Deputado evangélico critica investigação contra pastor por homofobia
Após pastor dos EUA dizer que gays têm “reserva no inferno”, Fábio Felix (Psol) pediu investigação e Iolando (MDB) criticou colega
atualizado
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A pregação de um pastor dos Estados Unidos em Brasília com falas contra a população LGBTQIA+ vem gerando embate entre deputados distritais do DF.
Após Fábio Felix (PSOL) ver discurso de ódio nas falas e pedir investigação do caso, Iolando (MDB), que é evangélico, criticou o colega: “Parece estar utilizando essa situação para promover uma agenda política”.
O discurso que provocou polêmica ocorreu durante evento da Assembleia de Deus, no pavilhão do Parque da Cidade, durante o Carnaval. David Eldridge falou para uma multidão que o acompanhava que homossexuais, transgêneros, bissexuais e drag queens têm “uma reserva no inferno”.
O pastor estadunidense falou por mais de 40 minutos. Entre leituras do Evangelho e palavras de fé, ele começou a julgar quem iria ou não para o inferno. Além do público LGBTQIA+, ele afirmou que prostitutas, pessoas que assistem “coisas sexuais” na TV, mulheres que usam saia curta e até homens que gostam de calça apertada estariam condenados.
Enquanto Fábio Felix avaliou o caso como crime de discurso de ódio e prometeu pedir investigações do Ministério Público e da Polícia Civil, o colega da Câmara Legislativa questionou ações em que pessoas da comunidade LGBTQIA+ satirizaram a fé cristã.
Iolando emitiu nota sobre o tema. “É inadmissível qualquer forma de discriminação ou preconceito. […] Portanto, não concordamos, em parte, com o sermão proferido pelo pastor em questão”, diz o texto. O distrital, porém, não concorda com uma apuração criminal contra David.
“O deputado Fábio Felix parece estar utilizando essa situação para promover uma agenda política específica, em vez de lutar por direitos igualitários para todos. É importante lembrar que ele nunca agiu de forma semelhante quando membros da comunidade LGBTQIA+ satirizaram Jesus Cristo ou a figura de Deus em eventos como a Parada Gay ou outras manifestações públicas.”
A nota ainda diz que “o comportamento do movimento LGBTQIA+ em satirizar a figura de Deus e Jesus Cristo também é uma manifestação homofóbica, assim como o discurso proferido pelo pastor em questão”. Iolando pede diálogo e “respeito mútuo na construção de uma sociedade mais inclusiva e tolerante”.
Procurada, a Assembleia de Deus não havia se pronunciado sobre o caso até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.