DF: 11,8% dos brasilienses acima de 18 anos se dizem fumantes
Dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, divulgada pela SES-DF
atualizado
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Quase 12% — 11,8% — dos brasilienses acima de 18 anos se dizem fumantes. É o que aponta a edição de 2021 da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. De acordo com o levantamento, o Distrito Federal é a segunda capital no país com maior proporção de fumantes. Fica atrás apenas de Campo Grande, com índice de 14,5%.
Nesta terça (31/5), é comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco.
“Esse dado de 11,8% é o das pessoas que assumem que fumam. Mas não há essa percepção de serem fumantes por parte de muitos dos que usam as novas formas de consumo de nicotina, como os cigarros eletrônicos e o narguilé. Pelo contrário, muitos pensam se tratar de uma forma de deixar de fumar”, alerta a médica pneumologista Nancilene Melo, da Secretaria de Saúde do DF.
Desde 2009, o consumo de cigarros eletrônicos — também conhecido como vape (do inglês, vaporizador), e-cigarrete e até “pen-drive” — é proibido no Brasil por resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apesar disso, as vendas do produto tornam-se cada vez mais populares no país.
“Estamos vendo acontecer agora a mesma estratégia de marketing que era utilizada no passado, quando o cigarro era relacionado a sucesso, a empoderamento e sendo oferecidas opções com menos nicotina, dando a ideia de menos efeitos deletérios. Dizem que não são fumantes e, sim, vapers”, alerta a médica.
Segundo Nancilene, foram identificadas mais de 80 substâncias danosas à saúde quando inaladas, incluindo o sal de nicotina, que apresenta absorção mais rápida e quatro vezes mais potencial de causar dependência química frente à nicotina da folha de tabaco.
“De fato, não há alcatrão, mas tem outras substâncias cancerígenas, aditivos da indústria alimentícia, além de substâncias com potencial explosivo”, acrescenta.
A pneumologista reforça que o risco é maior para os adolescentes, que iniciam a exposição a essas substâncias precocemente, podendo evoluir cedo com danos em órgãos como pulmões e coração, além de interferir na maturação de neurônios.
Ao Metrópoles a Anvisa explicou que está em curso a etapa de coleta de dados técnicos e científicos para análise do impacto regulatório do veto aos produtos. Isso poderia servir para reverter a opinião da Anvisa sobre o assunto.
“Além da manutenção da proibição definitiva desses dispositivos no Brasil, é necessário iniciar uma rotineira e efetiva fiscalização da venda desses produtos, assim como buscar meios de impedir que os grandes conglomerados de comércio varejista continuem a desafiar as autoridades de saúde. Os cigarros eletrônicos não podem reverter décadas de esforços da política de controle do tabaco no Brasil”, diz o documento.
O prazo de recolhimento de informações pela Anvisa termina em 10 de junho. Enquanto isso, a proibição segue, e a agência é uma das responsáveis por fiscalizá-la, junto com as vigilâncias sanitárias locais.
No DF, o diretor da Vigilância Sanitária, André Godoy, conta que o “cobertor é curto” na agência, e não há pessoal suficiente para fiscalizar. Ainda assim, em oito meses, foram emitidos 71 autos de infração do uso de fumígenos (como são chamados os cigarros eletrônicos) em ambiente fechado. Além disso, o órgão interditou 60 tabacarias e apreendeu mais de 2 mil vapers.
“É proibido vender. O nosso foco é evitar a distribuição. O Brasil é um exemplo no combate ao fumo, e precisamos voltar a agir forte nesse assunto. Incentivamos que a população denuncie a comercialização do produto via 160, 162, ou pelo site da ouvidoria do GDF. O local que está vendendo não só está cometendo uma infração sanitária como também pode ser indiciado por contrabando, já que os cigarros eletrônicos são proibidos pela Anvisa”, explica Godoy.
Tratamento
Atualmente na rede pública do DF, são 40 unidades de saúde habilitadas para realizar o tratamento gratuito das pessoas que necessitam de apoio no abandono do tabagismo.
Só em 2021, mesmo com a pandemia, 875 usuários foram atendidos, porém apenas 385 fizeram o tratamento completo. No total, 283 pessoas deixaram de fumar (32%). Os interessados devem se dirigir às Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) cadastrados mais próximas do trabalho ou domicílio, onde serão acolhidos e receberão as orientações necessárias.
Com informações da Agência Saúde
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