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Desaparecimento ou fuga? Conflitos e busca por individualidade podem levar jovens a sair de casa

Segundo psicólogos, tentativas de fuga são frequentes durante a adolescência. Cabe aos pais o diálogo para estreitar as relações e mostrar que conselhos não são ordens

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1 de 1 montagem meninas - Foto: Facebook/Reprodução

Pedidos de ajuda feitos por famílias à procura de filhos desaparecidos surgem nas redes sociais com frequência. Mobiliza-se uma corrente para chegar ao paradeiro de adolescentes, que somem de casa deixando para trás pais aflitos.

Os casos mais recentes registrados no DF tiverem final feliz. Os jovens haviam desaparecido por vontade própria e voltaram para o lar. O Metrópoles ouviu famílias e especialista para ajudar a entender por que adolescentes tomam essa atitude radical.

No fim de janeiro de 2016, dois casos com esse perfil foram solucionados, no DF. Em ambas as situações descobriu-se que se tratava de fuga. Isabelle Galdino, de 17 anos, foi dada como desaparecida pela mãe em 22/1, uma sexta-feira. Três dias depois, o pai da menina levou a garota à delegacia de Vicente Pires. Segundo ele, Isabelle estava na casa de amigas.

Situação semelhante ocorreu com a jovem Milena Cristina Marques, de 16 anos, que saiu de casa em 21 de janeiro, deixando os pais em desespero. Cinco dias depois, a adolescente ligou para o pai, avisando que havia fugido para a casa de amigos. O motivo: uma discussão com a família sobre um namoro.

A especialista em psicologia da adolescência Angela Uchoa Branco explica que, nessa faixa etária, o sentimento de independência é mais aflorado, o que contribui para possíveis tentativas de fuga. “Em alguns casos, eles chegam a tomar a atitude concreta, mas não necessariamente desaparecem. Infelizmente, em algumas ocasiões, realmente procuram se separar da família”.

Para evitar que os jovens busquem o afastamento, Angela afirma que o diálogo é essencial. “É preciso ouvir o que eles têm a dizer e argumentar com muita paciência e respeito pela opinião deles. Isso não significa concordar ou admitir tudo. Mas que os filhos compreendam, pelo diálogo respeitoso, os argumentos e não as ordens dos pais”.

O pai de Milena, Denei Godinho, diz ter aprendido com a situação. “Refleti muito a respeito e percebi que em alguns momentos é preciso ceder, entender sobre as decisões dela”.

Exposição
Nos dois casos de desaparecimento, pais e parentes utilizaram as redes sociais para divulgar a situação e buscar ajuda. “Foi fundamental. Recebemos o apoio de pessoas do Brasil inteiro e fez minha filha perceber a importância que ela tem para nós”, conta o pai de Milena.

Apesar do desespero ser justificável, a psicóloga Alessandra Araújo Vieira alerta para a possível exposição dos jovens. “As redes sociais podem ser uma faca de dois gumes. Por um lado, é uma ferramenta de comunicação importante e demonstra preocupação e carinho com o filho. Porém, se usadas com exagero, expondo conflitos familiares, pode gerar dificuldades do adolescente encarar a sociedade depois”.

A mãe de Isabelle, Cintia Galdino, admite que teve de medir as consequências da divulgação do desaparecimento da filha. “Sabia que ela poderia ser alvo de críticas, mas a dor de tê-la longe era muito grande. Tinha que usar de todas as ferramentas possíveis para achá-la”. Cintia conta que apagou parte das postagens, para evitar comentários negativos, mas diz não se arrepender.

Já o pai de Milena considera que a exposição pode ter seu lado positivo. “Quando voltou a trabalhar, todos a encheram de perguntas. Ela ficou meio sem chão, envergonhada. Acredito que pensará duas vezes antes de fazer algo parecido”.

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