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DF: filhas lutam por hemodiálise que pode salvar vida de mãe com Covid

Além de ser paciente renal, Lucineia Alves dos Santos é hipertensa, diabética e tem problemas cardíacos

atualizado

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mulher em UPA
1 de 1 mulher em UPA - Foto: Material cedido ao Metrópoles

As irmãs Ângela Patrícia Alves França, 35 anos, e Grasiele Alves de França, 26 anos, estão vivendo um pesadelo. Desde o dia 21 de março, a mãe das duas, Lucineia Alves dos Santos, 51 anos, começou a luta para conseguir o tratamento adequado para a Covid-19 num sistema público de saúde em colapso. Além de ser diabética, hipertensa e cardíaca, Lucineia também é paciente renal e precisa fazer hemodiálise três vezes por semana.

Segundo explica a filha mais velha, há 10 dias Lucineia foi sozinha à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia, após sentir apenas um mal-estar. Sem conseguir atendimento, ela voltou para casa. No dia seguinte, a família precisou chamar uma ambulância, pois a mulher já não conseguia se levantar. “Chamamos os bombeiros, eles fizeram várias perguntas e, de cara, a suspeita foi Covid”, contou Ângela.

Mais uma vez, a mãe de Ângela e Grasiele foi levada à UPA de Samambaia, e novamente teve dificuldades para ser atendida. “Minha mãe ficou no oxigênio por 24 horas, numa cadeira. Eles não tinham sequer uma cama pra ela, que dormiu sentada”, conta revoltada a filha mais velha. Depois de muito insistir por atendimento, Ângela conseguiu que uma enfermeira medisse a saturação de oxigênio de Lucineia.

“Quando ela viu o oxigênio, falou que minha mãe precisava ser intubada urgente”, lembra Ângela. Os profissionais de saúde levaram a paciente para a ala onde ficam os doentes mais graves. Contudo, no dia seguinte, as filhas descobriram que a mãe ainda não estava intubada. Foi quando decidiram procurar a Justiça, para conseguir um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que poderia salvar a vida da mãe.

“Às 23h da quarta [dia 24], soubemos que ela foi transferida para o Hospital de Samambaia [HRSam]. Mas não tínhamos nenhuma informação concreta, transferiram minha mãe sem nos avisar. A última vez que a vi foi na UPA”, protesta Ângela. No HRSam, as filhas não conseguiam saber se a mãe estava intubada ou não, pois cada profissional de saúde passava uma informação diferente. “Fiquei o dia todo lá, mas não consegui descobrir onde ela estava”, lembra a filha mais velha.

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A família de Lucineia
A mulher precisa de um leito com hemodiálise para sobreviver
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Lucineia sequer conseguiu um leito na UPA de Samambaia

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A mulher precisa de um leito com hemodiálise para sobreviver

Direito assegurado

Depois de mais de um dia com Lucineia já internada na unidade de saúde, os parentes conseguiram passar à administração do hospital um telefone para contato da família. “A gente ligava, eles diziam que o quadro dela piorava. Mas apenas isso, e que não tinha leito pra ela”, conta a filha. No sábado, Ângela entrou em contato com uma amiga que trabalha no HRSam, para que ela conseguisse descobrir onde Lucineia estava e o real estado de saúde dela.

“Minha amiga contou que ela precisava de uma hemodiálise urgente. Eu surtei e fui no hospital”, narra a filha. Na unidade de saúde, Ângela finalmente conseguiu falar com uma médica que havia atendido Lucineia. A profissional informou que a vida da paciente estava por um fio, a menos que conseguisse uma hemodiálise. “Pedi para a médica escrever o que havia me dito, ela foi muito educada e atendeu o pedido”, diz Ângela Patrícia.

Antes de ser internada, Lucineia fazia hemodiálise três vezes por dia. Ela tem apenas um rim, além das outras comorbidades que complicam o estado de saúde. Por fim, nessa segunda-feira (29/3), Lucineia conseguiu um leito de UTI no Hospital de Base, com a promessa de que o procedimento de hemodiálise seria feito o mais rápido possível, o que ainda não aconteceu.

“A médica me ligou e disse que não sabia se ela faria a hemodiálise hoje [terça, dia 30], e que, se não desse, faria amanhã [quarta, 31] de manhã. Eu me desesperei, o pior é não saber se ela conseguiu ou não. Só temos informações quando eles ligam. É proibido sequer entrar no mesmo lugar onde ela está”, lamentou Ângela.

“Minha mãe fazia sessão de hemodiálise três vezes por semana, durantes três anos, sem faltar uma vez. Ela quer sobreviver. Todos os médicos que conversamos falaram que ela é muito forte. Só quero que ela tenha o direito dela”, concluiu Ângela.

Acionado pelo Metrópoles, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), que administra o Hospital de Base, ainda não se pronunciou quanto ao tratamento da paciente. A matéria será atualizada tão logo o instituto se manifeste. O espaço permanece aberto.

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