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DF: grupo cria vaquinha para dar festa junina a moradores de rua

A festa está marcada para 26 de junho, na 903 Sul, a partir das 9h30. A expectativa é de que 300 pessoas participem da ação

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1 de 1 bsb inviseivel 1 - Foto: BSB Invisível/Reprodução

Uma estudante de 22 anos decidiu promover uma festa junina para a população em situação de rua do Distrito Federal. Para arrecadar fundos, ela criou uma “vaquinha” online. A ideia é juntar R$ 1,4 mil para comprar alimentos, bebidas, materiais para pintura de rosto, artigos de decoração e brinquedos. Até o momento, foram coletados R$ 225. “Lazer é um direito de todos”, defende Maria Baqui, idealizadora da ação.

A festa está marcada para 26 de junho, na 903 Sul, a partir das 9h30. A expectativa é de que 300 pessoas participem da festa. “Vamos fazer barraquinhas com várias comidas típicas. Teremos jogos como pescaria e também vamos fazer uma quadrilha”, ressalta Maria. Além disso, os convidados terão direito a corte de cabelo.

As contribuições devem ser feitas por meio de transação bancária. Quem preferir doar materiais também pode entrar em contato com a estudante. “A gente aceita milho, ingredientes para caldo, pipoca, materiais de higiene, e outros itens para a festa.” Mais informações sobre a vaquinha estão disponíveis neste link.

A iniciativa faz parte do projeto BSB Invisível, fundado pela jovem e seu namorado, Pedro Campos, 22. Os estudantes comandam uma página no Instagram, onde publicam fotos e textos com perfis de pessoas em situação de rua. Nas postagens, é possível ver os depoimentos dos entrevistados. Eles costumam contar sobre a própria história: do local onde nasceram até as razões que os fizeram chegar à situação de rua.

 

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“Sou conhecido como Saci, tenho 37 anos e sou da Bahia! Me encontro na rua, sabe? Vim morar aqui no DF em 2000, é bom… Os caras falam que Brasília é ruim, mas isso é mentira! Falam que não tem trabalho mas tem! Vigia um carro, lava um carro… Já fui ladrão, já fui tudo que você pensar… Mas hoje eu to tranquilo, eu gosto de todo mundo agora! Antigamente não tinha amor a ninguém, só a Deus! Mas hoje eu tenho amor ás pessoas, sabe? Não sei porque… O bichos são mais valorizados que as pessoas… Mas o pior bicho é o ser humano! Eles são falsos.. Se estiverem ganhando dinheiro, esquecem de todo o resto… O teu vizinho, pode ser o maior falso… As pessoas que você conheceu criança, podem querer passar por cima de você.. Eu não tenho felicidade, não tenho nada…Só tenho a vida que Deus me deu… Mas tenho saúde né? Isso já tá bom… Você tem fé? Até a pessoa que não acredita em Deus tem fé! E essa fé vai mover montanhas! Uma amiga me contou um testemunho, me falou que na casa dela não tinha comida não tinha nada… Sabe o que la fez? Ela ajoelhou e pediu a Deus e ele atendeu… Chegou um carro com 4 cestas básicas para ela…Quando Deus quer, até o Diabo obedece! Nós estamos aí… mas vamos conseguir o que a gente quer!!” #BsbInvisivel #ACidadeQueNinguemVe #Existe❤️EmBsb

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“Meu nome é Rubens, sou natural da Bahia! Estou em Brasília já tem 21 anos e estive durante todo esse tempo na rua…Na Bahia era diferente, eu sempre tive casa! A minha mãe morreu, eu comecei a entrar em depressão e, seguindo conselhos de algumas pessoas, eu mudei de cidade…Na época eu não sabia que estava em depressão, eu não sabia o que era isso!! Hoje eu sei… Mas existem muitas pessoas que começam a depressão por uma besteira: a pessoa tem casa, tem carro, tem tudo, mas por uma coisa simples cai na depressão, né… E já tem outras pessoas que não tem nada na vida, mas não têm depressão… Existe a tristeza, é claro, de querer ter as coisas e não poder ter, de precisar das coisas e não conseguir! A minha depressão começou pela falta da minha mãe! Com 21 anos na rua, eu já vi coisa que polícia nunca viu, e nem sabe!! Na verdade nem o policial conseguiria dormir um dia na rua! A vida de morador de rua não é nada fácil!! Eu não gosto de morar na rua, eu quero sair dessa situação… As ajudas que eu tive sempre foram por pouco tempo! Eu sou profissional em lavar carro, é uma coisa que eu gosto e sei fazer! A realidade da rua é muito difícil… Eu penso que no meio de 1000 moradores de rua, 300 prestam e 700 não! Existem muitas pessoas que discriminam, que olham diferente, tem preconceito…As pessoas só não mexem comigo porque eu não sou flor, se não for flor não tem como mexer… Mas se eu fosse uma flor acho que cada um ia tirar um talozinho, até não existir mais… Posso ser realista? Eu não creio mais em ajuda, eu não sei o que é isso… As pessoas que têm condição de ajudar não ajudam! Eu só creio em uma ajuda, a que no momento que eu sinto fome eu encontro comida, no momento que eu sinto sede eu encontro água, e Ele sempre abre as portas pra mim, é só Deus! Se eu pudesse, a coisa que eu mais queria era estar em casa assistindo desenho! Tenho 43 anos e gosto de desenho… Só de saber que eu não posso nem assistir televisão, não tenho meu fogão pra fazer minha comida, isso dói! Eu fico sempre no Big Box da 402 e no Pão de Açúcar da 404/405 sul vigiando carro!” #BsbInvisivel #ACidadeQueNinguemVe #Existe❤️EmBsb

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A ação é um desdobramento do projeto SP Invisível, de São Paulo. Para Maria Baqui, os moradores do Distrito Federal vivem rotinas muito agitadas e se esquecem de olhar com empatia para quem está em situação de vulnerabilidade. “Sempre me senti muito desconfortável com a importância que as pessoas dão para o dinheiro aqui em Brasília. Entrei em contato com o pessoal de São Paulo e eles me chamaram para fazer parte da rede”, explica.

O projeto é sustentado apenas com doações e parcerias solidárias. Atualmente, a equipe do BSB Invisível conta com 17 participantes. Eles abordam a população de rua durante o dia a dia. “Não é nada combinado. A gente conversa com eles no caminho para a faculdade, para o trabalho ou para casa.”

Em 15 de junho, o projeto completa um ano. Durante todo o período, foram feitas ações de Páscoa, Dia das Crianças e Natal. “Nossa função é tirar a invisibilidade dessas pessoas. É por meio da história delas que a gente consegue mudar os olhos da sociedade.”

Saiba como ajudar
Doações em dinheiro podem ser feitas por meio de transação bancária a partir dos dados disponíveis a seguir.

Banco do Brasil
Agência: 1419-2
Conta: 121098-x
Variação da poupança: 84
Rafaella Sereno
CPF: 032.063.591-04

Quem preferir doar materiais de higiene pessoal, artigos de decoração ou alimentos pode entrar em contato com Maria Baqui, pelo telefone (61) 98151-5503.

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