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DF: isolamento, máscara e álcool em gel são ilusão para 130 mil famílias

Em casas pequenas e sem acesso a serviços básicos, milhares de pessoas carentes na capital não têm condições de cumprir a quarentena

atualizado

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Família carente na Estrutural
1 de 1 Família carente na Estrutural - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Falta dinheiro, comida na geladeira, máscara e álcool em gel na casa de 130 mil famílias pobres no Distrito Federal. Na periferia, o isolamento social contra o novo coronavírus é ilusão. Com residências de cômodos pequenos e muitos moradores, manter-se em quarentena é uma tarefa quase impossível para quem vive no limite.

Antes da pandemia, a família de Kátia Ciline Jesus da Silva, 38 anos, (foto em destaque) sobrevivia com R$ 1,2 mil por mês. O dinheiro vindo pela reciclagem sustentava 10 pessoas na residência em Santa Luzia, na Estrutural. Após a crise, a renda se foi.

“Está muito difícil. A gente não passa fome graças às doações. Fizemos cadastro no auxílio (do governo federal) de R$ 600, mas ainda recebemos o dinheiro”, contou.

O medo da Covid-19 cresceu ainda mais após a neta dela, de apenas 3 anos, ficar internada na rede pública. Os sintomas eram parecidos com os da doença, que já matou 84 pessoas no DF, mas Kátia diz que após uma bateria de exames, o coronavírus foi descartado. “Felizmente foi só uma virose, mas ficamos com bastante medo. Não tinha como fazer o isolamento em casa”, pontuou.

Conheça a história de Kátia:

Na casa de Kátia não tem álcool em gel e há apenas uma máscara para todos. Ela tem ciência de que a propagação do vírus pode trazer consequências terríveis à comunidade, mas ressalta não ver outra escolha a não ser sair e fazer bicos para colocar comida na mesa.

Veja fotos da família de Kátia:

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Família de Kátia ficou sem renda com a pandemia
Kátia teme que o coronavírus chegue na Estrutural e contamine sua família
Família teve receio quando bebê apresentou sintomas de Covid-19
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A família de Kátia faz parte dos 130 mil núcleos familiares carentes do DF

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Família de Kátia ficou sem renda com a pandemia

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Kátia teme que o coronavírus chegue na Estrutural e contamine sua família

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Família teve receio quando bebê apresentou sintomas de Covid-19

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“A única solução é colocar o joelho no chão e rezar. É o aperto mais difícil da nossa vida. Meu coração fica apertado, dá medo. Falo para meus filhos e filhas para terem fé”, assinalou.

Saiba como Kátia enxerga a pandemia:

Doenças

Drama parecido é compartilhado pela família de Terezinha Maria de Jesus Santos, 55, no Jardim Jesuíta, perto do Serra Dourada, nas imediações do Gama. O núcleo familiar de 12 pessoas sobrevive com R$ 1.045,00 por mês.

Dona Terezinha sofre de comorbidades, quatro filhos apresentam problemas mentais e uma filha, Patrícia Raquel Ferreira de Jesus, 22, enfrenta sopro no coração. Para garantir a saúde de todos, Terezinha não pode ficar em casa.

“Tenho que sair para pegar os remédios dos meus filhos”. A dona de casa precisa desembolsar R$ 600 por mês com remédios. Duas filhas pediram inscrição no auxílio emergencial do governo federal. “Nunca recebemos nem R$ 0,50”, disse.

Meses apertados

No meio de cada mês, a família enfrenta dias duros. “Falta tudo. Não temos nem água encanada. A nossa luz é na base da vela”, declarou. Patrícia, por integrar o grupo de risco da doença, teme pela vida. “É desesperador, mas não dá para ficar em casa”, lamentou.

No Sol Nascente, a família de Silvana Rodrigues dos Santos, 40, sobrevive com doações. A mãe de sete filhos já não levava uma vida fácil, situação agravada com a pandemia. “Está sendo muito apertado. A gente não consegue comprar máscara, álcool em gel”, relatou.

