Deputado chama PMs de “recalcados” após benefícios concedidos à PCDF
Duas associações de policiais militares emitiram notas de repúdio às falas do deputado distrital Reginaldo Sardinha (Avante)
atualizado
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As declarações do deputado distrital Reginaldo Sardinha (Avante) durante a votação na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que garantiu benefícios à Polícia Civil (PCDF) nessa terça-feira (15/2) causaram reação entre associações de policiais militares.
Na sessão, o parlamentar disse se sentir orgulhoso “toda vez que a PM quer ser policial civil”. Em outro momento, reclamou dos militares “recalcados que ficam o tempo todo atacando” a instituição.
A segunda fala do parlamentar, que é agente de custódia da PCDF, ocorreu minutos antes do início da apreciação em 1º turno da criação do auxílio-uniforme e da suplementação do auxílio na alimentação. Sardinha reclamava de um discurso cortado dele estaria circulando pelas redes sociais e creditou a edição da gravação tirada de contexto aos “recalcados das instituições”.
O deputado afirmou que respeita tanto a Polícia Militar (PMDF) quanto o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF), mas fez questão de reclamar de uma parte dos membros das duas corporações. “Os recalcados que ficam o tempo todo atacando a Polícia Civil. O que eu falo para eles: quer ser policial civil? Vai fazer concurso. São instituições totalmente diferentes”, afirmou.
Aplaudido pelos policiais civis que estavam na galeria, ele continuou dizendo nunca ter reclamado da falta de auxílio-moradia ou da inexistência de uma escola da instituição. “Nunca fiquei jogando isso na cara, jogando a PM ou os Bombeiros para baixo, como eu passei 23 anos da minha vida vendo a PM e o Bombeiro querendo puxar [para baixo] a Polícia Civil. Quem é policial militar de verdade e bombeiro militar de verdade tem o meu respeito”, finalizou.
Três distritais ligados a causas de militares pediram retratação imediata de Sardinha. O deputado Hermeto (MDB) saiu em defesa de equidade entre as corporações. “Não é questão de querer ser igual à Polícia Civil. Nós temos uma função constitucional, que é de polícia ostensiva, preventiva, que faz o policiamento de rua. Queremos ter o mesmo tratamento, porque a Polícia Civil é tão importante quanto à Polícia Militar”, disse.
Guarda Jânio (Pros) classificou a colocação como “muito infeliz”, enquanto Roosevelt Vilela (PSB) disse que a “ordem está errada” sobre quem deveria realizar concurso para trocar de instituição.
Confira o discurso de Sardinha:
Duas associações de policiais militares reagiram à fala do deputado. A Associação dos Oficiais da PMDF (ASOF) emitiu nota de repúdio chamando as colocações de “aparte infeliz”. O documento diz ainda que a será feita “representação à Mesa Diretora da CLDF em desfavor do Dep. Sardinha, pela quebra do decoro parlamentar”.
A Caixa Beneficente (Cabe) da PMDF comentou que as palavras do distrital “expressam extremo despreparo do parlamentar ao tratar de agentes de segurança pública e total desconhecimento da qualificação dos homens e mulheres integrantes que honram pertencer a instituição”.
Segundo a nota, “a PMDF e seus integrantes não querem ser policiais civis, mas, sim, querem ser ouvidos, ser dignamente representados e, acima de tudo, respeitados”.