DF: falta de combustível afeta serviços da CEB e Caesb
Na Caesb, leitura de 2.559 hidrômetros no Park Way não será feita. Na CEB, pedidos para ligação de energia não são agendados
atualizado
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A falta de combustível afetou a prestação de alguns serviços de água e energia prestados pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) e pela Companhia Energética de Brasília (CEB), respectivamente.
Na CEB, a situação é um pouco mais complicada. Desde sexta (25/5), estão suspensos os cortes de energia por falta de pagamento. Isso porque a empresa não está conseguindo se deslocar aos imóveis em virtude da escassez de combustível. Pelo mesmo motivo, solicitações de novas ligações não estão sendo sequer agendadas. Apenas os pedidos emergenciais são atendidos.
Conforme anunciou a Caesb, nesta terça-feira (29/5), a empresa responsável pela leitura de contas na região do Park Way não conseguiu realizar o serviço neste mês. Para que não haja acúmulo de consumo para junho, a estatal vai fazer o cálculo das contas pela média histórica da residência. O problema atinge 2.559 domicílios.“Em algumas localidades, em função da distância entre os imóveis, a leitura de hidrômetros só pode ser realizada com o uso de motocicleta, o que não pode ser feito por falta de combustível. Por essa razão, a maior parte deles terá suas contas de água faturadas com base na média de consumo”, explicou a Caesb, em nota.
O consumidor que não aceitar o cálculo realizado pela média poderá informar o número registrado no hidrômetro por e-mail (caccn@caesb.df.gov.br) ou pelo telefone 115, até o dia 25 de junho. O usuário deverá informar a inscrição ou endereço do imóvel, o número registrado no hidrômetro e a data do registro.
Essas contas serão geradas automaticamente e, na próxima semana, estarão disponíveis no site da Caesb (www.caesb.df.gov.br) ou no aplicativo de celular (App Caesb). A efetiva entrega somente poderá ser realizada quando a situação dos postos for normalizada. De acordo com a empresa, outros serviços estão sendo feitos normalmente.
Abastecimento
Para tentar reduzir os impactos nos serviços públicos, a Polícia Militar tem escoltado caminhões-tanque a postos conveniados que abastecem a frota do Governo do DF e suas empresas.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis), o problema de desabastecimento na cidade continua pelo menos até o fim de semana.
Conforme informou o diretor-geral do sindicato, Daniel Costa, o DF recebeu cerca de 8 milhões de litros entre sábado (26) e segunda (28), mas a quantidade não foi suficiente para evitar esperas em filas que podem até ultrapassar quatro horas e o fechamento de centenas de postos.
Outros serviços públicos também vão continuar restritos. As cirurgias eletivas, ou seja, as marcadas com antecedência, seguem suspensas. A decisão só não vale para o Instituto Hospital de Base (IHBDF). As ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também atenderão somente aos casos emergenciais.
Retomada
Boa parte dos serviços públicos foi retomada nesta terça. As escolas e as unidades básicas de saúde voltam a funcionar normalmente. Os ônibus, por enquanto, têm combustível para rodar até quarta (30). Mesmo assim, o dia promete ser difícil para os brasilienses. A população ainda enfrenta longas filas nos postos de combustíveis e dificuldade de encontrar gás de cozinha.
De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás LP do Distrito Federal (Sindivargas-DF), Sérgio Costa, a mercadoria entregue na segunda não deu nem para o começo. Portanto, quase todas as 400 revendedoras ainda estão com os estoques zerados.
As forças de segurança concentram-se na localização das carretas com o gás liquefeito de petróleo (GLP) nos bloqueios das rodovias para realizar a escolta. Não há, no entanto, previsão de quando a situação voltará ao normal. “Não podemos estimar quando começa a chegar [com maior frequência] pois a logística de fazer o comboio pode demorar dois dias”, disse o sindicalista.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Adelmir Santana, alerta que, embora os estoques de insumos tenham crescido na segunda-feira (28), se a greve continuar, o quadro ficará crítico novamente nos supermercados.
Nos estabelecimentos, faltam alimentos perecíveis. Quando a paralisação dos caminhoneiros chegar ao fim, será preciso três dias para repor os estoques, de acordo com o Sindicato dos Supermercados do Distrito Federal (Sindsuper-DF).
Segundo o presidente da entidade, Antonio Perón, a Central de Abastecimento do DF (Ceasa) está quase sem frutas, verduras e legumes. “Quando o empresário encontra algum alimento, o preço é absurdo. Teve gente que recebeu proposta de R$ 380 por um saco de batata”, disse.
E os combustíveis?
O Governo do Distrito Federal (GDF) divulgou, na segunda-feira (28), que as operações de escolta da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), com o apoio do Exército e da Força de Nacional de Segurança Pública (FNSP), garantiram a entrega de 10 milhões de litros de combustível e gás de cozinha, entre outros produtos, nos últimos quatro dias.
No entanto, mais uma vez, o dia começou com filas gigantes para abastecer e gasolina mais cara – chegando a R$ 4,98. A situação era a mesma na noite dessa segunda. No posto Brazuca, por exemplo, de Sobradinho, os carros estavam parados ao longo de 1,5km da pista. Tinha gente esperando há mais de cinco horas na tentativa de conseguir encher o tanque.
Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Elisa Monteiro acredita que, no fim da semana, a situação esteja normalizada. “Estamos aguardando chegar o carregamento de álcool anidro para poder misturar na gasolina. Assim, vai acelerar o processo [de reabastecimento] e deve normalizar até sexta-feira (1º/6)”, disse.
No Aeroporto Internacional de Brasília, a situação é menos crítica. Os comboios escoltados entregaram durante todo o dia 35 caminhões com querosene de aviação (QAV). As reservas chegaram a 60% da capacidade na noite dessa segunda (28). No total, foram cancelados 16 voos. Oito que chegariam a Brasília e oito partindo da capital federal.