Caso de bombeiro que furtou viatura no DF não foi terrorismo, diz SSP
Segundo secretaria, investigações preliminares não apontam indícios de ameaça terrorista. Juiz converte flagrante em prisão preventiva
atualizado
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A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do DF (SSP-DF) informou que investigações preliminares não apontam a possibilidade de atentado terrorista no caso do bombeiro que furtou uma viatura da corporação, em Ceilândia, e seguiu em alta velocidade pelo Eixo Monumental na madrugada deste domingo (3/12).
“Na apuração preliminar do Corpo de Bombeiros, a princípio, não foram encontrados elementos que apontam para a caracterização de atentado terrorista, em conformidade com a Lei n° 13.260/16, a qual trata dos crimes de terrorismo”, afirmou a pasta em nota divulgada nesta tarde.
O segundo sargento Fabrício Marcos de Araújo está detido no Núcleo de Custódia do Corpo de Bombeiros e foi submetido à audiência de custódia. Na sessão, o juiz Alessandro Marchió Bezerra Gerais converteu em preventiva a prisão de Fabrício Marcos.
O militar ficou algemado pois, segundo o magistrado, não era possível garantir a segurança dos presentes.
Os advogados de Fabrício Marcos apresentaram um relatório psicológico e pediram a internação do bombeiro. Segundo os defensores, o militar “não tem condições de responder temporariamente pelas suas ações”.Embora o autuado seja primário e de bons antecedentes, verifica-se que o fato a ele imputado reveste-se de excepcional gravidade. Isso porque, além de ter a intenção de atingir o prédio do Congresso Nacional com um caminhão carregado – o que provocaria danos de grandes proporções no local, colocando em risco a vida de terceiros –, a conduta dele colocou em perigo número indeterminado de pessoas ao trafegar em alta velocidade pelas vias do Distrito Federal
Trecho da decisão do juiz Alessandro Gerais
Crimes militares
O bombeiro deve responder por quatro crimes previstos no Código Penal Militar: furto qualificado, desobediência, danos ao material da administração militar e tentativa de dano. Somadas, as penas chagam a 20 anos de prisão.
Apesar de descartar terrorismo, por enquanto, a SSP-DF informou que a motivação do segundo sargento Fabrício Marcos de Araújo, 44 anos, e as circunstâncias da ocorrência “ainda estão sendo apuradas”. A Diretoria de Saúde e o Centro de Assistência da corporação também acompanham o caso.
O incidente ocorreu às 1h30 deste domingo (3). O segundo sargento Fabrício Marcos de Araújo entrou no 8º Grupamento de Bombeiros Militar (Ceilândia), onde é lotado, e furtou a viatura. Depois, seguiu em direção ao Congresso Nacional em alta velocidade.
Na altura da via Estrutural, o motorista foi avistado por equipes da Polícia Militar, que deram diversas ordens de parada, todas desobedecidas pelo bombeiro. A viatura só parou por volta das 1h50, na via S1, altura da Catedral de Brasília, depois que PMs conseguiram atingir os pneus do veículo, que derrapou e parou na pista.
Em áudios obtidos pela reportagem e que reproduzem diálogos do radiocomunicador da viatura furtada, o sargento afirma que não pretendia fazer vítimas. “No Congresso Nacional, eu paro. Não vou matar ninguém. Não vou atropelar ninguém. Não vou passar por cima de ninguém. No Congresso Nacional, eu paro”. No entanto, em determinado momento, diz que se a PM atirar contra o carro, “vou matar todo mundo”.
Após o incidente, o Fabrício Marcos de Araújo foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) para exame clínico. Segundo militares que atuaram na ocorrência, ele aparentava estar em “surto psicótico”.
Em perícia feita pela polícia, foram encontradas latas de cerveja dentro da viatura.