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DF é única UF do Centro-Oeste que teve aumento no tráfico de drogas

Dados do Mapa de Segurança Pública apontam que o número de ocorrências do tráfico passou de 2.258 para 2.442, de 2023 para 2024 no DF

atualizado

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PCDF/Divulgação
drogas empilhadas
1 de 1 drogas empilhadas - Foto: PCDF/Divulgação

O tráfico de drogas aumentou no Distrito Federal de 2022 para 2023. Os dados do Mapa da Segurança Pública apontam que o número de ocorrências do crime passou de 2.258 para 2.442, de um ano para o outro, o equivalente a um aumento de 8,15% no período.

O DF é a única unidade da federação do Centro-Oeste que registrou aumento de um ano para o outro. Em contrapartida, Goiás foi o estado da região que teve a maior redução, com uma queda de 8,93%.

O país também teve aumento no número de ocorrências de tráfico de drogas, segundo o levantamento. No entanto, a variação da média nacional foi menor do que a registrada no Distrito Federal. O tráfico de drogas no DF cresceu tanto para maconha quanto para cocaína.

Veja os gráficos:

Em 2023, passaram de 7,6 toneladas de maconha apreendidas em 2022 para 10,3 toneladas, em 2023, o que equivale a 34,28% de aumento em um ano. O tráfico de cocaína cresceu 20,75%, saindo de 429kg para 518kg no Distrito Federal.

Em relação ao “pó”, o Mato Grosso do Sul foi o estado que mais teve cocaína apreendida em números absolutos. Em 2023, as ocorrências registraram a apreensão de 29,7 toneladas. A unidade federativa faz fronteira com o Paraguai e a Bolívia.

Para o advogado criminalista Tiago de Oliveira, há diversos elementos que podem contribuir para o aumento do tráfico de drogas no DF. “Desde as condições econômicas favoráveis na
região, propícias a muitos usuários, até a rota estabelecida para o tráfico doméstico”, destacou.

“Entretanto, o gráfico divulgado pelo governo federal não ponderou o número de habitantes, mas sim a quantidade de ocorrências registradas, o que ainda assim revela-se menor em comparação com os estados vizinhos”, completou.

O advogado acrescentou que deve-se levar em conta o número de facções atuando no Distrito Federal. “O aumento das ocorrências pode ser atribuído à chegada de novos grupos
criminosos e facções que anteriormente não atuavam na região, bem como à transferência de líderes de facções para o presídio de segurança máxima na Papuda. Esses são apenas alguns dos fatores que impulsionam o crescimento do tráfico de drogas, somando-se ao elevado número de ocorrências”.

Aumento de facções

O tráfico de drogas aumenta enquanto o Distrito Federal convive com um pano de fundo assustador. Em novembro do ano passado, a coluna Na Mira revelou em reportagem exclusiva os novos capítulos da guerra entre as duas maiores facções do país, a paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e a carioca Comando Vermelho (CV).

Conhecido por ter sido fundado há 30 anos, a pretexto de reivindicar mudanças nas condições de vida dos presidiários, o PCC decidiu aumentar seus tentáculos e, ao mesmo tempo, exterminar membros do CV que atuam em regiões administrativas do DF e em municípios no Entorno da capital federal.

Uma onda de batismos promovida pelo PCC para amealhar seguidores tanto intramuros quanto nas regiões administrativas tem um objetivo claro: “Mapear os lixos” — termo usado pela organização chefiada por Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, para se referir a integrante da facção carioca.

Após a identificação dos rivais, é decidido pela cúpula da facção paulista se os membros do CV são ou não executados, segundo fontes policiais ouvidas pela coluna.

Os assassinatos seriam uma forma de relacionamento e de fortalecimento da facção. Todas as informações captadas pelas autoridades constam em conversas entre presos faccionados — nos bate-bolas — e nos manuscritos encontrados nas celas da Papuda.

PEC das drogas

Em 16 de abril, o plenário do Senado Federal aprovou em dois turnos a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 45/2023, a chamada PEC das Drogas. Foram 53 votos favoráveis, 9 contrários e nenhuma abstenção em primeiro turno. O único partido a orientar voto contrário à proposta foi o PT. No segundo turno, houve um voto favorável a menos.

O texto criminaliza o porte e a posse de qualquer quantidade de drogas e tem a assinatura do próprio presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A PEC foi encaminhada para a Câmara dos Deputados. Na semana passada,  foi designado o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) como relator da proposta de emenda na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O advogado criminalista alerta que a proposta vai resultar em um aumento do número de ocorrências tanto de tráfico quanto de outros crimes relacionados. No contexto do endurecimento adotado pelo Congresso em relação à política de drogas, indivíduos anteriormente considerados usuários serão tratados como traficantes”, reforçou.

“Isso acarretará em diversos problemas, como o aumento da população carcerária, a precariedade das assistências, além do fato de que a maioria desses detidos continuará sendo composta por pessoas pobres, cujos direitos são negligenciados pelo Estado, e que acabam se envolvendo no mundo das drogas”, concluiu.

Crédito para segurança pública

Pensando nos investimentos em segurança pública nos estados, o Banco de Brasília (BRB) lançou uma linha de crédito de R$ 500 milhões para estados e municípios brasileiros localizados nas rotas do tráfico.

Os governos que tiverem interesse poderão receber financiamento a partir de R$ 15 milhões com pagamento em até 15 anos e carência de até 3 anos. O recurso pode ser usado para compra de aeronaves, viaturas, armamentos, coletes de proteção, entre outros.

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