DF é a unidade da Federação com menor população quilombola do Brasil
Dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE revelam que Distrito Federal tem 305 quilombolas, fora de territórios oficialmente delimitados
atualizado
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Dados do Censo 2022 divulgados nesta quinta-feira (27/7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que o Distrito Federal tem 305 moradores quilombolas. Com exceção de Roraima e Acre, que não registram habitantes pertencentes a esse grupo social, a capital do país aparece em último lugar em número de pessoas dessa população.
O grupo reúne descendentes e remanescentes de comunidades formadas por escravizados fugitivos, abrigados nos antigos quilombos — tombados pela Constituição Federal de 1988. No Distrito Federal, os 305 habitantes vivem fora de territórios oficialmente delimitados.
Os dados do IBGE mostram, ainda, que a área do DF abrange apenas uma região quilombola desse tipo: o Território Mesquita, que também inclui o estado do Goiás.
Os territórios considerados na pesquisa são aqueles que apresentavam alguma delimitação formal no acervo fundiário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou dos órgãos de competência semelhante nos estados e municípios, em 31 de julho de 2022, data de referência do Censo.
Dados nacionais
O Brasil tem 1.696 cidades com presença de quilombolas. No entanto, desse total, apenas 326 contam com territórios oficialmente delimitados e reconhecidos pela União. O número corresponde a 19,2% dos municípios brasileiros.
Menos de 20% das cidades com quilombolas têm territórios demarcados
Antes de sediar os prédios políticos mais importantes do Brasil, a Esplanada dos Ministérios era um campo aberto de Cerrado, em que descendentes de pessoas escravizadas levavam bois para passear.
O território que hoje é o Distrito Federal foi parte de uma comunidade quilombola, que resistiu ao ciclo do ouro, mas não à expansão imobiliária no Planalto Central. Com a chegada de maquinários para erguer a nova capital, aos poucos, o Quilombo Mesquita perdeu terreno e se afastou do polígono que constitui a área do DF.
Brasília: a capital que, há 63 anos, afastou um quilombo para existir
Os quilombolas ajudaram a construir Brasília. Ergueram o Catetinho — primeira residência oficial na capital do país, feita para que Juscelino Kubitschek acompanhasse as obras de perto. Eles também ficaram responsáveis por alimentar os candangos, inicialmente.
A informação é da série documental Quilombolas de Mesquita, os brasileiros que iniciaram a construção da capital do Brasil, feita pela organização não governamental (ONG) Transforme, em parceria com o Ministério do Turismo.