DER-DF: pelo menos dez pessoas teriam pago propina para reduzir multas
Um servidor do órgão foi preso em operação do MPDFT. Departamento abriu sindicância e há suspeita da participação de outros funcionários
atualizado
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O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) apura se outros servidores estão envolvidos no esquema de propina no Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF). De acordo com a investigação, pelo menos dez pessoas teriam pago cerca de R$ 1,5 mil para terem multas reduzidas e as carteiras de habilitação (CNHs) apreendidas de volta.
Nessa quarta-feira (28/08/2019), foi deflagrada a Operação Trânsito Livre. Três pessoas foram presas, entre elas o servidor do DER Alex Fabiano Silva e a mulher dele, Iana Bittencourt Silva. Funcionário da Secretaria de Segurança, Expedito Pereira de Oliveira também foi alvo. Até a operação, ele era comissionado da chefia de gabinete da pasta. Mas, segundo o órgão, foi exonerado após a prisão.
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão no edifício-sede do departamento e nas residências dos investigados.
Conforme o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a atuação do grupo criminoso ocorreria de forma concatenada e cada integrante desempenharia papel específico. O primeiro passo envolveria contato com a pessoa autuada pelo órgão – que, na maioria dos casos, teve carteira de motorista retida.
O fraudador se identificaria como servidor do DER-DF e ofereceria a possibilidade de não inserir a multa no sistema, de destruir a infração recebida e de, finalmente, devolver a CNH. Em troca, os infratores solicitariam propina correspondente à metade do preço da multa aplicada. Em geral, as multas eram aplicadas em casos da Lei Seca porque os motoristas se recusaram a soprar o bafômetro.
Segundo o diretor-geral do DER-DF, Fauzi Nacfur, os investigadores suspeitam da participação de outros funcionários. Alex Fabiano trabalha no serviço de guincho. E, portanto, não teria acesso ao sistema de talonário das multas. Contudo, até o momento, outros nomes não foram revelados. “Recebemos a primeira denúncia. É nossa obrigação abrir PAD ou sindicância. E assim fizemos. Agora, se novos funcionários forem denunciados poderão ser investigados neste processo ou em outro”, assinalou.
No decorrer de vários meses, o Gaeco realizou ação controlada para acompanhar os encontros entre os investigados e os autuados, bem como registrar os crimes ocorridos, em especial o momento do pagamento da propina. A ação contou com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).