Depois de abril mais letal, DF tem queda de 19,8% nas mortes por Covid
Levantamento da Codeplan compara os primeiros 16 dias de maio com o mesmo período do mês passado, quando DF registrou recorde de óbitos
atualizado
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Após abril se tornar o mês mais letal da pandemia no Distrito Federal, os números de maio indicam uma redução nos óbitos decorrentes da Covid-19. Segundo levantamento da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), os primeiros 16 dias de maio apresentaram queda de 19,8% (647 para 519) no número de mortes se comparado o mesmo período do mês passado.
Os casos registrados da doença também tiveram redução significativa, de 31,3%. São 13.799 novas notificações contra 20.088 na mesma comparação entre maio e abril.
Conforme explica o chefe da Comissão de Controle de Infecção do Hospital Santa Lúcia, Werciley Junior, esta diminuição é o ciclo natural da pandemia. “A gente chegou no pico da onda e agora chegou na fase de diminuição”, explica.
Para ele, a vacinação é um dos principais pontos que vem garantindo essa melhora nos números. “Isso, com certeza, é algo que ajuda. Ainda podemos considerar que uma parte da população passou a respeitar certos protocolos com a escalada de casos e também vimos a melhora de cuidados em geral, principalmente de menos pessoas usando o tratamento precoce”, afirma.
Agora, com mais leitos de UTIs disponíveis e um certo fôlego nas redes pública e privada, o médico espera que não seja feita uma desmobilização igual àquela que proporcionou filas de centenas de pacientes. “Agora, temos a possibilidade de fazer com que um contaminado consiga receber tratamento nos estágios menos avançados da doença. Sabemos o custo de um leito ocioso, mas também a demora para a construção de um hospital de campanha. O ideal é desmobilizar, mas ter a possibilidade de remontar tudo rapidamente”, avalia.
Ceilândia, a cidade com maior número de óbitos registrados, por exemplo, vem num ritmo descendente. Enquanto que a penúltima semana de abril teve 45 moradores da cidade mortos pela doença, as semanas seguintes tiveram 41, 26 até chegar a 10, na semana entre 10 e 16 de maio. Taguatinga e Samambaia experimentaram reduções semelhantes (veja quadros abaixo).
Em Águas Claras, foram 342 casos confirmados da doença na penúltima semana de abril. A semana seguinte contou com leve aumento para 358, mas o mês de maio teve quedas sucessivas: 312 e depois 290.
Até o dia 16/5, as regiões administrativas com maior concentração de casos foram Ceilândia (41.537), Plano Piloto (37.432) e Taguatinga (31.444) levando em conta o histórico desde o início da pandemia.
Mudança no perfil dos óbitos
O estudo da Codeplan ainda comprova o que os médicos vêm afirmando: a mudança da faixa etária de quem morre de Covid-19. Enquanto que os idosos acima de 80 anos representavam 30% do total de mortes em 2020, os meses de 2021 com vacinação reduziram o percentual a 9%.
As principais vítimas, agora, são pessoas entre 60 e 69 anos, atual grupo a ser vacinado. “São casos muito pontuais de pessoas vacinadas que aparecem. Realmente são aqueles que trabalham, entre 40 e 60 anos, que estamos vendo apresentar complicações”, diz Adele Vasconcelos, médica intensivista do Hospital Santa Marta.
A possibilidade de uma terceira onda, no entanto, não está descartada. Como é impossível prever novas mutações e a letalidade delas, não é garantia que, a partir de agora, a tendência é ver menos mortes. “A gente teve nessa segunda onda a cepa de Manaus, que vitimou muitas pessoas. Na Índia, já vemos uma outra onda também muito letal. São muitas variáveis que precisamos levar em consideração”, comenta a médica.
O próprio secretário de Saúde, Osnei Okumoto, alertou a população sobre a possibilidade de uma terceira onda de Covid-19 no Distrito Federal. De acordo com o titular da pasta, os técnicos da pasta devem monitorar as próximas semanas para acompanhar o eventual surgimento de novos casos.
O secretário avaliou que em função do avanço da vacinação, muitas pessoas estão deixando de lado os cuidados preventivos, como uso de máscaras e álcool em gel, além do distanciamento social, aumentando as aglomerações.
“Observei que cinco estados têm manifestado uma preocupação muito grande com a terceira onda, que é o Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Rio Grande do Sul, onde o aumento de casos foi muito grande. A gente tem observado que no Brasil, além da variante P.1 (Manaus), o Espírito Santo já detectou a variante inglesa e também tem outras novas. São casos de paciente que denotam um certo cuidado e uma atenção. Esses estados falam hoje que eles poderão ter até uma quarta onda nos lugares onde já houve a terceira”.