Deputado fará reclamação à PCDF após morte de jovem ser classificada como homicídio culposo
Fábio Félix (Psol) diz que há um descumprimento de protocolo, que determina a investigação de crimes desta natureza como feminicídio
atualizado
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O deputado distrital Fábio Félix (Psol), que foi relator da CPI do Feminicídio na Câmara Legislativa do DF (CLDF), fará uma reclamação à Polícia Civil (PCDF) por ter classificado o assassinato de Milena Cristina Gonçalves em um primeiro momento como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O crime ocorreu na madrugada de sábado (16/10).
Segundo o distrital, o órgão descumpre as próprias diretrizes, que determinam que todo assassinato de mulher seja investigado primeiro como feminicídio. “Trata-se de um absurdo que fere o próprio protocolo adotado pela corporação e configura enorme retrocesso no enfrentamento dos feminicídios no DF”.
Com o objetivo de buscar o cumprimento do padrão de investigação destes casos, Fábio Felix prometeu ir à Corregedoria da Polícia Civil. “O DF vive uma escalada brutal de violência contra a mulher e o estado dá um péssimo recado quando trata o assassinato de uma jovem em virtude do gênero como homicídio culposo”, reforça.
Acusado está preso preventivamente
A Justiça do Distrito Federal decretou, nesta segunda-feira (18/10), a prisão preventiva de Gabriel Henrique de Oliveira Borges, 28 anos, suspeito de assassinar a jovem Milena Cristina Gonçalves, 24, no último sábado (16/10) na QN 08 do Riacho Fundo II . Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o autor do crime disse que passou a noite com ela, mas não se lembra do que ocorreu após “a relação sexual violenta”.
Para a Justiça, o crime foi praticado de forma dolosa, quando há intenção de matar. Assim, de acordo com a decisão na audiência de custódia, Gabriel, preso anteriormente em flagrante, continuará no Centro de Detenção Provisória, no Complexo Penitenciário da Papuda, até o dia do julgamento.
O crime foi registrado na 27ª DP (Recanto das Emas). Segundo o delegado Pablo Aguiar, o homem teria ido para a casa da vítima com outras duas pessoas. “Lá houve consumo de bebida alcóolica e entorpecentes. Depois disso, ele levou todo mundo embora, mas voltou, pois os dois já teriam flertado”, conta.
No depoimento à polícia, o jovem ainda comentou que teria ocorrido uma “relação sexual violenta”. O suspeito, no entanto, não soube detalhar a situação após o sexo. “Depois disso, ele só disse que apagou do lado dela e acordou com ela morta. Foi aí que ligou para a PM”, disse o policial.
Pablo explica que, em um primeiro momento, o homem foi autuado pelo delegado que estava de plantão por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e uma fiança de R$ 5 mil foi arbitrada. Após audiência de custódia, houve mudança na natureza do crime de homicídio culposo, para doloso.
“Meu entendimento foi diferente do delegado de plantão. Desde o princípio, foi um entendimento na linha do homicídio doloso, e não culposo”, ressaltou o atual delegado responsável pelo caso.
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), ela apresentava um hematoma na região do pescoço. O socorro foi acionado às 9h17, mas, quando a corporação chegou no local, já encontrou o corpo com manchas de hipóstase, que é a coloração decorrente do acúmulo de sangue em algumas regiões do corpo.