DF entra na rota do tráfico de cocaína entre Suriname e Portugal
Mulher radicada no país sul-americano e detida no DF tinha 120 cápsulas da droga no estômago quando deu entrada no Hran, com fortes dores
atualizado
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A prisão em flagrante de uma mulher contratada a peso de ouro para transportar cápsulas de cocaína no estômago até a Europa revelou uma rota internacional de tráfico de drogas da qual o Distrito Federal faz parte. As “mulas”, como traficantes chamam homens e mulheres que aceitam o risco de transportar grandes porções de entorpecentes, utilizam o Aeroporto JK como uma conexão que parte do Suriname, passa pelo Brasil e tem como destino Lisboa, em Portugal.
As investigações, conduzidas pela 5ª Delegacia de Polícia (área central), tiveram início no último dia 26/8, quando Nelsa Vilela da Costa, 54 anos, deu entrada na emergência do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) com fortes dores abdominais e apresentando surtos, possivelmente provocadas pelo vazamento de cocaína após uma das cápsulas em seu organismo ter se rompido. Outras duas mulheres, que também transportavam cocaína no organismo, conseguiram escapar.
Nelsa, apesar de brasileira, é radicada em Paramaribo, capital do Suriname. O menor país da América do Sul, com pouco mais de 580 mil habitantes, se tornou – ao lado da Colômbia – um dos maiores distribuidores de cocaína do continente. A mulher que ainda está internada foi indiciada pelo crime de tráfico de drogas, mas responderá ao processo em liberdade por ter sido liberada na audiência de custódia.
Pagamento em dólar
Em depoimento prestado por Nelsa ainda no hospital, ela contou aos investigadores que um homem que vive em Portugal entrou em contato com duas amigas dela oferecendo o serviço para o transporte de cocaína de Suriname até Portugal, fazendo conexão em Brasília.
A suspeita contou que o homem, identificado apenas como Bruno, ofereceu US$ 7 mil como pagamento pelo transporte da droga para cada uma das três mulheres. Elas receberam R$ 1 mil adiantados e o resto seria pago em Lisboa.
O plano foi frustrado quando Nelsa passou mal em um hotel, no Núcleo Bandeirante. Enquanto ela seguiu para o hospital, as outras duas mulheres fugiram às pressas deixando tudo para trás, inclusive os passaportes. Mãe e filha tinham dois passaportes cada uma. Os documentos foram apreendidos pela Polícia Civil e elas não podem deixar o país.
Viagens constantes
Ao analisar os passaportes, os policiais conseguiram identificar uma série de viagens feitas pelas três mulheres, que sempre deixavam o Suriname, passavam pelo Distrito Federal, por Mato Grosso e Lisboa. De acordo com as investigações, elas percorriam a rota para não levantar suspeitas ao embarcarem diversas vezes do Suriname direto para a capital portuguesa.
Os policiais tiveram acesso a informações importantes sobre o traficante que está em Portugal e seus intermediários no Brasil. Como foge à sua competência, os dados serão enviados à Polícia Federal para as investigações permanecerem em andamento.