Acompanhe momentos da rotina de Silvana: 

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A moradora do Sol Nascente teme a chegada do coronavírus na região
No Sol Nascente, grande parte da população não segue o isolamento social
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A família de Silvana sobrevive com doações

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A moradora do Sol Nascente teme a chegada do coronavírus na região

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No Sol Nascente, grande parte da população não segue o isolamento social

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Silvana mantém a casa com o Bolsa Família, de onde provém R$ 1,5 mil por mês. Arroz e feijão não faltam, mas leite e outros itens importantes para as crianças não estão presente na mesa.

Acompanhe o sentimento de Silvana durante a pandemia:

Cobertor

Luana Vieira, 22, vive em um barraco no Sol Nascente com três filhos. Caso a doença contamine alguém, é impossível mantê-lo em isolamento, pois a divisão dos cômodos dentro dos barracos é feita por cobertores estendidos e não paredes.

Confira a perspectiva de Luana sobre a crise: 

Além das dificuldades impostas pela pobreza do lugar, Maria de Nazaré Almeida, líder comunitária de Santa Luzia, queixa-se da falta de consciência de muitos vizinhos que passam a noite em bares, mesmo com o decreto distrital proibindo o funcionamento desse tipo de atividade.

“Falta o exemplo. A lei serve para uns, outros não”, denunciou. Além disso, grande parte da população não consegue acesso aos auxílios sociais. “Tem gente que não sabe mais o que é comer carne”, citou.

Isolamento em queda

No Sol Nascente, segundo a população, donos de bares e promotores de festas também ignoram o distanciamento social, na Vila Madureira. Conforme o Metrópoles noticiou, a taxa de isolamento está em queda livre, especialmente nas comunidades mais carentes.

Segundo o Cadastro Único, no DF moram 130.700 famílias de baixa renda. A maioria sobrevive em Ceilândia, Planaltina e Samambaia. A média de ganhos mensal gira em torno de R$ 522,50.

Na média, cada imóvel tem quatro pessoas. A situação é ainda mais dramática para 77 mil famílias que não ganham mais do que R$ 89.

Ações do Estado

O governo federal lançou o auxilio emergencial de R$ 600. O Palácio do Planalto garantiu novas parcelas do socorro. Até sábado (23/05), pelas contas da Caixa Econômica Federal (CEF), R$ 60 bilhões foram investidos na ajuda de 55 milhões de brasileiros.

Por outro lado, o Governo do DF colocou em marcha a ajuda de R$ 408 e o Cartão Prato Cheio. O período de cadastro para inscrição nos programas foi prorrogado até as 23h59 de domingo (24/05).

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, há distribuição de máscaras para pessoas carentes em diferentes pontos do DF. Foram entregues 12 mil cestas básicas e outras ações serão tomadas para cuidar da população pobre durante a pandemia.

A pasta destacou o acolhimento provisório no Autódromo Nelson Piquet e o reforço no quadro dos servidores.

Doações

Quem quiser fazer doações para ajudar comunidades carentes do Sol Nascente, Gama e Santa Luzia pode procurar os seguintes canais:

A rede Adventista de Educação de Brasília e Entorno – (61) 3351-5070

Central Única das Favelas (Cufa) – Para a doação de alimentos não perecíveis, produtos de limpeza e higiene, basta entrar em contato com os números: (61) 98601-5960 ou (61) 99575-0770

Transferência para a conta:

Banco do Brasil
Ag: 2895-9
Conta: 401180-5
As. Cresce-DF
CNPJ: 08.466.173/0001-01

Dona Nazaré – Líder comunitária de Santa Luzia – (61) 98551-7099

Comitê de Emergência Covid-19 – Criado para receber e coordenar as doações de produtos ou recursos usados no combate ao novo coronavírus no DF. Os interessados em doar podem entrar em contato pelo e-mail: doacoescovid19@economia.df.gov.br

Transferência para a conta:

Agência 0100-7
Conta Corrente: 062.958-6
CNPJ: 00.394.684/0001-53
Banco: 070 – Banco de Brasília – BRB.

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