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DF: ex-companheiro de Necivânia é autuado por feminicídio

Francisco Dias Borges será ainda indiciado por tentativa de homicídio, pois atacou a facadas também o irmão da ex-mulher

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Vânia-Eugênio
1 de 1 Vânia-Eugênio - Foto: Reprodução/Facebook

Francisco Dias Borges, 34 anos, foi autuado em flagrante pelo feminicídio qualificado de Necivânia Eugênio de Caldas, 37 anos, e pela tentativa de homicídio qualificado de Adailton Eugênio de Caldas, 40 anos, irmão da vítima. A manicure e estudante de enfermagem é ex-companheira do assassino. Os ataques a facadas ocorreram no início da tarde desta quinta-feira (14/11/2019), na QR 217 de Santa Maria.

As informações são da 20ª Delegacia de Polícia (Gama), para onde Francisco seguiu. De acordo com o delegado Rodney Martins Farias, ele pode pegar até 60 anos de prisão, mas o tempo pode diminuir em razão de redutores de pena. Francisco tem passagem por tentativa de roubo em 2005.

Segundo o delegado, o irmão de Necivânia passa bem e já está em casa, depois de ser atendido no Hospital Regional de Santa Maria. Em depoimento, Adailton contou que a irmã procurou a polícia na manhã desta quinta, mas não deu detalhes se conseguiu fazer a ocorrência contra o ex-companheiro.

Separação

Os dois estavam separados há uma semana. Amigos e familiares contaram ao Metrópoles que a vítima havia buscado proteção, pois Francisco estaria fazendo ameaças e rondando a casa.

O agressor chegou bem machucado à 20ª DP. Segundo o delegado, o acusado se recusou a assinar o flagrante. Entretanto, o documento foi validado por policiais militares responsáveis pela prisão. “Ele teria confessado na hora da prisão”, contou o delegado. Francisco deve ser levado para o Departamento de Polícia Especializada na manhã desta sexta-feira (15/11/2019).

Além de Adailton, o pai de Necivânia, Manoel Eugênio, e o filho de 8 anos dela presenciaram a cena. “Não faz isso com ela! Não faz isso com ela!”, gritou o pai, enquanto a filha era esfaqueada pelo ex-companheiro, preso em flagrante. Necivânia era conhecida por ser o pilar da família, disseram amigos e parentes.

Além de estudar, cuidava dos quatro filhos, de outros familiares e mantinha as contas em dia. Ela fazia enfermagem e, segundo amigos, começaria a trabalhar no Hospital Regional de Santa Maria em breve. Vânia, como era conhecida, tinha uma menina de 5 anos – a única com Francisco – e três meninos, de 8, 17 e 19 anos.

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Segundo a família, o homem já tinha ameaçado a ex na semana passada
Necivânia é a 29ª vítima de feminicídio neste ano no Distrito Federal
A vítima pilotava uma moto quando foi derrubada pelo agressor
Vizinhos choram com feminicídio em Santa Maria
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A manicure Necivânia Eugênio de Caldas, 37 anos, foi morta a facadas pelo ex-companheiro no dia 14 de novembro

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Segundo a família, o homem já tinha ameaçado a ex na semana passada

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Necivânia é a 29ª vítima de feminicídio neste ano no Distrito Federal

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A vítima pilotava uma moto quando foi derrubada pelo agressor

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Vizinhos choram com feminicídio em Santa Maria

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Pai de Necivânia (com a mão no peito) observa o corpo da filha

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O crime

O irmão de Necivânia teria tentado impedir o crime e também acabou ferido. Vizinhos agrediram o suspeito, que acabou preso. A investigação está sendo conduzida pela 20ª Delegacia de Polícia (Santa Maria). É o 29º feminicídio registrado este ano no Distrito Federal. O acusado do crime utilizou uma arma branca, ainda de acordo com a PM.

Necivânia conduzia a sua moto Honda Bis com o filho de 8 anos, momento em que foi abordada por Francisco Dias Borges. Ele chutou o veículo e derrubou a mulher. Depois a esfaqueou no peito, embaixo do braço esquerdo e do direito. O casal havia se separado há uma semana. O suspeito, segundo testemunhas e familiares, sempre batia nela.

O irmão da vítima, Adailton Eugênio de Caldas, também foi ferido ao tentar impedir o crime. Ele foi socorrido pelos bombeiros e levado ao Hospital de Santa Maria. De acordo com a família, o homem tinha ameaçado a ex na semana passada. O filho viu o momento em que a mãe foi assassinada a facadas, e saiu gritando por socorro. “Corre, tia, corre! Francisco está matando a minha mãe”, disse.

O suspeito estaria esperando a vítima na quadra, ainda conforme o relato de testemunhas. Necivânia tinha ido cortar o cabelo do menino e voltava para casa, quando foi atacada.

Covardia

A cada 10 dias, uma mulher é vítima de feminicídio no Distrito Federal. A maioria dos algozes têm histórico criminoso, são presos e, quando são soltos, matam as vítimas. De 1º janeiro a 7 de novembro, foram registrados 28 casos, número equivalente a todo o ano passado. Entre eles, 67,8% dos autores já tinham passagens por delegacias, segundo dados inéditos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) obtidos pelo Metrópoles.Sete já haviam sido detidos pela Lei Maria da Penha e 12, por outros delitos.

Ainda de acordo com o último levantamento feito pela PCDF, dos 28 assassinatos, os responsáveis foram indiciados em 23 ocorrências. Duas investigações seguem sem conclusão, e três homens tiraram a própria vida após o crime. O índice de 93% dos inquéritos finalizados se deve, em boa parte, ao protocolo especial aberto pela polícia.

Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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