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“Deu a vida para salvar as crianças”, diz prima de homem morto em incêndio

Desabafo de Luciene Lima foi feito no enterro de Daniel Lopes, que tentou salvar filha e enteados. Três pessoa morreram na tragédia

atualizado

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Velório de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul
1 de 1 Velório de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul - Foto: Andre Borges/Metrópoles

O corpo do padrasto das duas crianças que morreram queimadas após incêndio em uma casa de Samambaia, Daniel Pereira Lopes, 35 anos, foi enterrado na tarde desta quarta-feira (26/02/2020), na presença de familiares e amigos, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul.

O carpinteiro pulou o muro da casa e enfrentou as chamas para tentar salvar os enteados e a filha, Katlen Pereira, de 6 meses, internada na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital de Base, sem previsão de alta.

Luciene Lima, 50 anos, prima de Daniel, conta que a família ainda não conseguiu assimilar tantas perdas ao mesmo tempo. “Estamos em desespero, pois foi uma grande tragédia”, diz.

Para ela, a morte do primo só traduz as atitudes dele em vida, com um ato heroico. “Era um ótimo pai e um ótimo filho. Todos gostavam muito. Ele deu a vida para salvar as crianças”, afirma.

Ainda sem saber exatamente o que aconteceu, os familiares esperam uma resposta da sequência de fatos que culminaram no incêndio. “Só sabemos que foi uma tragédia”, resume. O caso ocorreu no Conjunto 17 da QR 425 de Samambaia.

A esposa de Daniel e mãe das crianças, Romária Pereira da Silva, 31, só chegou por volta das 16h. Luciene diz que muitas questões burocráticas estão sendo resolvidas, principalmente depois da confirmação da morte de Adryan Pereira, 4, na manhã desta quarta.

Além de Daniel e Adryan, as chamas também tiraram a vida de Kyara Pereira, 2 anos. O carpinteiro era pai de Katlen e padrasto de Adryan e Kyara A menina foi enterrada na terça-feira (25/02/2020), em Taguatinga.

Pouco antes de Daniel ser sepultado, Romária se debruçou sobre o caixão, muito emocionada, conseguiu agradecer: “Muito obrigada”, falou, sob aplausos em homenagem ao carpinteiro.

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Romária, mulher de Daniel
Velório de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul
Enterro de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul
Velório de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul
Velório de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul
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José André da Silva, tio de Romária

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Romária, mulher de Daniel

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Velório de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul

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Enterro de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul

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Velório de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul

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Velório de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul

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Luciene Lima, prima de Daniel, no Campo da Esperança da Asa Sul

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Romária, mãe de Kyara, estava muito abalada

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A mulher foi amparada pelos familiares e chegou a perder os sentidos durante o enterro

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Cerimônia aconteceu no Cemitério de Taguatinga

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Cerimônia aconteceu no Cemitério de Taguatinga

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Parentes inconsoláveis

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O velório contou com a presença dos familiares

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Kimberly, de camisa branca e vermelha, é irmã das vítimas e não estava em casa durante o incêndio

Arquivo pessoal
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Rikelmy, Rony e Gustavo são filhos de Romária e se salvaram do incêndio

Arquivo pessoal

Tio de Romária, o encarregado de manutenção José André da Silva, 43, lembra que mesmo Daniel não sendo pai biológico de todas as crianças, tinha tratamento igual. “Amava todos, não tinha separação. Falava que era responsável por todos, pois ele quem criava”, diz.

Segundo José, a sobrinha ainda se encontra em estado de choque, sem conseguir acompanhar a sequência de fatos. “Velório ontem do filho, hoje do marido. Isso tudo com a outra internada”, afirma.

Ele ainda reclama da burocracia para se retirar todos os documentos e agilizar o processo. “Eu mesmo reconheci o corpo da Kyara, mas pediram para a Romária ir lá. Estavam desconfiando do tamanho da criança. Fizeram ela ver o estado em que estava”, desabafa. “Peço às autoridades que entendam a situação.”

Com relação ao estado de saúde de Katlen, José afirma que a situação piorou. “A gente achava que o problema seria a queimadura, mas não. Ela inalou muita fumaça e o pulmão está ruim.”

O incêndio

As chamas na residência tiveram início por volta das 20h de domingo. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF), cinco pessoas receberam atendimento. Daniel teve 95% do corpo queimado, enquanto a bebê de 6 meses sofreu queimadura de segundo grau no rosto e braço. As chamas atingiram 70% do corpo de Adryan.

Kyara morreu no imóvel. A mãe das crianças, Romária, estava em estado de choque e foi encaminhada para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT), mas foi liberada no dia seguinte.

Equipes do CBMDF e do Instituto de Criminalística, da Polícia Civil (PCDF), fizeram a perícia, porém, o resultado pode demorar até 30 dias para ficar pronto. A residência teve quatro cômodos totalmente queimados: sala, cozinha e dois quartos. O caso está sob os cuidados da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte).

Ajuda

A família de Romária pede orações, bem como ajuda para superar a tragédia. “Quem sustentava a casa era Daniel. Ele trabalhava com bicos”, assinalou o encarregado de manutenção José André da Silva, 43, tio de Romária. O incêndio destruiu documentos e pertences. Familiares buscam inserir Romária na lista de pessoas apoiadas pelos programas sociais do governo.

“Qualquer ajuda é bem-vinda, cestas básicas, roupas, o que for possível”, resumiu o tio da mãe das crianças. Quem quiser pode ligar para ele no telefone (61) 99175-3175.

Uma opção para colaborar é fazer depósito no Banco do Brasil (Agência 2883-5 e conta-corrente 17771-7).

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