DF já teve uma morte por dengue ao ano. Em 2024, são 109. O que houve?
Desde o início da série histórica, em 2007, a Secretaria de Saúde do DF registrou 373 mortes por dengue. Dessas, 109 foram só em 2024
atualizado
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Entre o início deste ano e 9 de março, o Distrito Federal registrou 109 mortes por dengue. O número representa quase 30% do total de óbitos notificados na série histórica da doença, desde 2007. Ao longo desses 17 anos, já teve ano que houve apenas uma morte em decorrência da doença na capital federal.
De acordo com os dados da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), antes de 2024, o recorde de mortes pela doença tinha sido em 2019, quando 59 vidas foram perdidas para a infecção transmitida pelo Aedes aegpyti.
Em contrapartida, em 2008, 2011 e 2012 houve apenas uma morte por dengue, em cada ano. Em 2009 e 2018, o governo local registrou dois óbitos cada, causados pela dengue no decorrer dos 365 dias do calendário.
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Mudança de sorotipo e calor
Além do aumento de mortes, o DF também registrou um maior número de infecções. Desde o início do ano, foram mais de 140 mil casos prováveis da doença.
Segundo a Secretaria de Saúde, o sorotipo 2 é o mais dominante no DF este ano. Essa variação da dengue não circulava há muito tempo na capital federal. “Desta forma, poucas pessoas tinham imunidade para doença, o que fez com que a sua transmissão fosse agravada e ampliada”, esclarece a pasta.
Além disso, a secretaria explica que fatores humanos também influenciariam no aumento número de infecções. “O que também colabora para o aumento dos casos é o descarte irregular de lixos e entulhos, além do aumento populacional em áreas de crescimento desordenado”.
Para o sanitarista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Jonas Brant, a onda de calor e o fator desorganização foram as principais razões para o avanço da doença no DF.
“Um [motivo] foi a onda de calor que a gente teve no final do ano [2023] e tivemos, também, uma antecipação das chuvas. Então, nós tínhamos água e calor, o que facilitou a proliferação do mosquito”, explica.
Brant também avalia que a “desorganização dos processos de trabalho da vigilância ambiental” foi determinante. “É a vigilância que cuida do mosquito, que vai cuidar da infestação do Aedes aegypti. No Distrito Federal, o número de agentes é muito pequeno. E, sem esse trabalho organizado e com vinculação ao território, conhecendo os principais problemas do território, é muito difícil ter um impacto na multiplicação do vetor”.
Até onde vai a epidemia
Jonas Brant afirma que a situação de alta de casos e mortes de dengue costuma decair assim que a temperatura abaixa e o período de chuvas acaba.
“Em geral, a gente vai ter, no mês de abril, o pico da epidemia e, depois, ela tende a começar a cair, chegando em maio com um número mais baixo de casos. Até o final de maio, junho, em geral, a gente já controlou a epidemia”.
O especialista alerta para a necessidade de se manter as ações de combate à dengue mesmo após o pico da epidemia. “Esse ano, nós temos que, quando houver a queda do número de casos, seguir atuando de maneira estruturada e rígida para conseguir que a gente abaixe a infestação a níveis muito baixos. Assim, o começo das chuvas, no final desse ano, a gente não tenha um aumento novamente do número de casos”.