metropoles.com

DF: construtora que prometia “casa do futuro” dá golpe milionário

As vítimas denunciaram o caso à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e ao Ministério Público

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Itra/Divulgação
casa
1 de 1 casa - Foto: Itra/Divulgação

Uma construtora que prometia casas com projeto arquitetônico sustentável, “do futuro” e “dos sonhos” deixou aos menos 30 clientes no prejuízo após fechar as portas no fim do ano passado. O rombo é milionário e ultrapassa os R$ 2,8 milhões. A polícia ainda apura o total do calote.

As vítimas denunciaram o caso à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Há informações de que alguns sócios embarcaram para o exterior logo após anunciar a falência e demitir funcionários.

A Itra Construtora se comprometeu a erguer grandes residências em regiões nobres do Distrito Federal, como Park Way e Jardim Botânico. O prazo para a conclusão das obras prometido na maior parte dos contratos era de 12 meses. Os acordos com clientes eram fechados mediante o pagamento de 20% do valor total do serviço.

A empresa tem uma sócia formal e três ocultos, mas a polícia investiga se todos estão envolvidos no esquema ou se apenas parte deles. Há a possibilidade de alguns terem sido vítimas também. Por isso, os nomes não foram divulgados.

Desde a última semana, vítimas e ex-funcionários têm prestado depoimento, dando detalhes das negociações, valores pagos e como as construções eram executadas. Um mestre de obras responsável por 11 empreendimentos da Itra apresentou ao MPDFT planilhas com o andamento das obras.

Um dos casos destacados pelo profissional é o de um advogado, morador do Jardim Botânico. O cliente pagou R$ 1,4 milhão e recebeu apenas 21% da obra – fundações e concretagem. Segundo o ex-funcionário, com esse valor dava para executar 80% da construção.

O ex-colaborador acredita que houve desvio de recursos para proveito dos empresários, uma vez que, durante uma reunião, descobriu-se o desfalque de R$ 2,8 milhões para finalizar as obras. O dado foi indicado via planilha. Além do rombo, há informações de que a empresa coleciona dívidas com os fornecedores.

Diante da situação financeira, os funcionários acabaram desligados em 6 de janeiro deste ano. Uma reunião para ajustar os direitos a serem pagos chegou a ser marcada na sede da empresa, no Setor Hoteleiro Norte.

Os responsáveis, no entanto, não compareceram, o que gerou revolta e quebra-quebra no local. O caso foi registrado na 5ª Delegacia de Polícia (área central). Outras sedes e galpões da Itra chegaram a ser depredados e furtados pelos ex-empregados.

Divulgação-Itra
Empresa prometia casa dos sonhos
“Qualidade e agilidade”

O servidor público Luciano Vieira, 45 anos, estava conduzindo a obra de sua residência, no Condomínio Privê, por conta própria. No decorrer dos trabalhos, ele percebeu que precisava de auxílio profissional e, por meio de indicações de amigos, conheceu a Itra.

“Estava desesperado e a empresa surgiu com a solução. Fez um projeto bonito, prometia qualidade e agilidade. A obra estava em andamento, com os materiais chegando. Jamais poderia imaginar que teria problemas. No Natal recebi a ligação do engenheiro afirmando que a empresa ia suspender o serviço e estava fechando. Foi um choque tão grande que perdi o rumo”, desabafou.

Vieira afirma que não foi chamado pelos proprietários da construtora para debater soluções. Ao contrário, não conseguiu contato com os empresários.

“Ter a minha casa da forma como planejei é um sonho antigo. Passei a morar com a minha mãe para investir nesse propósito. Como vou ter coragem e recursos para contratar outra empresa depois disso? Me apresentaram a foto de um lar e a realidade foi completamente diferente”, finalizou.

Projeto prometido para Luciano Vieira

 

Só no papel

O advogado Yuri Schimtke contratou a empresa para construir uma casa de 320 m² no valor de R$ 653 mil. Além da quantia, o cliente desembolsou mais R$ 24 mil para a construção de uma piscina, que foi entregue. A construção teve início em junho de 2018 e deveria ter sido finalizada em julho de 2019.

“Em 20 de dezembro do ano passado, eles deixaram de enviar o relatório. Como era fim de ano, pensei que não havia problema. Fui na obra e encontrei quatro funcionários trabalhando. Mas em janeiro veio o balde de água fria”, destacou.

O valor total pago por Schimtke alcançou R$ 456,9 mil. A Itra executou apenas 47% da obra e a abandonou em dezembro do ano passado. Com o que foi pago, era para a obra estar em 70%. O advogado relata que amarga o prejuízo de R$ 150 mil.

“Percebi que estavam desviando o valor que paguei para empregar em outras obras e para o pagamento de funcionários. Suspeitei dos atrasos nos serviços, mas não poderia imaginar que iriam nos dar um golpe”, disse o advogado.

Ainda segundo Schimtke, a promessa era de entregar as chaves em, no máximo, um ano. “Quando o engenheiro me deu a notícia, foi muito difícil de acreditar. Consegui reunir um grupo e, juntos, estamos movendo ações contra a empresa”, afirmou.

Confira como era o projeto feito pela construtora e como ficou a casa de Yuri:

13 imagens
1 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
2 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
3 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
4 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
5 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
6 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
7 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
8 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
9 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
10 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
11 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
12 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles
13 de 13

Imagem cedida ao Metrópoles

Outro cliente contratou os serviços por R$ 487 mil e, em troca, obteve apenas 65% da construção, amargando prejuízo estimado em R$ 120 mil. Mais uma vítima, que firmou contrato de R$ 537 mil, também procurou a Justiça para tentar o ressarcimento do valor.

Segundo outra mulher, o prejuízo é ainda maior, pois a casa construída possui diversos problemas de execução, com paredes tortas, fissuras e vazamentos.

Estelionato

O caso é investigado pela Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf). De acordo com o delegado-chefe da unidade especializada, Wisllei Salomão, um inquérito foi instaurado para apurar possível prática de estelionato e falsificação de documentos contábeis.

“Estamos investigando. Fatos estão sendo analisados para comprovar se há crime, se eles agiram com a finalidade de causar prejuízo aos clientes”, destacou o policial.

Os sócios não foram localizados pelos clientes nem pela reportagem para comentar as denúncias.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?