DF: após confessar ter matado a filha, mãe acusa pai da criança
Segundo o delegado da 12ª DP, Josué Ribeiro da Silva, versões dos pais de Júlia são contraditórias. Pai é considerado suspeito
atualizado
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Após confessar que havia matado a filha e ter sido presa em flagrante na manhã desta quinta-feira (13/02/2020), Laryssa Yasmim Pires de Moraes, 21 anos, agora acusou, em depoimento prestado na 12ª DP (Taguatinga Centro), o pai da menina pelo crime. O delegado Josué Ribeiro da Silva diz que há contradições na versão apresentada pelos dois. Giuvan Félix (foto em destaque), 26, também passou a ser considerado suspeito. Ambos estão detidos na unidade policial.
A policiais militares que foram ao local do crime, Laryssa levantou o braço quando foi questionada sobre quem havia matado a pequena Júlia, de 2 anos e 2 meses. A mulher não resistiu à prisão em flagrante. Ao ser indagada sobre o crime, teria dito: “Não sei, não sei, não sei! Matei minha filha“, de acordo com informações registradas na 12ª DP. A mulher, porém, voltou atrás e afirmou que só confessou o homicídio “porque estava nervosa na hora”.
“Segundo a versão de Laryssa, ela teria acordado de madrugada com os gritos da menina, pois Giuvan teria sido o autor das facadas na filha. O depoimento dela teve contradições, assim como o dele”, destacou o delegado Josué Ribeiro, chefe da 12ª DP.
Ainda conforme a versão apresentada pela mulher na delegacia, após o pai supostamente ter matado Júlia na cozinha, Laryssa se deparou com a cena do crime. “Depois, Giuvan ligou para polícia e disse que Laryssa teria matado a criança, ainda de acordo com o depoimento dela. Ela diz que, com raiva da situação, pegou outra faca e tentou acertar o pai da menina. A mãe afirma que não chamou a polícia porque estava sentada ao lado da filha tentando conversar com ela. O pai, após ter sido acertado pela peixeira, teria falado: ‘Achei meu álibi’, e depois teria continuado a ligação para a polícia”, ressaltou o investigador.
A 12ª DP ainda investiga em qual cômodo da casa a pequena Júlia foi morta a facadas. O delegado estranha o comportamento dos pais de Júlia. O investigador relatou que ambos não choraram em nenhum momento durante os depoimentos. Josué Ribeiro suspeita que a dupla pode ter planejado o crime. Duas facas foram apreendidas e encaminhadas para a perícia.
O velório de Júlia está marcado para começar às 7h desta sexta-feira (14/02/2020), em Padre Bernardo (GO).
Barbárie
O crime ocorreu na madrugada desta quinta-feira, na Chácara 148 da Colônia Agrícola de Samambaia, em Vicente Pires. Giuvan dá outra versão para a barbárie. Afirma que chegou do trabalho, em um shopping, na noite de quarta-feira (12/02/2020) e foi logo dormir. Durante a madrugada, o homem garante que acordou com Laryssa “tentando furar seu rosto“. O pai da criança disse que conseguiu afastar a mulher e gritou: “O que você tá fazendo?”. Depois, teria perguntado por Júlia.
O rapaz relata ainda que, ao ver a menina ferida, chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Não houve tempo de socorrer a pequena. Júlia morreu no local. O corpo da garotinha foi retirado do apartamento, que fica no primeiro andar do prédio, na manhã desta quinta, e levado ao Instituto Médico Legal (IML).
Segundo Giuvan, Laryssa estava morando em sua casa há pouco tempo e, nesta quinta-feira (13/02/2020), ela iria sair do local. De acordo com o delegado Josué Ribeiro, o depoimento de Giuvan não foi coerente com o machucado que ele apresentava no rosto. “O problema é que o ferimento do Giuvan não condiz com o ataque de alguém que queria sua morte, até porque o ferimento é superficial. O comportamento dos dois é muito estranho, ambos são muito frios, nenhum dos dois chorou durante o depoimento. Na minha opinião, eles queriam aquele fim para Júlia”, ressaltou o chefe da 2ª DP.
Júlia foi morta com ao menos duas facadas — entre o pescoço e o peito. No local, estavam apenas os pais da menina. O delegado diz que estranha o fato de os vizinhos terem escutado o choro da criança, e Giuvan não.
Desentendimento
Os pais da pequena estavam se desentendendo em relação à guarda de Júlia. Ao delegado, Giuvan contou que tinha atrito com Laryssa. “Ele chegou a acionar a Defensoria Pública pela guarda da criança. A Laryssa dizia que nunca daria a guarda a ele”, contou Josué Ribeiro. De acordo com a PCDF, o motivo do desentendimento seria o fato de Laryssa ter informado a Giuvan que estava reatando um namoro homoafetivo e que iria levar a criança para morar com ela, algo que teria desagradado o rapaz.
“Laryssa era festeira, não tinha emprego e usava drogas. Por conta desse comportamento, a mãe a expulsou de casa. Ela foi para a residência do pai da criança (há cerca de dois meses). Lá, informou que estava reatando com sua ex-namorada. Giuvan não aceitava que sua filha convivesse com essa situação e avisou que tomaria a guarda da criança, fato que Laryssa não aceitou”, explicou o delegado.