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DF: famílias carentes se queixam de cestas com produtos vencidos

Segundo moradores da Estrutural, pacotes têm menos comida que antes, sem legumes e verduras. Secretaria diz desconhecer problema de validade

atualizado

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Moradores na Cidade Estrutural denunciaram ao Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do GDF (Sindsasc) irregularidades em cestas básicas recebidas. As doações emergenciais entregues pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), na última segunda-feira (20/04), estão com menos produtos e alimentos fora de validade, segundo eles.

De acordo com as denúncias das famílias carentes, os pacotes continham quantidade menor, o que faz com que as famílias atendidas não disponham de comida suficiente para um mês inteiro. A Sedes afirma que cestas estão mesmo menores, mas desconhece problemas de violação e validade (veja mais abaixo).

Antes, a cesta também vinha composta por legumes e verduras. Entretanto, isso não ocorreu desta vez, ainda segundo apontaram. Após receber e abrir a cesta básica, a beneficiária Emilly Lorrany Lima, ficou revoltada.

“Desta vez, veio bem menos alimentos. Aqui em casa, nós somos três pessoas, e a cesta que a gente ganhava antes dava para passar o mês. Essa que recebi agora vai dar só para uns 10 dias”, explicou.

Ela passou a receber os alimentos entregues pela Sedes porque não consegue sair para trabalhar. Emilly precisa cuidar da filha, que tem problemas de saúde.

Veja imagens das cestas básicas recebidas antes e agora:

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Cesta reduzida que foi entregue na última semana na Estrutural
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Cesta básica que era entregue normalmente

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Cesta reduzida que foi entregue na última semana na Estrutural

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Local de entrega

Outra alteração relativa ao benefício, segundo o Sindsasc, foi a mudança de local de entrega. Na Estrutural, as cestas de alimentos – parte delas solicitadas em decorrência da pandemia do novo coronavírus – são distribuídas nas casas de quem as solicita ou no Centro Olímpico da cidade. Na semana passada, ocorreu na sede da administração regional.

O sindicato afirma que o problema com a retirada de produtos das cestas é recente.

“O fato é grave porque há duas irregularidades. Primeiro, as cestas devem ser entregues nas casas do beneficiários, mesmo em caso de dificuldade de localização de endereços. Segundo é a prática de retirar itens dos pacotes e entregar uma cesta menor à população”, detalha o presidente da entidade, Clayton Avelar.

O Sindsasc reforça que a redução das cestas é um problema que não passa pelos servidores da assistência social. A função deles é apenas atender aos beneficiários na solicitação do benefício.

As cestas destinadas aos cadastrados incluem alimentos industrializados, como cereais, óleo, açúcar café e charque e também verduras e legumes. As denúncias recebidas pelo sindicato apontam que foram entregues na última semana somente produtos industrializados e que alguns itens, como óleo de cozinha, tinham o prazo de validade vencido.

Produtos estragados

Em fevereiro deste ano, o Metrópoles havia recebido denúncia de famílias carentes de Santa Maria que receberam cestas com produtos estragados.

A dona de casa Maria Helena Batista de Jesus, 63 anos, disse que, ao abrir a cesta, encontrou vários produtos que não mais possível o consumo.

“A carne de charque veio azul. O leite é uma coisa açucarada, parece garapa. E o pacote não tinha 1kg. Vieram só 400 gramas. Os feijões não amolecem na panela e têm gosto amargo. O arroz chegou cheio de bichos, carunchos, eu acho. O macarrão, também. É humilhante”, desabafou à época.

A família da diarista Jhenifer da Silva, 29, que também depende das cestas do governo, comentou que o pacote entregue para a mãe dela, dona Vera da Silva, 53, tinha verduras passadas. “A cenoura estava estragada, e a abóbora, podre. Os outros itens estavam bons”, disse a jovem.

Por nota, a Sedes disse desconhecer casos de cestas estragadas.

A pasta ainda ressaltou que não há pedidos de troca nem queixas à Ouvidoria da pasta. Segundo o órgão, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Santa Maria não registrou, nos últimos meses, solicitação de troca ou reclamação da validade da cesta.

Assistência social em colapso

Ainda segundo o sindicato, o atendimento à população que precisa receber cestas de alimentos é um dos direitos que está afetado pela crise causada pela pandemia.

A assistência social pública do DF opera com apenas 10% do contingente de servidores necessários para atender à demanda que cresce a cada dia agravada pela crise econômica gerada pela Covid-19.

O Sindsasc aponta que, atualmente, cerca de 500 dos 1 mil servidores da categoria estão em atividade, porque se encontram afastados das funções por pertencerem ao grupo de risco da doença.

Definidas como essenciais durante a pandemia pelo GDF, a assistência social está em colapso, de acordo com a entidade. “A pandemia elevou o estado de calamidade da assistência social no DF acabou retirando quase 50% dos servidores que compunham um quadro já defasado”, afirma Clayton.

O outro lado

Por meio de nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social informou que realmente se trata de cestas menores. “Quanto a produtos violados e fora da validade, não temos esse conhecimento.”

Ainda segundo a pasta, o conjunto de itens não é proveniente dos contratos da Sedes para fornecimento do produto. São cestas vindas de doações da população e, por isso, não seguem um padrão rígido.

“O GDF arrecadou 12 mil cestas junto à comunidade e aos empresário do DF. Para atender com maior celeridade às famílias, foi feita uma intensa força-tarefa para suprir a demanda dos beneficiários no menor tempo possível após a solicitação”, esclarece o texto.

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