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Desemprego e incertezas batem à porta do brasiliense no Dia do Trabalhador

Crise provocada pelo novo coronavírus atingiu milhões de brasileiros e milhares de brasilienses. Bares e restaurantes demitiram 6 mil no DF

atualizado

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Gui Prímola/Metrópoles
Carteira de Trabalho
1 de 1 Carteira de Trabalho - Foto: Gui Prímola/Metrópoles

Data instituída para comemorar vitórias e direitos dos trabalhadores, o 1º de Maio, em 2020, ocorre em uma realidade inimaginável há poucos meses. A pandemia do novo coronavírus, que provocou o fechamento de espaços comerciais, escolas e shoppings para garantir o distanciamento social, levou milhões de brasileiros e milhares brasilienses ao desemprego.

No Brasil, a taxa de desocupação subiu para 12,2% no primeiro trimestre deste ano, uma alta de 1,3 ponto percentual na comparação com o último trimestre de 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa 1,2 milhão de pessoas sem o ganha-pão diário.

No DF, os números oficiais de desemprego pós-pandemia ainda não estão consolidados, mas somente no setor de bares, hotéis e restaurantes, são 6 mil demissões homologadas, de acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar).

Na capital da República, 18,9% dos empresários demitiram e quase 40% têm dificuldade para pagar os salários de seus funcionários, segundo pesquisa encomendada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio).

A crise da Covid-19 se instalou também na casa do caminhoneiro Paulo Santana, 60 anos. Ele transportava soja para sustentar a esposa e as duas filhas, 6 e 11 anos. Estava havia seis anos na empresa. Perdeu tudo. “Estou de pés e mãos atados, passando por situação precária e correndo atrás de emprego”, disse.

Santana conseguiu o auxílio emergencial do governo federal, de R$ 600, mas o dinheiro só deu para pagar o aluguel em Santa Maria. “Agora, não sei o que vou fazer para pagar as outras coisas. Comida, a gente tem a casa dos parentes, da minha sogra, mas o resto não sei o que fazer”, lamentou. Otimista, Paulo fez um chamamento: “Mas, ó: eu sei fazer de tudo, viu? Sou motorista, vigilante, pedreiro e quero um emprego”, completou.

Assista ao pedido de Paulo Santana:

Fechamento de bares, restaurantes e empresas de eventos

Há quase 50 dias sem nenhum faturamento ou trabalhando só por delivery, diversos restaurantes tradicionais da capital fecharam as portas. Eles fazem parte de um grupo de 300 estabelecimentos do tipo que não voltarão a funcionar após a pandemia.

Nomes como Piantella, que servia na capital havia 44 anos; o Le Jardin du Golf, localizado no Clube de Golfe de Brasília; o Brace Parrilla e outros foram vítimas da crise econômica causada pelo novo coronavírus.

Garçom, Edilson Pereira, 36, trabalhava em um restaurante da capital havia três anos. Como o estabelecimento passou a atender somente por delivery, ele e outros 10 empregados foram dispensados. “Ainda não recebemos o FGTS, mas sairá nesta ou na próxima semana. Eu pago aluguel, pensão alimentícia e meu pai está em um abrigo, que também é pago. Estou procurando emprego, mas nesta época, ninguém contrata garçom”, lamentou.

João Andrei de Souza, 27, era gerente em uma empresa na área de buffet para festas e eventos. Com tudo fechado e com o funcionamento proibido, ele foi dispensado. “Fiquei lá por três anos e sete meses. Saí no final de março devido à pandemia. Usei o FGTS para pagar as maiores dívidas que tinha e vou me manter com o seguro-desemprego”, afirmou.

Veja o relato de João:

Sem previsão para reabrir bares e restaurante

Com 6 mil demissões homologadas, o setor de bares, hotéis e restaurantes sofre com a falta de perspectiva. O governador Ibaneis Rocha (MDB) adiou a abertura do comércio, do dia 3 de maio para o dia 11, mas não fez uma previsão para a retomada do trabalho no setor.

Como o novo coronavírus é transmitido pelo ar, por gotículas de saliva e pelo contato, o chefe do Executivo precisa esperar o comportamento da doença para saber como vai proceder com esses setores.

O isolamento social serve para que o número de casos não exploda e os hospitais não cheguem ao limite de suas vagas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), deixando sem acesso os infectados por Covid-19 e também as pessoas que sofrem de outras doenças.

Mas a decisão preocupa o setor. “A falta de perspectiva só piora, gera desespero. O empresário não tem como se programar. Os pagamentos de água, luz, aluguel, tudo continua. A partir da próxima segunda-feira (04/04) mais empresas vão fechar. Serão quase dois meses sem receber um centavo de faturamento”, argumentou o presidente do Sindhobar, Jael Antônio da Silva.

Veja depoimento de Jael:

Crise no setor de turismo

Empresas aéreas e de viagens também foram atingidas. Assim, o aeroporto precisou dispensar empregados. Daniel Calazans, 37, está entre os brasilienses demitidos em função da crise econômica provocada pela pandemia. Antes de ser mandado embora, trabalhava como agente de proteção de aviação civil, no Aeroporto Internacional de Brasília.

“Fui contratado no dia 4 de março e me mandaram embora no dia 27. As pessoas começaram a ser demitidas à medida que o número de voos foi caindo. Mandaram pessoas que têm cinco, 10 anos de casa embora. Eles disseram que voltariam a chamar quando toda a questão se resolvesse”, afirmou Calazans.

Desempregado, Calazans complementa renda fazendo corridas em aplicativos de transporte. “Mas não está sendo suficiente também, pois as corridas caíram muito, coisa de 70%”, reclamou.

A solução encontrada por ele para enfrentar o período foi pleitear o auxílio emergencial. “Graças a Deus, consegui resolver essa questão nessa quinta-feira (30/04) e esse dinheiro vai me ajudar mais um pouquinho”, finalizou.

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