DF: 40,6% dos alunos não concluem o ensino fundamental na idade certa
Pesquisa da Fundação Itaú analisou um período de 12 anos e apontou que quase metade dos estudantes do país tem atraso no ensino fundamental
atualizado
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No Distrito Federal, 40,6% dos estudantes não concluem o ensino fundamental na idade certa (até os 15 anos). Os dados são da Fundação Itaú, que analisou os alunos nascidos entre 2000 e 2005 em um período de 12 anos (de 2007 a 2019).
Em sétimo lugar nacional, o DF está atrás de vizinhos regionais, como Goiás e Mato Grosso.
A unidade federativa está muito atrás de outros estados, como São Paulo, por exemplo, onde apenas 25,1% não concluem o ensino fundamental até os 15 anos.
Veja o gráfico com o número de estudantes concluído o ensino fundamental na idade correta:
Cenário nacional
Pelo levantamento, o DF está em uma situação um pouco melhor do que o abordado na média do país.
No cenário nacional, apenas 52% da população nascida entre 2000 e 2005 conseguiu concluir o ensino fundamental na idade adequada.
Para o ensino médio, apenas 41% dessa mesma população finalizou a etapa na idade esperada.
Desse público, cerca de 10% dos estudantes dessa população evadiram do sistema de ensino antes de completar o ensino fundamental, e 24% antes de completar o ensino médio.
“As trajetórias educacionais são pouco regulares para os estudantes da educação básica de forma geral, e a falta de regularidade é um problema ainda maior para estudantes do sexo masculino, que estudam em escolas de baixo nível socioeconômico, com deficiência, negros e indígenas e moradores das regiões Norte e Nordeste”, detalha a pesquisa.
Secretaria de Educação
A Secretaria de Educação do DF informou em nota que trabalha para ampliar o percentual de estudantes concluintes do ensino fundamental. Para isso, desenvolve ações de acompanhamento pedagógico.
Segundo a pasta, a preocupação com o fluxo escolar adequado é constante. “As ações que envolvem esse desafio estão entre as ações prioritárias nos documentos de planejamento da SEEDF e permeiam todos os programas e projetos que estão sendo executados na etapa do ensino fundamental.”
Por meio do Programa SuperAção, a pasta informou que atende os estudantes em situação de incompatibilidade idade/ano matriculados do 3º ao 8º ano do ensino fundamental. O objetivo é a reconstrução das trajetórias escolares desses estudantes.
Gravidez afetou os estudos
Os números mostram uma realidade que vai muito além do período pesquisado. A manicure Helzimar Oliveira Rodrigues, 51 anos, não completou os estudos a tempo e precisou adiar por duas vezes o retorno às salas de aula.
Aos 17 anos, Maninha, como é conhecida, ainda estava no 7º ano do ensino fundamental (na época chamada de 6ª série) e teve de interromper os estudos porque engravidou. “A discriminação foi muito intensa, por eu ser muito nova e estar grávida”, contou.
“Quando eu tive meu segundo filho, com 19, até que eu tentei voltar a estudar, mas também não deu muito certo”. Foi só a partir dos 25 anos que Maninha conseguiu retornar à escola.
“Eu queria ter tido a chance de fazer uma faculdade. De estar em um emprego bom, mas não tinha como, porque eu tinha que trabalhar para cuidar dos filhos. Então, assim, meu sonho de faculdade, eu tinha que esquecer que naquela época meu sonho era poder cuidar deles”, lembrou.
Atualmente, Helzimar está desempregada e faz “bicos” de manicure. Ela detalhou também como funcionava a rotina com as crianças em casa, trabalhando e estudando. “O tempo que eu tinha com eles era preparando os projetos da EJA [Educação de Jovens e Adultos]”.
“Então foi assim a minha vida: eu gravei nova, tive dois filhos nova, casei nova, separei nova e terminei o meu estudo um pouco velhinha, porque eu já tinha trinta e poucos anos quando eu terminei o ensino médio”, completou.