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DF: homem é submetido a tratamento com ozônio e perde parte da perna

Terapia experimental só é permitida em protocolos de pesquisa autorizados e com o consentimento do paciente, o que não teria ocorrido

atualizado

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Um médico do Distrito Federal é acusado de submeter um homem a tratamento experimental irregular, pago pelo próprio paciente, e poderá ser obrigado na Justiça a indenizar a vítima por danos morais e materiais. O profissional, identificado pela Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) como Ulysses Gomes, teria descumprido norma do Conselho Federal de Medicina (CFM).

De acordo com a Defensoria, o paciente, Leonardo Rafael dos Santos, 41, procurou o profissional de saúde para tratamento de uma osteomielite crônica, diagnosticada por médicos do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) em 2017. Trata-se de uma infecção no osso causada por fungos ou bactérias e que requer amputação do membro infectado, no caso o pé direito de Leonardo.

Antes de amputar o pé, Leonardo decidiu procurar uma segunda opinião médica, então dirigiu-se ao Centro de Medicina Integrada Saúde Plena, onde se consultou com Ulysses. O médico teria dito a ele que a amputação não seria necessária, segundo informou a DPDF.

Em contrapartida, ofereceu um tratamento conhecido como ozonoterapia – à base de ozônio. Aos defensores, Leonardo disse que o médico recomendou a suspensão de toda medicação repassada por profissionais do HRT, até mesmo os antibióticos receitados.

Conforme a petição inicial da Defensoria, Ulysses receitou remédios manipulados, e os medicamentos custaram R$ 2.891,58 ao paciente, além das 30 aplicações de ozônio, que saíram por R$ 170 cada dose – foram desembolsados R$ 9 mil no total. As aplicações foram feitas na perna e no ânus do paciente, por meio de uma mangueira. O procedimento teria gerado enorme desconforto em Leonardo.

As dores causadas pelos procedimentos de aplicação de ozônio fizeram a vítima sofrer uma parada cardíaca. Ele precisou ser reanimado na clínica. Depois do tratamento, o paciente perdeu também parte da perna direita.

Aos defensores, o homem afirmou que, em “nenhum momento, o médico disse que o tratamento oferecido era um procedimento experimental e não pediu autorização”.

Outro lado
Procurado pelo Metrópoles, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) explicou que o tratamento de ozonoterapia “é experimental, pois não se tem evidência científica que demonstre seus benefícios, e sua aplicação só é permitida em casos de protocolos de pesquisa”.

O órgão informou que vai apurar a denúncia e, “caso o médico seja apenado, pode receber penalidades que vão de advertência confidencial até a cassação definitiva do registro profissional”.

A reportagem tentou entrar em contato com Ulysses pelo telefone de uma das clínicas em que o médico está registrado como sócio, mas não obteve retorno do profissional até a última atualização deste texto.

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