Deputado fala em perseguição e diz haver cristofobia em escolas do DF
Fala foi proferida pelo deputado distrital Tiago Manzoni (PL) durante votação de um projeto apresentado pela deputada Paula Belmonte
atualizado
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Durante sessão que ocorreu na noite desta terça-feira (25/6) na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), uma fala do deputado distrital Thiago Manzoni (PL) causou polêmica no plenário.
Ao proferir seu voto contrário ao Projeto de Lei nº 54, de autoria da deputada Paula Belmonte (Cidadania), Manzoni diz que “não é a favor do ensino de religião africana” em escolas e que há “perseguição ao cristianismo” nas instituições de ensino.
O PL, contudo, diz respeito ao Plano Distrital de Juventude no âmbito do Distrito Federal e fala sobre o desenvolvimento de políticas que combatam e denunciem o extermínio de jovens, em especial dos negros, além de fomentar nas escolas públicas a valorização das artes de matrizes africanas, afro-brasileira e indígenas nas técnicas de dança, música, artes cênicas e artes.
“Na medida em que há um claro processo de perseguição do cristianismo dentro das escolas e a tudo que evoca o nome do Deus cristão, e esse tipo de preposição é usado para a cristofobia e para fazer avançar as religiões de matrizes africanas, o meu voto vai ser contra o projeto”, disse o deputado distrital.
Veja:
Em resposta a Manzoni, o deputado Gabriel Magno (PT) disse que o PL não faz referência ao entendimento de Thiago.
O distrital do PT esclareceu que a Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, diz que nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira.
“Nós estamos falando, presidente, do que está na legislação brasileira, uma lei federal de 2003 que regulamenta o ensino da história e da cultura africana nas escolas públicas e privadas de todo o país. Então, não tem nada de estranho na manchete ou na notícia de que uma escola levou seus estudantes. É simplesmente cumprir aquilo que está previsto na legislação e no currículo nacional que as escolas deveriam seguir.”
O deputado Max Maciel, por sua vez, declarou que a fala de Manzoni é racista. “Temos universidade cristã, escolas cristãs. Quero saber se apresentarmos uma escola candomblecista ela vai poder funcionar se somos um estado laico, qual o problema de ensinar a cultural afro-brasileira nas escolas? […] Isso é racismo travestido de discurso interno.”
Por fim, para conseguir manter a ordem no plenário, o presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB), decidiu retirar o projeto de pauta.