da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB). Uma mulher também ficou ferida pelos disparos feitos dentro do estabelecimento e precisou ser levada ao Instituto Hospital de Base do DF (IHBDF). Houve pânico e correria no local.

A vítima é o primeiro-tenente Herison Oliveira Bezerra, 38 anos, que era lotado no 10º Batalhão de Polícia Militar (Ceilândia). O oficial levou três tiros – dois no tórax e um no abdômen. Ele chegou a ser levado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), mas não resistiu aos ferimentos.

Câmeras de segurança da boate mostram o momento dos disparos. Nas imagens, é possível ver o policial militar passando em frente ao agente. Eles se esbarram e o policial civil saca a arma e atira. O PM chega a pegar a pistola, mas é alvejado antes. Aos delegados, o acusado alegou legítima defesa.

Recomendação do MPDFT

O mais recente caso reascende a polêmica sobre o uso de armas por agentes das forças de segurança local em momentos de lazer. Uma recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) diz que, antes de entrarem em estabelecimentos armados, precisam assinar um termo de responsabilidade.

No documento expedido pelo Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (NCAP), está ainda a “expressa proibição do uso de bebida alcoólica nas casas de diversão pública e congêneres, quando tiverem a entrada franqueada em razão do serviço”. Além disso, em outra recomendação, o MP prevê regras mais duras para as chamadas “carteiradas” de servidores da PCDF.

 

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