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DER deixou de investir R$ 1,2 bi, inclusive na recuperação de viadutos

Desse total, R$ 4,2 milhões deveriam ser destinados à restauração de estruturas elevadas. Novacap também contingenciou recurso para a área

atualizado

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1 de 1 25882247215_bda93a8369_o - Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

Não foi por falta de dinheiro. O desabamento do viaduto no Eixão Sul, na terça-feira (6/2), poderia ter sido evitado caso o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) decidisse não contingenciar um bilionário orçamento nos últimos três anos.

Dados retirados do Sistema de Gestão Governamental (Siggo) apontam que, de 2015 a 2017, a gestão de Henrique Luduvice (foto em destaque) – exonerado do cargo de diretor nessa quarta (7) – deixou de aplicar R$ 1.216.544.973,50. O recurso estava autorizado para ser usado, mas Luduvice preferiu não gastá-lo.

O discurso de manter uma administração austera custou caro. Ao sacar a tesoura e cortar na própria carne, Luduvice colocou em risco a vida de milhares de pessoas e motoristas. Do total poupado, evitou que R$ 4.290.909 fossem empregados na manutenção e no reparo de pontes e viadutos do Distrito Federal.

As planilhas oficiais mostram que a autarquia deu importância zero ao tema. No último triênio, nenhum centavo foi gasto a fim de garantir o pleno funcionamento das estruturas elevadas erguidas na capital do país.


Novacap também deixou de investir

A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) também deixou de destinar verbas públicas para manter os acessos reforçados e seguros. Em 2015, no primeiro ano da gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), a empresa foi autorizada a empenhar na recuperação de pontes e viadutos R$ 22,1 milhões, mas só usou R$ 16 milhões. No ano seguinte, usou R$ 19.540.908,33 de um total autorizado de R$ 19.547.072,00. Já em 2017, do R$ 1,9 milhão autorizado, nada foi empregado.

O diretor-presidente da Novacap, Júlio Megegotto, explicou que muitas intervenções em pontes e viadutos não aparecem na rubrica discriminada no Siggo. “Tem muito trabalho de urbanização que inclui reparos em pontes e viadutos, mas não aparece no Siggo, pois está dentro de outros projetos genéricos”, disse.

Menegotto atribuiu o desabamento no Eixão Sul a gestões passadas. “Estamos falando de 20, 30 anos sem qualquer tipo de manutenção nesses viadutos. Nós, em três anos, reformamos oito e temos projeto para reparar o restante”.

O Metrópoles ligou várias vezes para o ex-diretor do DER Henrique Luduvice, mas ele não atendeu nem retornou os contatos. A reportagem também enviou os questionamentos à assessoria de comunicação da autarquia, mas até a última atualização desta matéria não havia recebido resposta.

No fim da tarde de quarta (7), associações de servidores do DER-DF publicaram nota em que criticaram a demissão de Luduvice.

Já a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão informou, em nota, não ter recebido do DER nenhum pedido de orçamento extra especificamente destinado para manutenção do viaduto do Eixão Sul.

15 imagens
Não houve vítimas, apenas danos materiais
Carros foram esmagados pela gigantesca estrutura
Donos dos veículos ficaram no prejuízo
A área foi imediatamente isolada, devido ao risco de novo desabamento
Ligação é uma das mais importantes da cidade
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Viaduto desabou no dia 6 de fevereiro de 2018

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Não houve vítimas, apenas danos materiais

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Carros foram esmagados pela gigantesca estrutura

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Donos dos veículos ficaram no prejuízo

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A área foi imediatamente isolada, devido ao risco de novo desabamento

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Ligação é uma das mais importantes da cidade

Arquivo cedido ao Metrópoles
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Curiosos observam o cenário do desabamento

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Queda deixou cratera na pista

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Em visita ao local do desabamento, o então governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), recebeu vaias

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Do alto, a dimensão do incidente

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Trânsito foi desviado na região

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CBMDF e Defesa Civil avaliaram bases de sustentação

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Cães farejadores auxiliaram na busca de possíveis vítimas, mas ninguém foi atingido

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Não houve feridos no desabamento

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Parte do viaduto danificado

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“Incapacidade de gerir”
Na Câmara Legislativa, a falta de aplicação da verba na modernização das ligações foi alvo de duras críticas dos parlamentares. Celina Leão (PPS) considera o governador o maior culpado pelo estrago na pista. “Ele não sabe escolher sua equipe e muito menos gerir o orçamento que tem em mãos. Esses números oficiais só demonstram a incapacidade do governador de administrar contas públicas. Tinha dinheiro, só faltou habilidade para executar”, atacou a distrital, arqui-inimiga declarada de Rollemberg. A equipe da parlamentar foi a responsável por fazer o levantamento com base nos números do Siggo.

Chico Vigilante (PT) também reprovou a forma como o chefe do Executivo conduziu os recursos para tal finalidade, e aproveitou para defender o ex-governador Agnelo Queiroz (PT). Na gestão passada, havia recursos para reparos e um cronograma de reformas, que começaram na Rodoviária do Plano Piloto, mas Rollemberg não deu continuidade aos trabalhos”.

Os deputados ainda sugeriram à Mesa Diretora a criação de uma comissão responsável por fiscalizar a mobilidade no Distrito Federal – o que incluiria os viadutos e as vias das cidades.

O desabamento
O acidente que apavorou a população da capital do país ocorreu às 11h45 de terça (6). Dezenas de carros no Eixão Sul tiveram de retornar no meio da via, a qual acabou interditada, após duas faixas do asfalto cederem. A estrutura caiu sobre quatro veículos e um restaurante.

O governador esteve no local e admitiu: o viaduto não passou por manutenção. Ele foi vaiado. Professor de engenharia civil na Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Infrasolo, empresa especializada em patologia de edificações, Dickran Berberian explicou que o apoio de uma viga deve ter cedido.

“Segundo a minha experiência, em casos de desabamentos, a estrutura dá um sinal ou tremor, um barulho. O que caiu não foi uma viga, foi o apoio dela. Acredito que esse viaduto não tenha passado por vistoria. Caso contrário, o governo teria detectado o problema”, disse.

De acordo com ele, “o maior inimigo de qualquer edificação é a água. Desabamentos são mais propícios a ocorrer nessa época de chuva. Se tiver alguma infiltração, os materiais que compõem o viaduto podem ser comprometidos”.

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