Depois de ameaças do ex, segurança é reforçada no enterro de Janaína
Suspeito de matar a funcionária terceirizada do Ministério dos Direitos Humanos, ligou para a família e exigiu a guarda das filhas do casal
atualizado
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A Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social reforçou o policiamento nas imediações do Cemitério do Gama, onde está sendo realizado o velório de Janaína Romão Lúcio, 30 anos. A polícia ainda procura Stefanno Jesus Souza de Amorim, 21, suspeito de matar a ex-mulher, 30, e fugir.
A família está preocupada, porque o homem teria ligado e ameaçado todos: “Quero as meninas. Apenas as meninas”, disse ao telefone nesta segunda-feira (16/7). Com medo, os parentes, que moram em Santa Maria, comunicaram o fato à Polícia Civil.
O crime ocorreu no sábado (14/7), no Condomínio Porto Rico, em Santa Maria. Janaína Romão Lúcio foi assassinada com cinco facadas nas costas e no peito na frente das filhas de 2 e 4 anos. Já a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh) informou ter entrado em contato com a família e colocado os serviços sociais à disposição.
Levantamento da SSP/DF mostra que quatorze mulheres foram vítimas de feminicídio no Distrito Federal nos seis primeiros meses do ano. No ano passado, neste mesmo período, foram dez. Geralmente, as vítimas possuem vínculo com os autores.
Confira vítimas de feminicídio:
Em depoimento, o tio do acusado Isaú Soares de Amorim disse que tentou evitar a tragédia, mas não conseguiu. Ele confirmou à polícia que o casal tinha se separado. No dia do crime, Stefanno estava com as crianças em um barraco onde morava provisoriamente, de propriedade do tio. Isaú chegou, no fim da tarde de sábado (14), no momento da discussão entre o sobrinho e Janaína.
“Provavelmente por ciúmes”, disse. Quanto viu a vítima esfaqueada, ele conta que entrou em luta corporal com o rapaz, na tentativa de pegar a arma. Em vão. Logo após ser ferida gravemente, Janaína saiu gritando por socorro e caiu na calçada, na frente do lote.
Stefanno fugiu sem camisa e descalço. A faca ficou no local do crime. As crianças foram levadas para a casa dos avós maternos. A funcionária terceirizada do Ministério dos Direitos Humanos chegou a ser levada para o Hospital Regional de Samambaia (HRSam), após ser esfaqueada, mas não resistiu.
Tragédia anunciada
No dia do crime, Janaína tinha ido buscar as crianças na casa do ex. O feminicídio era uma tragédia anunciada, assim como outros 15 crimes contra mulheres registrados nos primeiros meses de 2018 no Distrito Federal. Janaína já tinha denunciado Stefanno à Polícia Civil por violência doméstica contra ela.
O rapaz teria agredido a jovem em pelo menos outras duas ocasiões, segundo informações do delegado-chefe adjunto da 33ª DP (Santa Maria), Alberto Rodrigues, e divulgada pela Divisão de Comunicação da Polícia Civil.
Stefanno não havia sido preso pelas agressões anteriores, apesar das denúncias da vítima. Ainda de acordo com o delegado, o homem “pode ser considerado perigoso por conta de antecedentes criminais”. Stefanno está foragido desde o dia do crime.
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Paz Social do DF (SSP-DF), foram registrados 13 crimes contra mulheres de janeiro a maio de 2018, aumento de 23% em relação ao mesmo período de 2017.
Ciúmes e crimes violentos
Os casos de 2018 chocaram o DF. Um deles foi o de Jéssyka Laynara da Silva Souza, 25, em Ceilândia. Ela morreu em maio assassinada a tiros pelo ex-namorado, o então soldado da Polícia Militar Ronan Menezes. Ciúme teria motivado a ação do rapaz, que baleou também o personal trainer Pedro Henrique da Silva Torres, 29, por achar que ele tinha relacionamento amoroso com a mulher.
Em outra ocasião, a advogada Jusselia Martins de Godoy, 50, morreu cinco dias após ter sido alvejada por três tiros disparados pelo ex-marido, Evandro Alves de Faria, 56. O homem suicidou-se em seguida. O crime ocorreu no escritório da vítima, no bairro Jardim Roriz, em Planaltina. O motivo seria ciúme e briga patrimonial.
Em março, o ex-vigilante Elson Martins da Silva, 39, matou a própria mulher, Romilda Souza, 40, na Asa Sul. Na sequência, ele tirou a própria vida. Destino semelhante teve Mary Stella Maris Gomes Rodrigues dos Santos, 32. Ela foi assassinada pelo companheiro, o piloto do Metrô-DF Júlio César dos Santos, 38. Ele se matou após o crime.
No último 6 de junho, um dia após sair da prisão, Vinícius Rodrigues de Sousa, 24, matou a ex-companheira Tauane Morais dos Santos, 23, a facadas, em Samambaia. Em depoimento à 26ª DP (Samambaia), a mulher havia dito que o rapaz sempre foi agressivo e ciumento. Em todos os casos, as vítimas haviam denunciado à Polícia Civil ou relatado a familiares os incidentes violentos cometidos pelos companheiros.